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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Chave aberta

O sorteio dos grupos para da Copa do Mundo feminina de Futebol, na Alemanha, não chegou a ser generoso com o Brasil, mas também não foi dantesco. Contra a Austrália, o jogo é um bom amistoso; contra a Noruega, um bom teste (talvez um jogo-chave, mas eu explico adiante por que); e contra Guiné Equatorial, talvez não chegue, sequer, a ser um bom treino.

De toda a sorte, o campeonato começa de verdade no mata-mata, na fase seguinte, quando o Brasil, se conseguir classificação, enfrentará um time do grupo C. Se passar em primeiro, a tendência é enfrentar Suécia, Colômbia ou Coreia do Norte. Se ficar em segundo, deve enfrentar os EUA.

Considerando que é muito provável que as norte-americanas e as brasileiras se classifiquem em primeiro, pode-se dizer que a tabela foi simpática às aspirações brasileiras. Explico.

Se Brasil, EUA e Alemanha, as três superpotências do futebol feminino atual, vencerem seus grupos, o Brasil só enfrentaria uma das duas equipes na final. Assim, para as pretensões brasileiras, é imprescindível vencer a Noruega (principalmente, a Noruega) no segundo jogo. Isso ocorrendo (e contando, é claro, com um passeio norte-americano no grupo C e uma lavada alemã no A), EUA, Noruega (ex-campeã olímpica, não esqueçamos) e Alemanha iam lutar por uma vaga na decisão, muito provavelmente contra o Brasil.

Restaria, talvez, a Suécia como grande rival brasileira numa quarta-de-final e Inglaterra ou Japão numa semifinal. Adversários, cá pra nós, menos difíceis do que os do outro lado da chave – e, por favor, ninguém lembre que a Suécia eliminou o Brasil nas quartas, em 2003, ou que a Noruega venceu o Brasil, na disputa do bronze olímpico, em 1996, porque disso eu já esqueci.

Confira os grupos do Mundial e a tabela.

domingo, 28 de novembro de 2010

A outro o que foi de César

Murilo foi eleito o melhor jogador da Liga Mundial e do Campeonato Mundial de Vôlei, além de ter levantado o título nas duas ocasiões – títulos que Giba conquistou quando recebeu o prêmio, em 2006. Leandro Guilheiro venceu a etapa de Paris do Grand Slam de Judô e foi vice-campeão mundial, em Tóquio.

Embora Murilo seja favorito destacado, não será absurdo que o prêmio fique com o judoca, que é o terceiro do ranking mundial da categoria até 81Kg – a mais forte do Judô Brasileiro.

A única possibilidade de o Prêmio Brasil Olímpico ser dado injustamente é, justamente, ao maior atleta brasileiro da atualidade – César Cielo Filho. Pode? Pode.

A indicação de Cielo parece mais fruto de sua história recente do que pelo ano em si. Depois de um ouro e um bronze olímpicos, dois títulos e dois recordes mundiais, o ano de Cielo, adaptando-se a competir sem as vestimentas tecnológicas, não foi dos melhores. Claro, não foi bom para seus padrões.

Além de não ter sido o nadador mais rápido do ano nem nos 50 nem nos 100m livre, ainda foi derrotado nessas duas provas (especialidades dele) na competição mais importante do ano, o Pan-Pacífico, nos EUA. Embora tenha, até, vencido uma prova por lá, os 50m Borboleta, há que se dizer, até, que o nadador mais destacado do Brasil este ano não foi ele, mas Thiago Pereira, o melhor atleta do circuito da Copa do Mundo de Piscina Curta – se alguém da natação tivesse de ser indicado, seria ele.

Tão justo quanto Cielo ter recebido o prêmio em 2009 é Murilo ou Guilheiro recebê-lo este ano. Vou deixar para decidir meu voto no último instante.

E o prêmio deve ir para...

Entre as mulheres que concorrem o Prêmio Brasil Olímpico, Juliana e Larissa conquistaram o Circuito Mundial de Vôlei de Praia pela quinta vez. Contudo, como não é novidade uma dupla brasileira levantar o título do circuito – só no feminino, esse foi o 16º título em 19 edições disputadas –, é muito difícil que a dupla receba o prêmio.

Ficam Ana Marcela Cunha e Fabiana Murer. Páreo duro.

Ana Marcela venceu a Copa do Mundo de Maratona Aquática, igualando o feito que fez com que Poliana Okimoto fosse considerada favorita ano passado. Já Fabiana Murer conquistou o título da Diamond League no salto com vara. Aí, alguém dirá que ela o fez sem a presença de Yelena Isinbayeva, a dona da prova. Prêmio para a nadadora baiana? Ainda não.

Se ambas conquistaram o circuito mundial de sua modalidade (pois a Copa do Mundo e a Diamond League são isso, circuitos mundiais), a exemplo, até, do que Juliana e Larissa fizeram, e ainda se pode dizer que a conquista de Fabiana foi ofuscada por uma ausência, o que dizer de um campeonato mundial?

Enquanto Ana Marcela ficou em 6º na prova dos 10 Km do Mundial de Maratona Aquática, no Canadá, e em 3º na prova dos 5 Km, Fabiana Murer venceu, em Doha, o Mundial indoor de Atletismo. E se não enfrentou Isinbayeva na Liga de Diamante foi porque a derrotou nessa competição – resultado que fez a russa desistir de competir pelo resto do ano.

Assim, mesmo levando em conta que Ana Marcela Cunha foi uma gigante nas etapas da Copa do Mundo e que Juliana e Larissa ratificaram a condição de melhor dupla brasileira do Vôlei de Praia, vai ser muito injusto se Fabiana Murer não receber a honraria. Tão injusto quanto foi não premiar Poliana Okimoto ano passado.

Olímpico e justo

Depois da injustiça do ano passado – Sarah Menezes sendo premiada em lugar de Poliana Okimoto –, não é possível garantir que algo parecido não ocorra no Prêmio Brasil Olímpico deste ano, conferido pelo COB. Com César Cielo, Leandro Guilheiro e Murilo concorrendo na categoria masculina, e Ana Marcela Cunha, Fabiana Murer, Juliana/Larissa na feminina, há espaço para uma premiação injusta? Há.

Uma postagem para a premiação feminina e outra, para a masculina.

sábado, 27 de novembro de 2010

Os elefantes

Os elefantes

A 37ª edição da Taça Brasil de Futsal começa a ser disputada na próxima segunda-feira, em Santa Catarina. Como normalmente acontece, o torneio dura uma semana, as equipes são divididas em duas chaves, de onde saem os quatro semifinalistas, etc.

Chama muito a atenção a chave B. Malwee/Cimed – time da casa –, Copagril/PR, Corinthians e Carlos Barbosa, os quatro primeiros colocados da edição deste ano da Liga Futsal, se enfrentam por duas vagas às finais. Aos quatro elefantes se junta o ABC/Macau, do Rio Grande do Norte, que tem tudo para ser a grama.

No outro grupo, V&M Minas, Moita Bonita/SE, Joinville, Tigre/Natto e Horizonte/CE fazem uma disputa menos estrelada do que a do grupo B, mas que também resultará em dois semifinalistas.

Veja a tabela:

Grupo A
Dia 29/11 – Tigre/Natto x Horizonte; V&M Minas x Moita Bonita
Dia 30/11 – Moita Bonita x Horizonte; V&M Minas x Joinville
Dia 1º/12 – Moita Bonita x Tigre/Natto; Horizonte x Joinville
Dia 02/12 – Horizonte x V&M Minas; Joinville x Tigre/Natto
Dia 03/12 – Joinville x Moita Bonita; Tigre x V&M Minas

Grupo B
Dia 29/11 – ABC/Macau x Copagril; Malwee/Cimed x Carlos Barbosa
Dia 30/11 – ABC/Macau x Corinthians; Malwee/Cimed x Copagril
Dia 1º/12 – Copagril x Carlos Barbosa; Malwee/Cimed x Corinthians
Dia 02/12 – Carlos Barbosa x ABC/Macau; Corinthians x Copagril
Dia 03/12 – Corinthians x Carlos Barbosa; Malwee/Cimed x ABC/Macau

Força e sorte

Pernambuco já teve tradição no futsal. Já teve Manoel Tobias como melhor jogador do mundo, no título mundial que o Brasil ganhou na Espanha, em 1996. Já teve o Náutico como campeão da Taça Brasil em 1976 e a Votorantim como vice-campeã da Taça, em 1990.

Então, o futsal do estado caiu no ostracismo, nos anos 90. A Votorantim fechou, os clubes grandes do Recife pararam de investir no esporte e os talentos que por acaso surgiram na quadra foram parar no gramado – Juninho Pernambucano, por exemplo.

Eis, no entanto, que Pernambuco não é só a capital. O interior reavivou o futsal adulto daqui e é quem, hoje, domina a modalidade no estado.

Anteontem, o Tigre/Natto, de Garanhuns, conquistou o bicampeonato estadual, batendo o Atlético, de Goiana. Justo e esperado: o Tigre, ano passado, decidiu a Taça Brasil contra o Carlos Barbosa e só perdeu o título na disputa de pênaltis.

A partir da próxima segunda-feira, o Tigre disputa, novamente, a segunda competição mais importante do futsal brasileiro. A missão de chegar à final novamente é muito difícil, já que terá a concorrência do Carlos Barbosa e do Corinthians, semifinalistas derrotados na Liga Futsal desse ano, e do Malwee/Cimed (a quem chamam de “Jaraguá”) e Copagril/PR, respectivamente, campeão e vice da Liga.

O título nacional sub-17 do Sport, em setembro, é outra prova de vitalidade do futsal do estado, que se soma ao vice-campeonato adulto do time de Garanhuns, em 2009. Se isso é sinal de que a modalidade volta a ter força em Pernambuco, o Tigre/Natto não enfrentar nenhum dos quatro favoritos, na primeira fase, parece ser sinal de sorte.

Com a força que volta e a sorte que chega, quem sabe o Tigre não tire Pernambuco da fila e traga o título para cá?

Regresso

Depois de uma semana de provas e entrega de trabalhos na faculdade, estou de volta ao blog. E eu estava com uma saudade danada de falar de esporte.

sábado, 20 de novembro de 2010

De volta ao Ninho

Pequim será sede do Mundial de Atletismo de 2015. Com o anúncio, uma das maravilhas arquitetônicas das últimas Olimpíadas, o Ninho de Pássaro, volta à cena do esporte.

É o retorno do Atletismo ao palco onde Bolt marcou seu nome na história do olimpismo, onde Maurren Maggi venceu Lebedeva por um centímetro e onde Isinbayeva elevou a marca do salto com vara.

Mas é também a volta à pista onde os dois revezamentos 4x100m dos EUA deixaram (misteriosamente) o bastão cair nas quartas-de-final, onde uma contusão de Liu Xiang frustrou a maior torcida do mundo e onde Fabiana Murer perdeu uma vara.

Murer saiu do estádio dizendo que não competiria ali nunca mais.

Mas disse isso com raiva, frustrada, sem medalha no peito, sem um título mundial indoor e sem a conquista da Diamond League.

Depois de sete anos, com as Olimpíadas de Londres no meio e às vésperas dos Jogos do Rio, não duvido que Murer quebre a promessa e volte ao Ninho.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Revanchismo meu

Em 2007, quando o Brasil perdeu a final da Copa do Mundo feminina de Futebol para a Alemanha, houve quem cobrasse da CBF alguma premiação às meninas pela conquista – nem que o prêmio fosse um campeonato nacional decente.

Com a arrogância de quem já está no cargo há mais tempo do que merece, Ricardo Teixeira ironizou as meninas, disse que elas não haviam conquistado nada, nem a vaga olímpica. De fato, em 2006, a Argentina venceu o campeonato sul-americano e obrigou o Brasil a disputar um jogo extra contra Gana para ver se iria a Pequim – venceu, foi aos Jogos e terminou com a prata.

Já que o presidente Ricardo Teixeira valoriza tanto a vaga olímpica, é bom que lhe digam que o time de Marta, Cristiane & cia. conquistou vaga para Londres uma rodada antes do fim do sul-americano, passando por cima da Argentina (4x0) e, essa noite, da Colômbia (5x0). É bom lhe perguntarem, também, se, com a vaga, tem premiação para nossas meninas.

Não porque precisem disso para defender o futebol nacional – fazem isso com um prazer que outras seleções brasileiras não têm e nem dão ao torcedor –, mas, sim, porque merecem.

Cinco estrelas, cinco medalhas

Jogos Olímpicos de Seul, 1988. Torben Grael e Nelson Falcão ficam com a medalha de bronze, graças ao descarte do pior resultado (teriam sido quarto colocados, não fosse isso) e apesar de maus resultados nas duas últimas regatas. Nos dois anos seguintes, o Brasil conquista o título mundial da categoria. Em 1989, com Alan Adler e Nelson Falcão, e em 1990, com Torben Grael e Marcelo Ferreira.

Atlanta, 1996. Torben Grael e Marcelo Ferreira conquistam o ouro com o terceiro lugar na última regata e uma folga de quatro pontos sobre a embarcação vice-campeã.

Sydney, 2000. Torben Grael e Marcelo Ferreira chegam à última regata na liderança, mas o azar que se abateu sobre a delegação brasileira naquelas olimpíadas os atinge também: um erro na largada tira a chance da medalha de ouro para os brasileiros, mas, pelo menos, não os tira do pódio. Ficam com o bronze.

Atenas, 2004. Depois do fiasco em Barcelona (11º lugar), do título em Atlanta e do quase em Sydney, Torben Grael e Marcelo Ferreira conquistam o bicampeonato olímpico de maneira incontestável, com uma regata de antecedência. Tanto, que nem competiram na última – que serviu, apenas, para definir prata e bronze.

Pequim, 2008. Com o anúncio de que Torben Grael não iria disputar os Jogos, dando preferência à Volvo Ocean Race (regata ao redor do mundo), coube a Robert Scheidt e Bruno Prada representar o Brasil. Depois de uma campanha muito irregular, a dupla cresceu nas regatas finais e, na medal race – regata especial, valendo o dobro de pontos – um terceiro lugar rendeu prata à dupla. Um ano antes, eles haviam vencido o Mundial e terminado um hiato de 17 anos sem títulos mundiais para o Brasil.

Londres, 2012. Esta deve ser a última chance para quem quiser escrever (ou ratificar) o nome no livro de história da modalidade.

Porque no Rio de Janeiro, 2016, a Classe Star não fará parte do programa olímpico. A modalidade que, junto com o Salto Triplo masculino, Vôlei de Praia masculino e o Vôlei de Praia feminino, mais deu medalhas ao Brasil, não fará parte das olimpíadas brasileiras.

As estrelas olímpicas do Brasil, na Classe Star:

Torben Grael – 2 ouros, 2 bronzes
Marcelo Ferreira – 2 ouros, 1 bronze
Bruno Prada – 1 prata
Robert Scheidt – 1 prata
Nelson Falcão – 1 bronze

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

De Mano e das Meninas

O texto abaixo está no site da CBF (na íntegra, aqui), sobre o Sul-americano feminino de Futebol, no Equador:

“Apesar da derrota no último minuto da Seleção Masculina, a Seleção Brasileira Feminina estreou com vitória na fase final do Sul-Americano, no Equador, nesta quarta-feira. A seleção derrotou a Argentina por 4 a 0, com gols de Grazielle, Rosana, Marta e Cristiane.”

Alguém supunha que o time de Marta e Cristiane fosse entrar em campo abatido pela derrota do time masculino? Ou que as meninas quisessem vingança pela derrota dos jogadores de Mano? Ou, ainda: é como se a CBF quisesse dizer que a goleada que as brasileiras aplicaram sobre as argentinas, no Equador, só serviu para redimir a derrota dos brasileiros para os argentinos, no Catar.

Se fosse o contrário, duvido que alguém da entidade disse que o time masculino, apesar da derrota do feminino, foi lá e venceu.

O Sul-americano dá duas vagas para a Copa do Mundo da Alemanha, ano que vem, e uma para as Olimpíadas de Londres/2012. Isso, por si só, já basta.

O futebol feminino do Brasil não recebe quase nada da CBF – ou é para se conformar com a Copa do Brasil que as meninas têm?

Mas, sem nada em troca, a CBF não tem o menor pudor para usar o sucesso das meninas em proveito próprio, seja para esconder os erros da entidade, dizendo que o Brasil é uma das três potências do futebol feminino mundial, seja para esconder as derrotas, como foi o caso desse jogo contra a Argentina, que a CBF fez parecer que era revanche do time de Mano.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

É a matemática

Campeonato Brasileiro de Futebol, classificação da Série B: 4º) América/MG, 59 pontos e 18 vitórias; 5º) Portuguesa, 56 pontos e 17 vitórias; 6º) Sport, 56 pontos, 15 vitórias. A CBF e o destino quiseram que o Sport enfrentasse os dois rivais diretos à última vaga para a primeira divisão, justamente nas duas últimas rodadas. Primeiro, enfrenta o América, em Minas, e, depois, a Lusa, no Recife. Se vencer os dois jogos e o América não passar pela Ponte Preta (última rodada, em Campinas… não vai ser fácil, né?) o Leão volta à elite do futebol nacional. Assim, a partida de sábado, contra o Coelho, é decisiva, etc. e tal.

A matemática até dá uma força, tem jogado descaradamente a favor do Sport. E é só pela matemática que o clube ainda nutre alguma expectativa nesse fim de novembro. Só por ela.

Porque, pelo futebol, não dá mais.

Pelo meio-de-campo cansado e confuso, com Marcelinho Paraíba limitado à bola parada e Elton jogando bem só às vezes, não dá mais. Pela defesa, desmontada, desfalcada, com saudade de Durval e dos bons tempos de Igor, não dá mais. Por Dutra, que só faz correr, mas não acerta um drible, um cruzamento ou um desarme, não dá mais. Pela dupla de ataque, com os gols ocasionais de Ciro e a volta de Wilson em marcha muito lenta, não dá mais.

Há três razões para que o Sport não esteja ali, junto com o Náutico, brigando palmo a palmo por um pedaço de chão na Série B de 2011.

A primeira é Magrão, que dispensa adjetivos, comentários ou frases de efeito.

A segunda é o técnico Geninho, que, apesar de ter sido conservador quando o time precisou de ousadia, deu ânimo ao Sport e fez a torcida acreditar que dava para subir.

A terceira razão é a matemática. Se não fosse por ela – pois, pelo futebol, não dá –, o ano para o Sport já teria terminado, os medalhões do time estariam de férias e todo mundo, na Ilha do Retiro, já estaria pensando em outro infeliz ano novo na segunda divisão.

Bendita seja a matemática! Porque, se fosse só pelo futebol…

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Caminho errado

O êxito no ano de estreia da Maratona Internacional Mauricio de Nassau só não foi completo por conta de uma falha grave da organização. Os quatro primeiros colocados da prova masculina dos 10 Km erraram o caminho e cruzaram a linha de chegada em sentido inverso. Apesar do erro, os atletas não foram desclassificados e o resultado deles foi homologado pelos organizadores. “Os atletas não tiveram culpa. Foi um descuido que tivemos no percurso. O resultado não seria alterado nesse tempo que ganharam”, alegou o presidente da Federação Pernambucana de Atletismo, Warlindo Carneiro.

Gilmar de Oliveira Silva, vencedor da prova, criticou a organização e se defendeu. “O batedor vinha à frente, e eu o acompanhei. Não tive culpa de nada. Foi o batedor que errou o percurso”, completou. Rildo Pereira, quarto colocado, se queixo que, além de enfrentar o calor, “a gente ainda teve que perguntar (ao público) qual era o caminho (para a chegada). Isso atrapalhou”, afirmou o atleta.

A confusão ocorreu perto do fim da prova. “Faltando um quilômetro, um orientador (aluno voluntário da Faculdade Mauricio de Nassau) indicou o caminho certo. Os quatro, que iam mais à frente, erraram. O erro fez com que eles corressem menos (que a distância prevista)”, disse Welson Figueiredo, que terminou na sexta posição.

“Eu fiz o percurso certo, que foi determinado pela organização, fui o segundo colocado, mas fui excluído da premiação”, lamentou. Se os líderes fossem desclassificados, Welson teria conquistado o prêmio de mil reais, referente ao segundo posto da prova. No entanto, como só os cinco primeiros subiam ao pódio, ele recebeu, apenas, uma medalha de participação.

Embora tenha sido atrapalhado no fim da prova e corrido o risco de ser desclassificado, Rildo Pereira fez questão de dizer quer competir na prova, no ano que vem. “Pretendo (disputar a corrida em agosto de 2011), porque eu sou brasileiro, corredor e teimoso”, brincou.

Com vitória do campeão

O batismo da Maratona Internacional do Recife, disputada na manhã da segunda-feira, teve participação de cerca de mil atletas e vitória de Franck Caldeira e Marily dos Santos. Além da prova principal, a Maratona Mauricio de Nassau, faculdade que promoveu o evento, reuniu competidores em provas de meia-maratona e de 10 mil metros.

Apesar do circuito plano, o tempo dos vencedores da maratona não foi dos melhores – 2h21min36s na masculina e 2h43min49s na feminina. “Não foi uma prova para fazer marca, foi uma prova para ganhar. A questão de o tempo ter sido fraco foi em função do calor. Aqui é um local muito complicado para fazer marca.”, resumiu Franck.

O desgaste pela temperatura foi bem menor na meia-maratona. O vencedor Alan Bizerra de Oliveira, sergipano de 24 anos, não viu grande empecilho no calor recifense. “Estou feliz por ter feito um excelente resultado e ter baixado em dois minutos meu melhor tempo. O percurso é muito bom, muito gostoso de correr. Só atrapalhou um pouco o sol, mas isso não é dificuldade”, disse o atleta, que treina em Garanhuns junto com Marcos Antônio Pereira, vencedor da Maratona do Rio de Janeiro de 2009.

A segunda edição da prova, no ano que vem, está marcada para o mês de agosto e prevê uma premiação de R$ 200 mil reais, contra R$ 150 mil deste ano.

Foto: João Batista Jr.

Maratona Internacional do Recife 2010 – Maratona Mauricio de Nassau

Classificação
Maratona masc.
1) Franck Caldeira – 2h21min36s
2) Valdir Sérgio de Oliveira – 2h22min42s
3) Jair José da Silva – 2h23min33s

Maratona fem.
1) Marily dos Santos – 2h43min49s
2) Jacqueline Jerotich Chebor (Quênia) – 2h49min52
3) Marluce Queiroz Ferreira Borges – 2h50min52

Meia-maratona masc.
1) Alan Bizerra de Oliveira – 1h07min27s
2) Enio Kleiton de Lima – 1h07min46s
3) José Everaldo da Silva Santos – 1h08min32s

Meia-maratona fem.
1) Mirian Farias Silva – 1h24min32s
2) Maria dos Remédios Castro – 1h26min32s
3) Maria de Fátima Pereira Andrade – 1h29min49s

10 Km masc.
1) Gilmar de Oliveira Silva – 31min43s
2) José Nilson de Jesus – 31min46s
3) Justino Pedro da Silva – 32min09s

10 Km fem.
1) Sandra Maria Alexandre da Silva – 41min53s
2) Midian da Silva Costa – 46min22s
3) Andreia Pinheiro Almeida – 47min59s

domingo, 14 de novembro de 2010

Marco histórico

A Maratona Mauricio de Nassau promete fazer história, nas ruas do Recife. Com largada prevista para as sete da manhã, no Marco Zero, a prova é a primeira internacional desse porte, em Pernambuco. Além da maratona, outras duas provas vão se desenvolver simultaneamente, a meia-maratona (percurso de 21 Km) e a prova de 10 Km.

A presença estrangeira fica por conta dos quenianos Jacob Kipleting Kendagor e Nicholas Kibor Sabulei e da queniana Jacqueline Jerotich Chebor. Os maiores destaques nacionais são os pernambucanos Ubiratan dos Santos, fundista, que faz sua estreia em maratonas, e Marcos Antônio Pereira, além de Franck Caldeira. Marcos Antônio venceu a Maratona do Rio de Janeiro (2009) e de Punta del Leste (2010), enquanto Caldeira foi campeão pan-americano (2007) e representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim, há dois anos.

(Tomara que as próximas edições da prova não se limitem, como se costuma fazer Brasil afora, a convidar atletas quenianos, o que dá um caráter de “match race” entre Brasil e Quênia.)

A prova possui dois bons atrativos. Primeiro, distribuirá R$ 150 mil em premiação; segundo, o circuito plano, semelhante ao da Maratona de Berlim, favorece os corredores que pensam em atingir boas marcas.

O êxito da Maratona do Recife será um grande impulso para o Atletismo do estado, que até revela bons atletas – como Keila Costa, no salto em distância e salto triplo, e Wagner Domingos, no arremesso do martelo – mas os vê seguirem para outros centros, quando pensam em profissionalização.

A prata e a bruxa

Nem o choro do inconformismo, nem a ira dos maus perdedores. A caça às bruxas não combina com este século, nem com a final do Mundial feminino de Vôlei.

É possível lamentar a ausência de Mari e Paula e dizer que as duas poderiam ter feito a diferença nessa final, mas não vou dizer isso: seria desmerecer as meninas que, sem elas, chegaram à final do campeonato.

Também é possível apontar a inépcia das atacantes, o passe ruim e o bloqueio que quase não achou as russas, mas também não vou fazer isso: a Rússia também teve os mesmos problemas, mas tinha uma jogadora que os resolvia.

Prefiro dizer que, com dois desfalques de muito peso – a dupla titular de ponteiras do título olímpico –, a Seleção Brasileira superou uma chave difícil nas duas primeiras fases e uma semifinal épica. Não há qualquer demérito na medalha de prata.

Prefiro dizer que, numa partida fraca de vôlei (as parciais dos cinco sets mostram que não houve equilíbrio), Gamova foi maior do que seus dois metros e dois, e ganhou o ouro quase sozinha. Com 30 anos de idade, ela ataca de qualquer ponto da quadra e do globo terrestre e pontua como se não houvesse outro motivo para ser tão grande.

Eu cheguei a pensar que ela não fosse mais a melhor jogadora do mundo. Mas, agora, eu prefiro dizer que Gamova está acima das outras e, hoje, para nosso azar, foi bruxa.

É Brasil e Rússia

O título do jogo, por si só, torna excessivo qualquer comentário. Estarão em quadra, daqui a pouco, dois times invictos decidindo o título mundial do Vôlei feminino. Também decidiram o título em 2006 – e deu Rússia. Mas essa não é a segunda vez em que o choque entre brasileiras e russas decide alguma coisa.

Em Mundiais, além da decisão passada, as duas equipes, embora noutras fases, também se enfrentaram em jogos decisivos. Em 1986, o Brasil venceu a URSS por 3 sets a 0, na decisão do quinto lugar (mas isso é uma decisão, não é?). No campeonato seguinte, em 1990, o troco soviético: vitória por 3-1 nas quartas-de-final, com direito a um humilhante 15/0 no segundo set. Já nas semifinais de 1994, no Brasil, as donas da casa venceram a Rússia (Rússia, mesmo, sem as repúblicas soviéticas) por 3-2 e foi para a final. Novamente, a vingança russa veio no Mundial seguinte, em 1998, com uma vitória de virada por 3-1, na disputa do terceiro lugar.

No Grand Prix do ano passado, Brasil e Rússia se mediram na primeira rodada da fase final. A vitória brasileira significou o título, pois nenhuma das duas equipes perdeu de mais ninguém, até o final da competição. Antes, a Rússia vencera o Brasil na final de 1999, e o Brasil, na de 1998 e 2006. Em 1996, o duelo aconteceu na última rodada e o título seria russo, se tivesse vencido o Brasil por 3-0 ou 3-1, mas perdeu por 3-2 e o Brasil levou esse título também – à Rússia, o bronze.

Em Jogos Olímpicos, nunca houve uma final entre os dois times. Houve, contudo, duas semifinais – em 1992, quando a Rússia integrava a CEI (Comunidade dos Estados Independentes), e no famigerado jogo de 2004 – com vitória das europeias, e uma decisão de medalha de bronze, em 1996, com triunfo brasileiro.

Nesse placar quase arbitrário de jogos decisivos (pois incluo, por exemplo, um jogo que valia um quinto lugar num campeonato mundial), a URSS/CEI/Rússia tem 6 vitórias contra 7 do Brasil. É claro que, nesse caso, os números mentem: com duas vitórias em semifinais olímpicas e uma em mundiais, a vantagem no confronto em decisões é russa. O que o placar mostra, isso, sim, é o equilíbrio histórico entre as duas seleções.

Contudo, a história não entra em quadra, não influencia o saque de Thaisa, o ataque de Gamova, o bloqueio de Fabiana. Os números do confronto servem mais para diversão e análise do que previsão. Por isso, quem leva o título? Impossível dizer: é Brasil e Rússia!

sábado, 13 de novembro de 2010

Viva a dança!

Tóquio, 26 de junho de 2005. O Brasil perdia por 2 sets a 0 para o Japão, com um duplo 25/17, em jogo válido pela primeira fase do Grand Prix. Como de praxe, o intervalo para o terceiro set teve a apresentação de um grupo de dança e durou dez minutos. Na volta, o Brasil venceu por 3 a 2 (25/17, 25/21, 20/18).

Tóquio, 13 de novembro de 2010. O Brasil perdia por 2 sets a 0 para o Japão, com parciais de 25/22 e 35/33, em jogo válido pelas semifinais do Campeonato Mundial. Como de praxe, o intervalo para o terceiro set teve a apresentação de um grupo de dança e durou dez minutos. Na volta, o Brasil venceu por 3 a 2 (25/22, 25/22, 15/11).

A propósito: o Brasil foi campeão daquele Grand Prix.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Números que mandam

Das 56 jogadoras que ainda pensam em título, a maior pontuadora é a atacante japonesa Saori. Com 187 pontos, ela só fez menos pontos do que a turca Neslihan, que tem 208. É bom o passe brasileiro ficar atento a Saori: ela tem 18 pontos de saque e lidera as estatísticas desse fundamento.

Outra japonesa aparece bem posicionada, também, nas estatísticas de bloqueio. A meio-de-rede Inoue é a segunda melhor da competição, muito próxima da líder Plchtova, da Rep. Tcheca – que não joga mais. Ainda de acordo com os números da Federação Internacional de Vôlei – FIVB – esse é o fundamento em que as brasileiras mais se destacam. De todos os semifinalista, a única seleção que tem duas jogadoras entre as dez melhores bloqueadoras é a brasileira – Fabiana em terceiro e Thaisa em quarto.

O que assusta, mesmo, é a estatística do ataque russo. Três das quatro melhores jogadoras nesse fundamento são da Rússia. Kosheleva lidera, com Gamova em terceiro e Sokolova em quarto lugar. As três pontuaram em mais 50% das vezes que atacaram. A brasileira que mais se aproxima delas é Sheilla, quinta colocada, com 48,6%. Natália, outro destaque ofensivo do Brasil, tem 45% de eficiência, aparecendo em 12º lugar.

Quem está muito bem em muitos critérios estatísticos é o time dos EUA. Sykora aparece como melhor líbero, Logan Tom é a melhor passadora (apesar do jogo horrendo que fez contra o Brasil) e Glass lidera no levantamento, não obstante o baile que tomou de Lo Bianco na derrota para a Itália.

Curiosamente, Startseva, levantadora da Rússia, o time das melhores atacantes da competição, aparece numa modesta décima posição em seu fundamento, um posto acima de Fabíola. Outra levantadora que, nas estatísticas da FIVB, não tem se destacado é Takeshita. Apontada como melhor levantadora e eleita melhor jogadora do mundial passado, o percentual de aproveitamento de suas levantadas a coloca na oitava posição.

Pelas estatísticas, dá para prever um duelo entre o ataque russo e a defesa norte-americana, numa semifinal, e entre Saori e o block brasileiro, na outra. A matemática promete bons duelos para essa madrugada.

Cardápio

O Mundial feminino de Vôlei entra na última reta e já pode enxergar a bandeira quadriculada. Os quatro times que restam na disputa do título representam três dos quatro continentes presentes à competição – a Oceania não teve representante e a África, representada por Quênia e Argélia, não tinha grandes pretensões, mesmo.

Dentre os quatro semifinalistas estão os dois times que decidiram o Mundial de 2006 – Rússia e Brasil – e os dois que fizeram a final das Olimpíadas de 2008 – Brasil e EUA. O intruso, Japão, é o time da casa e foi beneficiado, surpreendentemente, pela campanha desastrosa da China – a quem só resta, agora, disputar o nono lugar, com Cuba, Polônia e Holanda.

Só Brasil e Rússia estão invictos. Se chegarem à final, no domingo, será a primeira vez, desde o Mundial de 1994, no Brasil, que o título será disputado por duas seleções que não conheceram derrota em toda a competição.

Aliás, se a decisão for Brasil e Rússia, será a primeira vez que dois mundiais consecutivos têm a mesma final. Vale dizer que Japão e União Soviética, teoricamente, fizeram isso em 1960/1962, e em 1970/1974, mas, nessas ocasiões, não havia um jogo final, e sim, uma fase decisiva, com o título sendo decidido nos pontos corridos entre as seis ou oito melhores equipes da primeira fase – essa, sim, disputada em grupos.

Japão

Se, pelo título, parece que vai ser outro texto sobre o Mundial feminino de Vôlei, não é. As aparências, dessa vez, enganaram.

A Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) promoveu, ontem, o sorteio para os grupos da Copa América do ano que vem, que vai ser disputada na Argentina. Se, aparentemente, é preciso ser sul-americano (americano, vá lá, já que sempre vem alguém da Concacaf para inchar o torneio) para disputar a competição, as aparências enganaram novamente.

As aparências que não enganam:

1) Apesar da globalização, da velocidade da internet e da aviação comercial, o Japão continua na Ásia;

2) A Conmebol, que não tem o mínimo respeito pelas competições que organiza, continua a não respeitar, por exemplo, a geografia dos afiliados – desde 1993, sempre algum americano central ou do norte sempre aparece no torneio dessas bandas, assim como, desde 1998, os clubes mexicanos disputam a Taça Libertadores;

3) O torneio, assim como todas as Copas América desde 1991, não serve mais para medir a qualidade do futebol sul-americano. É de se apostar que vai ser outra copa repleta de seleções desfalcadas – exceto a Argentina, que, dessa vez, tem a obrigação dobrada de vencer, pois joga em casa.

Esqueça, no entanto, tudo de mau que ouvir a respeito das edições passadas da Copa América. Fraca? Desorganizada? Inchada? Descabida? Que nada! O Japão vai disputar a Copa América, o que significa um salto de qualidade no futebol de cá do mundo.

Copa América 2011 – 1º a 24 de julho

Grupo A
Argentina
Colômbia
Japão
Bolívia

Grupo B
Brasil
Paraguai
Equador
Venezuela

Grupo C
Uruguai
Chile
México
Peru

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Para manter a freguesia

Brasil e Japão se enfrentam por uma vaga à decisão do Mundial feminino de Vôlei. O jogo reedita a partida válida pelas quartas-de-final das Olimpíadas de Pequim. Na ocasião, deu Brasil 3 a 0.

A partida de sábado será a mais importante da história do confronto entre brasileiras e japonesas em mundiais. No retrospecto, o Brasil leva vantagem, com quatro vitórias a três. Curiosamente, as vitórias brasileiras foram nos últimos quatro jogos em mundiais entre os dois times. Qual seja, desde 1982, o Japão não sabe o que é vencer o Brasil numa partida válida pelo campeonato mundial.

Brasil x Japão
Brasil – 4v, 13 sets pró
Japão – 3v, 10 sets pró
Nunca se enfrentaram em tie break

Brasil/1960 (Fase final) – Japão 3x1 Brasil
União Soviética/1962 (Fase final) – Japão 3x0 Brasil
Peru/1982 (2ª Fase) – Japão 3x1 Brasil
Tchecoslováquia/1986 (Torneio do 5º ao 8º lugar) Brasil 3x1 Japão
China/1990 (Decisão do 7º lugar) – Brasil 3x0 Japão
Brasil/1994 (Quartas de final) – Brasil 3x0 Japão
Japão/1998 (2ª fase) – Brasil 3x0 Japão

Um jogo em déficit

Seja como União Soviética, seja como Rússia, o selecionado russo já enfrentou o norte-americano por sete vezes em campeonatos mundiais, incluindo dois jogos mata-mata. No primeiro, em 1994, no Brasil, a Rússia venceu os EUA por 3 sets a 1 e avançou às semifinais – em que foi derrotada pelo Brasil. No segundo mata-mata, pelas semifinais do Mundial de 2002, na Alemanha, os EUA precisaram de um tie break para eliminar as europeias. Embora o retrospecto entre os dois times seja o mesmo de Brasil e Japão (4 a 3), a semifinal entre Rússia e EUA promete ser mais equilibrada, até mesmo, pela história recente: de 1994 para cá, em mundiais, cada um venceu dois jogos.

A história do confronto entre os dois times registra, contudo, um encontro marcado que não aconteceu.

URSS e EUA se enfrentariam pela primeira fase do Mundial do Japão, em 1967. No entanto, a partida não ocorreu porque os países comunistas desistiram de participar da competição.

O motivo do boicote foi o Japão não reconhecer a Coreia do Norte e a Alemanha Oriental – inscritas para o mundial – como nações, e, assim, se recusar a executar o hino nacional desses países ou hastear a bandeiras deles. Além disso, não mencionava o nome oficial dos dois países – República Democrática Popular da Coreia (DPKR) e República Democrática da Alemanha (DDR – Deutshe Demokratishe Republik) – preferindo denominá-los “Coreia do Norte” e “Alemanha Oriental”.


Rússia/URSS x EUA
Rússia/URSS – 4v, 16 sets pró
EUA – 3v, 10 sets pró

França/1956 (1ª Fase) – URSS 3x0 EUA
Brasil/1960 (Fase final) – URSS 3x0 EUA
Japão/1967 (1ª Fase – EUA x URSS*
Peru/1982 (2ª Fase) – EUA 3x0 URSS
Brasil/1994 (Quartas-de-final) – Rússia 3x1 EUA
Alemanha/2002 (2ª fase) – EUA 3x2 Rússia
Alemanha/2002 (Semifinal) – EUA 3x2 Rússia
Japão/2006 (2ª fase) – Rússia 3x0 EUA

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Arrependimento

Disse, outro dia, que era constrangedor ver o time de Cuba jogando. Expliquei, fingindo entender de vôlei, que as cubanas não sabiam passar e só tinham uma boa jogadora no ataque, Carcaces. Arrematei que a jovem seleção que foi ao mundial não era digna da tradição cubana dos anos 90.

Faço questão de ser o primeiro a execrar minhas próprias palavras, de me dizer arrependido e de pedir, com a cabeça abaixada, perdão às caribenhas por tê-las ofendido – mas vou entender se isso não for perdoado de maneira alguma.

Quando o Brasil venceu os EUA, mais cedo, supus que a segunda vaga do grupo F para as semifinais era italiana. Bastava-lhe vencer Cuba em três sets, sofrendo, no máximo, 55 pontos. Em suma, foi mais fácil explicar que bastaria um triplo 25/18 sobre Cuba para que as italianas conseguissem a vaga.

Qualquer um de bom senso diria que a missão das bambinas era complicada, pelo fato simples de enfrentar cubanas. Mas eu não tive bom senso. Juntei a campanha ruim de Cuba ao fato de ser um jogo do qual os EUA dependiam. O resultado tosco da soma de jogadoras fracas com política foi igual à Itália classificada. Até poderia ter sido, se, por exemplo, a parcial do primeiro set, 25/16, tivesse se repetido nos demais (vê-la me deu a sensação de ter estado com a razão o tempo todo). Fui um tolo. Um tolo arrependido, agora.

Não considerei que Cuba jogaria com algo, por exemplo, que faltou à Seleção Brasileira masculina naquela partida contra a Bulgária. Para minha surpresa, Cuba jogou com uma Dignidade comovente. Cuba defendeu a tradição passada com uma força que o mundial deste ano não tinha conhecido ainda. E quando parecia que a Itália perdia sets de propósito para poder vencer, mais tarde, por um bom saldo, era a eliminação que se aproximava: Cuba venceu um tie break emocionante e, de uma vez só, eliminou a Itália, colocou os EUA no caminho da Rússia e me deixou constrangido – constrangido por tudo o que eu disse.

Passou no teste

O primeiro teste da Seleção Brasileira foi contra a Rep. Tcheca. Foi um teste de nervos – porque vencer as tchecas só no tie break deixa qualquer um nervoso.

O segundo teste poderia ter sido contra a Holanda. Mas as holandesas só foram ao mundial para jogar às vezes, e uma dessas não foi contra o Brasil. Poderia ter sido contra a Itália, se as italianas tivessem, ao menos, visto o que passou por cima delas. Talvez tivesse sido contra Cuba, que, até, saiu na frente, vencendo um set. Mas, contra esse time de Cuba, jogo nenhum é teste de fato – a não ser, teste para cardíacos, mas esse teste aí é para torcida cubana. E esse teste, definitivamente, não foi contra a Alemanha, que mostrou ser time de uma Kozuch só.

Teste que valeu, mesmo, o verdadeiro teste de vôlei foi contra os EUA. Foi a primeira vez que o Brasil enfrentou um time forte que ofereceu resistência. Foi a primeira vez que um time adversário conseguiu anular Natália e Sheilla, de uma vez só. E foi a primeira vez que o meio-de-rede não serviu como desafogo – porque o passe não esteve bom e o levantamento de Fabiola, hoje, também não foi dos mais primorosos.

No teste de hoje, Hooker saltou como nunca, foi a maior pontuadora do jogo, embora tenha falhado mais do que acertado. Porque, no teste de hoje, bloqueio e defesa do Brasil se posicionaram bem. Fabí, mal de novo no passe, se destacou na defesa, propiciando o que chamam de “volume de jogo”. Aliás, o time inteiro tem defendido muito – até Thaisa, quando está na passagem de saque, consegue frustrar muita atacante com boas defesas.

Quem fez o Brasil passar no teste de hoje foi Jaqueline. Com Natália e Sheilla fora de jogo, a pernambucana se recuperou de um início frustrante – quando levou três blocks em sequência – e se tornou a melhor atacante brasileira da partida.

Que o resultado replicado da final olímpica de Pequim – Brasil 3x1 EUA – seja um bom prenúncio. E que a Seleção passe, com louvor, no próximo teste: o de enfrentar um ginásio lotado, na semifinal contra o Japão. Se passar nesse teste, o prêmio é outro teste – mas, aí, já é outra história.

Reprovadas em matemática

Parecia tudo tranquilo para as norte-americanas. A partida contra o Brasil só decidiria quem ia enfrentar a Rússia ou o Japão, nas semifinais.

Mas eis que a matemática pregou uma peça.

O ponto average dos EUA caiu para 1,090. O da Itália, nesse instante, é de 1,062. Se a Itália vencer Cuba em três sets, sofrendo apenas 54 pontos, está classificada em segundo lugar. Isso equivale a um triplo 25 a 18.

Impossível?

Eu diria que é bem provável.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Donas da casa e, por enquanto, da festa

Dessa vez, o Japão preparou a festa e chegou, pelo menos, ao baile. Recebendo o Mundial feminino de Vôlei pela terceira vez em 12 anos (desde 1998, só o de 2002 não foi lá), as nipônicas, enfim, estão entre as quatro melhores seleções do mundo. É verdade que as anfitriãs não pegaram um grupo difícil, mas é verdade que não têm culpa, por exemplo, se as chinesas (que até as derrotaram) foram para o torneio com tão pouco voleibol na bagagem.

Agora que está nas semifinais e deve enfrentar o Brasil (contra quem fez uma série de amistosos antes do Mundial e a quem venceu na fase final do Grand Prix desse ano), o Japão, no mínimo, já igualou a última boa campanha que teve em mundiais, quando terminou em quarto lugar no Peru, em 1982.

Se existe alguma chance de chegar à final? O amistoso de luxo contra a Rússia, nesta quarta-feira, será um bom indicativo.

Boa engrenagem

Esquecendo o aforismo do “contra tudo e contra todos”, é preciso reconhecer que a Seleção Brasileira feminina de Vôlei se superou e, por que não?, surpreendeu.

Mesmo sem seis campeãs olímpicas, mesmo sem quatro das titulares de Pequim (Mari e Paula por contusão, Fofão e Walewska por aposentadoria), e, até, sem confiar nas duas levantadoras, antes da competição (a superação), o Brasil conquistou a vaga para as semifinais com uma rodada de antecedência (a surpresa). E com um detalhe que aumenta sobejamente o mérito tupiniquim: as brasileiras estavam no grupo mais difícil.

Recordemos as vésperas do início do mundial. Enquanto a Rússia e China tinham caminho aparentemente livre, do outro lado da chave o Brasil ia disputar palmo a palmo com EUA, Itália e Cuba duas vagas às semifinais. De quebra, ainda havia expectativa de jogos complicados contra Holanda e Alemanha. Era um nó que, com tantos problemas de corte na seleção, parecia indesatável.

Porém, (“Ah, porém”, como na música de Paulinho da Viola), depois de um começo vacilante, o Brasil encontrou em Fabíola uma titular indiscutível, viu Natália e Sheilla se destacarem no ataque, e as duas meios-de-rede pontuarem bastante em todos os fundamentos. Resultado? Vitórias mais do que convincentes contra Holanda, Cuba e Alemanha, e uma surra inesquecível sobre a Itália.

E ainda: rivais como a China, Cuba e até a Itália perderam partidas tidas como fáceis e se afastaram da briga – a Itália ainda tem alguma chance, mas não depende apenas de si mesma.

Amanhã, contra os EUA, talvez valha a pena poupar alguém (Sheilla, por exemplo, vem convivendo com dores na região lombar). Em termos de classificação, o resultado da última partida importa pouco, já que a diferença nos pontos average é muito grande e o primeiro lugar é quase certo (certo, se os EUA não vencerem a Holanda daqui a pouco).

O que conta é que o time engrenou e vai ser muito difícil alguém segurar.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Japão x Coreia do Sul? Japão contra todos!

No grupo E, tudo ainda pode acontecer. Até Turquia e Polônia, com duas vitórias, têm chances remotas. A Coreia do Sul e a Sérvia, com três, também estão no páreo. O cenário, que parece apontar para o equilíbrio nas duas últimas rodadas, mudará drasticamente, no entanto, se a Rússia vencer a Sérvia (bem provável) e o Japão vencer a Coreia do Sul (bem possível). Nesse caso, russas e japonesas iriam decidir, na última rodada, o primeiro e o segundo lugares, enquanto o resto dos times cumpriria tabela.

Pensando que a Rússia não deve perder para ninguém no grupo, o jogo que decide a sorte, mesmo, é o clássico oriental, nesta terça-feira. Uma vitória coreana pode, de fato, colocá-la no rumo das semifinais, desde que vença, também, a seleção sérvia na última rodada.

Mas uma vitória coreana daria vida, até, à própria Sérvia. E à Turquia, que vai vencer o Peru, e à Polônia, se passar pela China. E Turquia e Polônia, que se enfrentam na última rodada, por incrível que pareça, poderiam decidir a classificação do grupo.

Para que todo esse sangue não seja derramado na última rodada, basta que o Japão vença a Coreia do Sul logo mais. Sem contas, sem desempate, sem ponto average – e sem emoção, também.

Decisão: EUA x Holanda

Tudo parecia tranquilo no grupo F. Agora, não está mais. A derrota das americanas para as italianas (que pareciam moribundas, depois de perder para Rep. Tcheca e Brasil) pode embolar a classificação no final. Basta que os EUA percam para o Brasil e que a Itália vença os jogos que lhe restam (Tailândia e Cuba) para que as duas seleções dividam a segunda posição na chave. E, se a Alemanha vencer Brasil e Holanda, o empate é quádruplo. Brasil, EUA, Itália e Alemanha teriam os mesmos pontos, no fim da segunda fase.

Pensemos ponto a ponto, evitemos o caos.

Para as previsões não chegarem à fronteira do absurdo, é preciso dizer, primeiramente, que é muito difícil as alemãs vencerem as brasileiras. Imaginemos que o Brasil vença hoje, o que já elimina as derrotadas. Com isso, a única possibilidade de empate no grupo seria entre ianques e bambinas – desde que o Brasil, é claro, vença os EUA.

Se EUA e Itália empatarem em pontos, na briga pelo segundo lugar, a disputa vai paa os pontos average. E hoje, as americanas (1.110) estão muito à frente das italianas (1.002). Só uma diferença absurda de pontos em favor da Itália e contra os EUA classificaria as europeias, nessa hipótese. Ou seja, mesmo perdendo para o Brasil e empatando em pontos com a Itália, os EUA se classificariam. O que resta?

Resta à Itália torcer pela Holanda, logo mais. Sim, a Holanda. Se os EUA perderem para a Holanda, que apresentou um vôlei muito bom contra Itália, Brasil e Cuba (pífio, no entanto, contra a Alemanha), os EUA correm o sério risco de serem eliminados, se perderem para o Brasil – bastaria, que a Itália vencesse seus dois compromissos.

A partida que pode mudar as coisas no grupo F é EUA x Holanda. Uma vitória americana praticamente elimina a Itália. Mas uma derrota…

Acabou a corrida

Haile Gebrselassie parou. A desistência do etíope no meio da Maratona de Nova York, disputada nesse domingo, significou mais do que o abandono da prova. Uma das carreiras mais brilhantes do Atletismo internacional terminou.

Gebrselassie se disse cansado, com problemas físicos. Já não tem mais os 20 anos, de quando se tornou campeão mundial dos 10 mil metros Suttutgart/1993, ou os 23 anos, de quando conquistou a medalha de ouro olímpica em Atlanta/1996. Aos 37 anos, o dono do melhor tempo mundial da Maratona resolveu parar. E parou.

O etíope se aposenta com quatro títulos mundiais e dois olímpicos consecutivos nos 10 mil metros. A mesma prova que consagrou Paavo Nurmi, Emil Zatopek e Miruts Yifter também referendou seu nome com um dos maiores corredores da história.

Para recordar um dos feitos da carreira de Gebrselassie, assista ao vídeo da prova que lhe deu o bi-campeonato olímpico, depois de um duelo com o queniano Paul Tergat – tão conhecido no Brasil pelas vitórias que teve na São Silvestre.


domingo, 7 de novembro de 2010

Fabiana

Em nome da rivalidade que, na adolescência, tirou meu sono de torcedor, não vou criticar o Brasil por ter perdido um set para esse time de Cuba. Também vou atribuir mais mérito às caribenhas do que erro a Natália por terem-na praticamente anulado no ataque. E também não vou criticar Fabí, nossa líbero, que tem obrigação de passar e defender, mas fez isso muito mal nos dois primeiros sets, porque, em nome da rivalidade que teima em existir, é melhor dizer que foi Cuba quem sacou com eficiência.

Seria melhor falar de Jaqueline, enfim, fez uma partida que lembrou as atuações dela no mundial de 2006. Ou pode ser melhor falar de Fabíola, que fez sua melhor partida na distribuição de jogo, não abrindo mão de levantar para a entrada, para a saída, para o meio fundo e para o meio de rede. Meio de rede. E como o Brasil atacou pelo meio!

Posso falar de Thaisa, com nove pontos de ataque. Pensar que esse número foi maior do que o de Natália seria motivo para saudá-la como destaque ofensivo do time. Seria.

Porque a outra central, Fabiana, fez parecer que Thaisa não atacava. Que ninguém mais atacava – só ela.

Fabiana fez 14 pontos de ataque e, hoje, foi a jogadora de confiança da levantadora. Dia em que uma central é nossa bola de segurança não é um dia comum, é como um 29 de fevereiro no calendário do vôlei.

É de Fabiana que eu falo. Não é da rivalidade, da classificação quase certa ou do prazer secreto de ter eliminado Cuba matematicamente da disputa. O mais, daqui a algum tempo, não vai importar.

Esporte é conhecimento

Fiquei surpreso quando soube que, na prova do Enem aplicada hoje, uma das questões versava sobre Vôlei. A pergunta se referia aos fundamentos do esporte, que apareciam num quadro em três fotos – um saque, uma manchete e um ataque, pela ordem. Vi, também, que havia uma questão sobre a média de gols dos artilheiros das Copas do Mundo de Futebol desde 1930, mas era uma questão que envolvia mais conhecimento matemático do que esportivo, já que um gráfico mostrava quantos gols cada goleador de cada mundial marcara.

Recordei uma questão de dez anos atrás, num concurso público da Caixa Econômica Federal. A pergunta, que aparecia em “Atualidades”, queria saber o nome do piloto de Fórmula 1 que terminou o GP do Brasil daquele ano em 2º lugar, mas foi desclassificado – David Coulthard, escocês da McLaren, era a resposta certa.

Problemas com o gabarito de ontem à parte, boa iniciativa do MEC a de cobrar, do estudante, algum conhecimento na área esportiva. Falta, agora, o próprio MEC valorizar o professor de Educação Física, profissional que, além de educador, deveria ser visto (e remunerado) como formador de novos atletas e disseminador de uma cultura esportiva no país – o que traz, consigo, a ideia de aliar a prática esportiva à saúde e ao lazer.

sábado, 6 de novembro de 2010

E o Japão...

Agora, só restam três times invictos. Os três que, de fato, estão muito à frente dos outros, no Mundial feminino de Vôlei. Brasil, EUA e Rússia cumpriram o papel de candidatos ao título e venceram, sem passar sufoco e sem perder set, Tailândia, Rep. Tcheca e Peru, respectivamente.

O Japão, que parecia fazer parte desse grupo seleto, ruiu, na rodada de hoje, frente a uma China cambaleante, que acumula três derrotas e quase não pensa mais em semifinal. Ou seja, o Japão mostrou que ainda não evoluiu o suficiente para ser o time de quarenta anos atrás – está mais para a seleção que organiza a festa, anima a torcida e, invariavelmente, perde, como tem sido desde os anos 90.

As nipônicas, por enquanto, se mantêm firmes na batalha pela segunda vaga do grupo. Com a vitória da Turquia sobre a Sérvia e da Polônia sobre a Coreia do Sul, essas quatro seleções se espremem entre a terceira e a sexta posições, com uma vitória a menos que as donas da casa.

Pensando que Sérvia, Polônia e Japão ainda enfrentam a Rússia, e que a Coreia do Sul, depois de três vitórias em seguida, está em declínio, a Turquia é que deve ser a grande rival das japonesas. E o jogo entre as duas seleções, na manhã deste domingo, deve decidir, moralmente, a última vaga às semifinais. Última, mesmo.

Porque, no outro grupo, se Brasil e EUA ainda poderiam ser ameaçados pela Alemanha, agora, pouca coisa mais o indica. Depois da vergonha de três dias atrás, as italianas venceram de maneira furiosa as alemãs, por 3x1. Perderam o primeiro set e venceram o segundo com todo o drama possível, por 32-30. E, a partir daí, a Itália jogou como se ainda pensasse em classificação e trucidou a seleção adversária, com direito a 25-8 no terceiro set. Essa chave caminha para uma definição matemática, com, pelo menos, uma rodada de antecipação.

Constrangedor

O jogo que abriu a rodada, no grupo F, tinha um time tricampeão (mundial e olímpico). Contudo, ao contrário do que o placar leve a crer, não é à Holanda que esses títulos pertencem, mas a Cuba.

Não é, no entanto, a Cuba desse mundial quem tem história vasta no vôlei. Falo de uma Cuba que, em 1978, venceu um mundial em Moscou, ou que, entre 1992 e 2000, não permitia que ninguém mais vencesse olimpíada, mundial e copa do mundo. Aquela Cuba não perderia um set por 25-12, se a regra já fosse a atual. Mas a Cuba de hoje perde – e, ontem, perdeu logo dois.

O placar de 3 sets a 1 pode dizer, ainda, que houve um momento em que Cuba foi Cuba de novo e venceu um set, o segundo. Mas ele não diz que, nesse mesmo set, Cuba vencia por 20 a 10, quando viu a Holanda reagir abruptamente e só perder o set, por 25-22, graças a um erro de saque.

Esse time de Cuba, aliás, não tem uma só jogadora que pudesse ser daquela outra Cuba. A força do ataque, que, nos anos de ouro, compensava o passe fraco, agora é espectral. Essa Cuba de hoje, com a ressalva da renovação do plantel, mostra que é de pequeno que se começa a passar errado e que não é de uma hora para outra que aparece alguém saiba atacar – os 15 pontos de Carcaces mostram bem isso: ela é uma das raras veteranas na seleção caribenha.

Na madrugada do domingo, Cuba enfrenta o Brasil. As chances de classificação das ex-campeãs são quase nulas. O único alento que as cubanas têm, para hoje, é a rivalidade anacrônica entre os dois times. Essa deve ser a motivação que resta para essa Cuba terá até o fim do campeonato, que, para elas, talvez nem tenha começado. Em nome da tradição, o mundial de 2010 será, para essa e qualquer outra Cuba, nada mais que uma lembrança constrangida.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Gata suspensa

A Federação Internacional de Ginástica (FIG) suspendeu, por dois anos, a ginasta norte-coreana Hong Su Jong e a federação de seu país. De acordo com a FIG, a atleta apresentou, nos últimos seis anos, três datas de nascimento diferentes em competições de grande porte.

Nos Jogos Olímpicos de Atenas/2004, Jong competiu com documentação que mostrava que ela nascera em 1985. No mundial de Stuttgart/2007, os documentos da ginasta apontavam o ano de nascimento para 1986. E, por fim, no mundial deste ano, em Roterdã, seus registros diziam que ela nascera em 1989. Como desde 2003 o regulamento da FIG só permite que mulheres participem de mundiais ou olimpíadas a partir dos 17 anos, ela teria competido Atenas com 15 anos de idade, de acordo com a documentação apresentada no mês passado.

Desse modo, nem a ginasta, nem federação da Coreia do Norte poderão participar dos Jogos Olímpicos de Londres, entre julho e agosto de 2012, pois a punição só terminaria dois meses depois, em outubro. A federação e a atleta têm 21 dias para recorrer.

Dupla retrô

No princípio dos tempos, a hegemonia do vôlei feminino era disputada por soviéticas e japonesas. Os sete primeiros mundiais (entre 1952 e 1974) e as cinco primeiras participações olímpicas do vôlei (1964 a 1980) só tiveram dois campeões. A URSS, com quatro mundiais e três olimpíadas, teve uma conquista a mais, nos dois eventos, que o Japão – tri-mundial e bi-olímpico.

Aí, o vôlei virou um esporte de força. E o Japão, que não decide um mundial desde o vice-campeonato de 1978 e que não chega às semifinais olímpicas desde Seul/1988, ficou para trás e para baixo.

Aí, o vôlei, além de força, ganhou velocidade. A Rússia/URSS ainda é uma potência do esporte, mas não teve, nos últimos 30 anos, um período muito farto de conquistas, com um título olímpico, em 1988, e dois mundiais, em 1990 e 2006. Mesmo sendo as atuais campeãs do mundo, a inédita eliminação olímpica nas quartas-de-final, em Pequim, ainda pesa bastante.

Eis, agora, que há uma chance latente de as duas seleções chegarem às semifinais do mundial deste ano, o que não acontece desde 1978.

Pelo que a Rússia vem apresentando, inclusive por ter, no ataque, a experiência de Sokolova, a juventude de Kosheleva e a força de Gamova, é muito provável que se classifique.

O Japão, se não tem ainda um time muito confiável, ao menos conseguiu, nesta temporada, vitórias bem raras nos últimos tempos, como contra Brasil e Itália, no Grand Prix. As nipônicas podem, além do barulho da torcida, contar com a habilidade da levantadora Takeshida e a eficiência de Kimura, segunda maior pontuadora do campeonato. E o que é surpreendente: a central Inoue, de acordo com as estatísticas da FIVB, é a terceira melhor bloqueadora da competição.

As duas seleções já começam a caminhada no Grupo E dividindo a liderança entre si, com 3 vitórias. Se chegarem juntas à próxima fase, chinesas, sérvias, turcas, sul-coreanas, peruanas e polonesas terão tido o gostinho do que era enfrentar japonesas e russo-soviéticas décadas atrás.

Oberto, de coração e mente

A lição foi revista duramente nos últimos anos. O coração que mata, em campo ou na quadra, mata quase nunca sem aviso. E o coração de Fabricio Oberto lhe deu um aviso tenaz, na última terça-feira. Atuando na NBA, o pivô argentino sentiu tontura durante o jogo de seu time, o Portland Trail Blazers, contra o Millwalkee Bucks. Somou o sintoma às palpitações que vinha sofrendo, por conta de problemas cardíacos. O resultado da conta pode ter salvado a vida do jogador: Oberto anunciou aposentadoria.

Oberto, 37 anos, conseguiu pela seleção da Argentina glórias que o basquete brasileiro não lembra – como a medalha de bronze, em Pequim, e o vice-campeonato mundial de 2002 – ou nunca viu, como o ouro olímpico em Atenas. Em Atenas/2004, ironia suprema, depois de ser titular em toda a campanha, ele se contundiu nas semifinais contra os EUA e não disputou a final, contra a Itália. Também foi campeão da NBA pelo San Antonio Spurs, em 2007. Não à toa, o diário argentino Olé o saúda como “o melhor pivô argentino da história”.

Se, em Atenas, a decisão de não jogar a final pode ter lhe dado a medalha de ouro, a decisão de agora, de não jogar mais, foi a vitória da razão sobre a emoção, do homem sobre o atleta, da mente sobre o coração.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Projeções de poucas dúvidas

Na madrugada da sexta-feira para o sábado, vai começar a segunda fase do Mundial feminino de Vôlei. Antes, uma rápida explicação do regulamento do campeonato.

Para essa fase, se classificaram os quatro primeiros colocados de cada grupo da primeira fase. Os times que formaram o Grupo A enfrentam os classificados do Grupo D, e formam, esses oito, o Grupo E; os do Grupo B enfrentam os do C e, juntos, são o Grupo F. Nesses grupos E e F, que definem os semifinalistas, os resultados da primeira entre os times classificados continuam valendo, ao passo que os resultados dos que seguem contra os que já saíram do torneio são descartados.

A importância de saber disso? Cuba perdeu três partidas na primeira fase, para EUA, Alemanha e Croácia, e venceu duas, contra Tailândia e Cazaquistão. No Grupo F, contudo, Cuba não começa com duas vitórias e três derrotas, mas sim, com uma vitória e duas derrotas. Ficam valendo, para efeito de classificação cubana, a vitória sobre a Tailândia e as derrotas para EUA e Alemanha. A derrota para a Croácia e a vitória sobre o Cazaquistão são descartadas, porque essas seleções foram eliminadas.

Agora, aos grupos da segunda fase, com tabela e classificação:

Grupo E – Tóquio
Dia 6 – Sérvia x Turquia; Peru x Rússia; Polônia e Coreia do Sul; China x Japão
Dia 7 – Peru x Coreia do Sul; Sérvia x China; Polônia x Rússia; Japão x Turquia
(jogos, respectivamente, às 10:30, 12:45, 15:00, 18:00 – hora do Japão)
Dia 9 – Sérvia x Rússia; Turquia x Peru; Polônia x China; Japão x Coreia do Sul
Dia 10 – Peru x China; Sérvia x Coreia do Sul; Polônia x Turquia; Japão x Rússia
(jogos, respectivamente, às 11:15, 13:30, 15:45, 18:45 – hora do Japão)

Classificação
1) Rússia – 3v, 0d
2) Japão – 3v, 0d
3) Sérvia – 2v, 1d
4) Coreia do Sul – 2v, 1d
5) Polônia – 1v, 2d
6) Turquia – 1v, 2d
7) China – 0v, 3d
8) Peru – 0v, 3d

Grupo F – Nagoya
Dia 6 – Holanda x Cuba; Rep. Tcheca x EUA; Brasil x Tailândia; Itália x Alemanha
Dia 7 – Holanda x Tailândia; Rep. Tcheca x Alemanha; Brasil x Cuba; EUA x Itália
(jogos, respectivamente, às 11:00, 13:15, 15:30, 18:00 – hora do Japão)
Dia 9 – Rep. Tcheca x Cuba; Brasil x Alemanha; Itália x Tailândia; EUA x Holanda
Dia 10 – Tailândia x Rep. Tcheca; Brasil x EUA; Holanda x Alemanha; Itália x Cuba
(jogos, respectivamente, às 11:45, 14:00, 16:15, 18:30 – hora do Japão)

Classificação
1) Brasil – 3v, 0d
2) EUA – 3v, 0d
3) Alemanha – 2v, 1d
4) Cuba – 1v, 2d
5) Holanda – 1v, 2d
6) Rep. Tcheca – 1v, 2d
7) Itália – 1v, 2d
8) Tailândia – 0v, 3d

No Grupo E, Rússia e Japão largam na frente, com três vitórias. Se é possível acreditar que a Rússia vai manter o nível de jogo e se classificar para as semifinais, o mesmo não se pode dizer do Japão. Embora tenha o apoio da torcida, esse ano o Japão deu prova de que é capaz de oscilar perigosamente em curto espaço de tempo. No Grand Prix, apesar de ter vencido Brasil e Itália, perdeu para China e Polônia. Das japonesas, pode-se esperar tudo – até, mesmo, que conquistem a vaga.

Das adversárias mais próximas das donas da casa, Sérvia e Coreia do Sul, acredito mais na Sérvia. As sul-coreanas, depois de um começo avassalador, perderam para a Rússia e sofreram para derrotar a Turquia, time de uma jogadora só (Neslihan). Esse grupo conta com um dos gigantes do Vôlei feminino, a China, mas, para pensar em classificação, a China teria de contar com um milagre matemático.

No Grupo F, a situação parece que se definiu, na última rodada da primeira fase. Brasil e EUA têm duas vitórias a mais que Cuba e Itália, principais rivais, e nada indica, pelo que apresentaram até aqui, que vão deixar a vaga escapar. A única ameaça real é a Alemanha. Contudo, enfrentando três times europeus (Itália, Holanda e Rep. Tcheca), além do Brasil, não vai surpreender se as alemãs terminarem a fase com mais derrotas do que vitórias.

A dúvida real do Grupo F é saber quem vai enfrentar a Rússia nas semifinais. E, se nenhuma surpresa ocorrer, essa dúvida será desfeita só na última rodada, dia 10, quando Brasil e EUA se enfrentam às duas da madrugada, hora do Nordeste. Esse jogo, por enquanto, ainda não dá para projetar.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A sete

Só deu Natália.

Thaísa mandou no jogo.

Até Jaqueline jogou bem.

Esses eram títulos possíveis para o texto sobre o jogo de hoje cedo. A vitória contra a Itália, ao mesmo tempo em que evoca alguns chavões do sensacionalismo, mostrou uma Seleção Brasileira muito eloquente na quadra e no banco.

Impossível não creditar a vitória no jogo e a goleada no último set a José Roberto Guimarães. O Brasil só não esteve na liderança do placar na abertura do terceiro set (o castigo veio depois), mas ele nunca deixou de recomendar, de cobrar, de jogar como se ali, do lado da quadra, fosse possível estar dentro dos nove por nove da área de jogo. Mais: desde o ano passado, ele preparava a seleção para este confronto, reafirmando, como prece, que o melhor time do mundo era o italiano – as brasileiras acreditaram e entraram em campo como quem vai a um combate titânico.

Fabíola, ao contrário da partida contra Porto Rico, não fez o jogo de uma bola só. Se ainda não levanta à perfeição para a saída de rede, dessa vez, ao menos, descobriu uma bola muito boa de meio-fundo com Sheilla e Jaqueline. A pernambucana, enfim, jogou uma partida de alto nível no ataque e, assim como a líbero Fabí, cometeu pouquíssimos erros no passe e defesa – francamente, só me lembro de um erro de Fabí, numa bola que veio de graça e ela acabou passando para o lado italiano.

Natália foi a pontuadora máxima da partida. A Itália fez 26 pontos de ataque, enquanto Natália, 21 – 25 no total, com dois bloqueios e dois aces. Mas, cá entre nós, não achei que ela tenha sido a melhor da partida.

Fabiana jogou um partidaço, sem dúvida. Mas a central que está se destacando é Thaísa. Hoje, ela fez cinco pontos de bloqueio, o mesmo que Fabiana. E ela ainda pontuou seis vezes atacando, uma sacandoe, até, defendeu dois ataques no fundo de quadra. Por toda a versatilidade e regularidade, ela é tem sido melhor do time e foi a melhor jogadora de hoje.

E a Itália?

Antes de dizer que a Itália jogou uma partida digna de Quênia ou Argélia, é preciso lembrar que o Brasil levava desvantagem em confrontos pós-Pequim. Na Copa do Campeões do ano passado, a Itália fez 3 a 0 e, na primeira fase do Grand Prix desse ano, 3 a 1.

Dito isso, tenho de confessar que o terceiro set me fez recordar: na Copa do Mundo de 1995, o time masculino do Brasil fazendo 15 a 0 em cima de Cuba. Considerei aquilo o fim declarado da rivalidade – e, de certa forma e por algum tempo, foi mesmo.

Falar da Itália em detalhe é inútil a essa altura – porque foi uma atuação digna de Quênia ou Argélia. Não pelo 3 a 0 em si, que tem ocorrido para um lado ou para outro, ultimamente. Melhor dizer que hoje só deu Natália, que Thaísa mandou no jogo e que até Jaqueline jogou bem: qualquer chavão é eloquente, quando se vence a Itália por vinte e cinco a sete.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Até aqui e daqui em diante

A rodada de hoje cedo não trouxe nenhuma grande surpresa, exceto a derrota da Itália para a Rep. Tcheca – no melhor jogo do Mundial, diga-se. Esse jogo, inclusive, deveria servir de exemplo às comandadas de Zé Roberto Guimarães, para verem o que pode acontecer quando se joga à meia força contra um time médio (embora a Itália não parecesse ter jogado com desinteresse).

Nos jogos de grande expectativa, a surpresa é que tudo transcorreu normalmente.

A China venceu a Rep. Dominicana se classificou matematicamente para a segunda fase. O problema é que, para a próxima fase, já chega com duas derrotas acumuladas, e ainda terá um confronto duríssimo na manhã de quarta-feira, contra a Rússia.

A Rússia, no duelo de invictas, desbancou a Coreia do Sul com uma atuação impecável de Gamova e Kosheleva – Kosheleva e Gamova, pela ordem. A Rússia talvez seja, ao lado dos EUA, o melhor time da competição.

E Cuba, com o valioso auxílio da Alemanha, que venceu a Croácia, também está praticamente assegurada na segunda fase, com a vitória sobre a Tailândia. Melhor que isso: com a iminente eliminação da Croácia, a derrota das caribenhas para as croatas se anula na próxima fase.

A rodada de amanhã é importantíssima para quem pensa nas semifinais. Só para recapitular: agora, os quatro melhores do Grupo A (Japão, Sérvia, Polônia e Peru) se juntam aos quatro do D (Rússia, Coreia do Sul, Turquia e China) e formam o Grupo E, enquanto os melhores do Grupo B (Brasil, Itália, Holanda e Rep. Tcheca) e os primeiros do C (EUA, Alemanha, Tailândia e Cuba), formam o Grupo F. Nesses grupos, continuam valendo os resultados entre os times do mesmo grupo na primeira fase. Daí, o Grupo F pode começar de modo muito curioso, a depender dos jogos de amanhã.

Desse lado da chave para as semifinais, só Brasil e EUA estão invictos. Itália e Cuba têm uma derrota. Se, amanhã, o Brasil vencer a Itália e os EUA passarem por Cuba, brasileira e norte-americanas estão praticamente asseguradas nas semifinais. No entanto, se perderem, Brasil, Cuba, EUA e Itália chegariam com 2 vitórias e 1 derrota à fase decisiva, deixando imprevisível a classificação.

No outro lado, Japão e Sérvia se enfrentam, e quem vencer, dá um passo decisivo para ficar entre os quatro melhores do mundial. Já a Rússia, mesmo com uma campanha muito boa, precisa vencer a China para entrar na disputa da segunda fase com alguma tranquilidade.

Em suma, nessa madrugada, jogão é o que não falta.

Voleibol de resultado?

Quatro jogos, quarta vitória. Brasil 3x0 Porto Rico. Tudo indo bem, certo? Não. Os dois últimos jogos, especialmente, mostraram que a Seleção Brasileira é inconstante e, dependendo do time adversário, sonolenta. Arrisco: a Seleção tem praticado um voleibol de resultado, atuando bem quando o adversário requer e se poupando em excesso quando acha que não vai perder.

Se contra a Holanda, a terceira força do grupo, o Brasil jogou um vôlei alegre, insinuante, com Fabíola lançando mão de todas as atacantes, contra Porto Rico, um time não mais que esforçado e, agora, eliminado, a partida se arrastou, nos mesmos moldes da estreia, contra o Quênia.

O passe, outra vez, foi lastimável, o que, por si, já dificultaria a vida da levantadora e do ataque, consequentemente. Para completar, tanto as atacantes – exceto, Natália – quanto Fabíola estavam num dia de não, um daqueles dias em que é melhor ser pragmático e arriscar o menos possível, embora o adversário fosse um dos mais fracos possíveis. Resultado disso: o meio e o fundo quase não foram acionados, e mesmo as bolas de ponta se resumiram à entrada da rede.

Teria sido interessante que Fernanda Garay tivesse entrado no lugar de Jaqueline, pelo menos, desde o início do terceiro set, e não a seis pontos do final. Era o momento de ser se a ex-ponteira do Pinheiros pode substituir a pernambucana no passe e na defesa – porque, no ataque, ao que parece, pode fazê-lo com alguma sobra.

Fabí, a líbero, e Thaísa e Fabiana, as centrais, ainda não mostraram tudo o que podem no campeonato. E hoje não foi exceção. Thaísa, contudo, se destacou no saque: seu serviço chapado, rente à rede, sempre causa furor na defesa adversária – e hoje não foi exceção.

Quatro jogos, quarta vitória. Brasil 3x0 Porto Rico. Esquecido o jogo de hoje, assim como o de anteontem. A partida que vai valer muito, para as brasileiras, vai ser contra as italianas, amanhã. Na melhor das hipóteses, o jogo decidirá primeiro e segundo colocados, já pensando nas semifinais; na pior, decidirá quem segue para as sêmis, junto com os EUA. Se o Brasil só joga bem quando precisa, contra a Itália vai precisar. E muito.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Rodada (quase) despretensiosa

A tabela do Mundial feminino de Vôlei não reservou nenhum jogo interessante para hoje. Ao menos, aparentemente.

No Grupo A, Japão, Sérvia e Polônia não devem encontrar muita resistência em seus jogos contra, respectivamente, Costa Rica, Argélia e Peru. No B, O Brasil tem um jogo fácil contra Porto Rico, a Itália não deve se atrapalhar contra a Rep. Tcheca, e a Holanda vai reencontrar a vitória contra o Quênia. Nada que ofereça grandes riscos aos favoritos.

As coisas começam a complicar um pouco no Grupo C. Se os EUA devem passar facilmente pelo Cazaquistão, Croácia e Alemanha fazem um jogo de previsão difícil: ambos venceram Cuba e perderam para os EUA, mas a Croácia perdeu para a Tailândia e, por isso, está atrás da rival europeia. Esse poderia ser o jogão do grupo, não fosse a campanha de Cuba, que dá a seu jogo contra a Tailândia ares dramáticos. Se perder, Cuba terá suas chances de classificação para a segunda fase reduzidas a nada – dependeria de uma vitória do Cazaquistão sobre a Croácia ou da Tailândia sobre a Alemanha, e ainda teria de vencer os EUA. Assim, as cubanas entra em quadra mais tarde pensando apenas em sobreviver, ao passo que as asiáticas, que até venceram um set contra as norte-americanas e derrotaram as croatas, podem pensar numa vitória para assegurar uma boa classificação.

O nó aperta também no grupo D. O primeiro jogo da madrugada, entre Turquia e Canadá, só deve confirmar a boa campanha turca e eliminar as canadenses. Depois, a Rússia e a Coreia do Sul fazem um surpreendente duelo de invictas, em que, além do score perfeito de 3 vitórias em 3 jogos, as coreanas lutam para seguir sem perder nenhum set. Claro que a Rússia é favorita. No entanto, o jogo ganha importância, até, na luta pela vaga às semifinais, já que o resultado será acumulado na fase seguinte. O outro jogo, entre China e Rep. Dominicana, tem o mesmo caráter de Cuba x Tailândia. A diferença é que as caribenhas, ao contrário das tailandesas, lutam hoje contra a eliminação do torneio. E, do outro lado, a China, caso perca, vai para a última rodada, contra a Rússia, tendo de vencer para não sair do Mundial, ainda na primeira fase.

Jogão de hoje? Rússia x Coreia do Sul, porque é o único confronto da madrugada que envolve dois líderes e invictos. Mas também podem ser Cuba x Tailândia ou China x Rep. Dominicana, porque podem acabar com as chances de quem era cotado ao título.

País do Judô

Faz tempo que o judô brasileiro não faz um bom papel em Olimpíadas. Nos dois últimos Jogos, a delegação tupiniquim trouxe apenas medalhas de bronze, com o detalhe insólito de não ter tido nenhum atleta em nenhuma semifinal. Ou seja, nossos judocas abandonaram a luta pelo título olímpico cedo demais. Nosso consolo, desde as duas pratas em Sydney/2000, foi o título mundial de João Derly em 2005, no Cairo, e os de Tiago Camilo, de Luciano Correa e do próprio Derly, em 2007, no Rio de Janeiro. Afora isso, nada muito relevante.

Eis, contudo, que 2010 se mostrou um ano redentor para o judô nacional.

Depois de três medalhas de prata (com Leandro Guilheiro, Leandro Cunha e Mayra Aguiar) e uma de bronze (com Sara Menezes) no Mundial de Tóquio, o time masculino do Brasil conquistou ontem, em Antalya, Turquia, o vice-campeonato mundial por equipes, perdendo a final para o Japão. O resultado iguala a melhor campanha verde-amarela na competição, em Minsk, 1998, com derrota também para o Japão, na final.

Não bastasse a evolução no tatame, o Brasil ganhou, ainda, o direito de sediar quatro mundiais do esporte. Em 2012, Salvador hospeda o mundial por Equipes. Em 2013, São Paulo vai receber o mundial individual. E em 2015, ano-véspera dos Jogos Olímpicos do Rio, a cidade receberá o mundial por equipes e, pela segunda vez em 8 anos, o individual.

É lógico que foram os Jogos de 2016 que possibilitaram a tripla escolha. Resta, agora, ao judô brasileiro aproveitar o seis anos de vacas gordas para promover e popularizar o esporte e, de quebra, colocá-lo de novo no caminho do ouro olímpico, que não vem desde 1992, com Rogério Sampaio.