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domingo, 17 de julho de 2011

Favor, não confundir

Esta postagem é de utilidade pública. Agora, com certeza, você não vai mais confundi-las, não há razão pra isso. Até porque, uma consagrou nos saltos ornamentais; a outra, também. Uma conquistou títulos mundiais e olímpicos; a outra, também. Mas uma é chinesa… a outra, também.


Esta é Fu Mingxia. Em 1991, há poucos meses de completar 13 anos de idade, assombrou o mundo na prova da Plataforma (10m) no Mundial de Perth, na Austrália. No ano seguinte, em Barcelona, ficou com o Ouro na mesma prova. Já em Atlanta, 1996, conquistou o bi na Plataforma e o título no Trampolim (3m). O final perfeito de carreira, dominando amplamente as duas modalidades olímpicas do esporte. E ela se aposentou, com três medalhas de ouro no peito. Contudo, a proximidade dos Jogos de Sydney, demoveu a moça do descanso e Mingxia voltou. Voltou para sair com mais um ouro no Trampolim e, de lambuja, uma prata numa modalidade estreante em jogos, o Salto Sincronizado no Trampolim de 3m.

Aí, a substituição nos Saltos Ornamentais da China: saiu Fu Mingxia, em 2000, entrou Wu Minxia, em 2001.


Ao contrário de Mingxia, Minxia (esta aqui ao lado) não quis saber da Plataforma de 10m. Suas conquistas são todas no Trampolim, tanto de 1 quanto de 3m. O Trampolim de 1m não é prova olímpica e deu à chinesa três pratas em mundiais. Nada mau. Já o de 3m é que rendeu (e ainda rende) as maiores conquistas de Wu. Saltando individualmente, ela teve a concorrência dura de Guo Jingjing e nunca foi campeã mundial ou olímpica. Foi prata em Atenas/2004 e bronze em casa, quatro anos depois. Já no Salto Sincronizado, não contra, mas com Guo Jingjing, Minxia é a atual bicampeã olímpica e havendo conquistado os últimos dois mundiais.

E nem mesmo a aposentadoria de Jingjing, anunciada esse ano, foi empecilho pra Wu Minxia conquistar, ontem, em Xangai, o tri-mundial do Trampolim de 3m. Competindo ao lado de He Zi, Minxia honrou, a tradição chinesa no esporte e manteve na casa um título que é das chinesas, ininterruptamente, desde 2001.

A supremacia continua. Sem Mingxia, mas com Minxia. Não confunda.

sábado, 16 de julho de 2011

Perto do Vitória




Se a decisão de mudar o horário da final só saiu no meio dessa semana, o campeonato parece ter sido decidido antes. Domingo, o Vitória conseguiu uma vantagem quase definitiva, fazendo 4 a 0 sobre o Sport, na Ilha do Retiro. Pra perder o título e o bicampeonato, o Vitória terá de perder por cinco gols de diferença, o que é bem difícil, já que, nas oito partidas que disputaram, até agora, as interioranas sofreram, apenas, dois gols.

O placar elástico mostrou a diferença entre um time que trabalha o futebol feminino com profissionalismo e outro que não fez questão nenhuma de repatriar uma jogadora formada na casa.

Enquanto o Vitória contratou jogadoras com passagem pelas seleções de base, como a goleira Letícia e as atacantes Carol Baiana e Ketlen Wiggers, além de revelações do futebol local, como a artilheira Lili Bala, o Sport esnobou a goleira Bárbara.

Bárbara começou no próprio Sport e, esse ano, voltou ao Brasil à procura de um time. Chegou a treinar no clube, mas só pra manter a forma. O Sport não quis nada com a moça e ela foi pro Foz Cataratas.

O resultado disso, dessa indiferença com o futebol das mulheres, é que o clube, pelo segundo ano seguido, a menos que consiga um milagre hoje à tarde, não deverá disputar a Copa do Brasil, a única vitrine do futebol feminino nacional. Triste, pra quem se vangloria de ser um clube verdadeiramente poliesportivo e que, até, já foi vice-campeão nacional na modalidade.

Ficou pra hoje

O bom senso prevaleceu na Federação Pernambucana de Futebol (FPF). A segunda partida da decisão do estadual feminino, entre Vitória e Sport, em Vitória de Sto. Antão, será hoje à tarde, às 15h, e não amanhã, como estabelecido no início do campeonato. Fosse amanhã, no mesmo horário, as meninas daqui jogariam no mesmo horário da final da Copa do Mundo. Enfim, uma atitude que privilegia quem gosta da modalidade. Ponto pra FPF.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Rennes, França: 14 de julho de 1991

Mundialmente falando, o Ciclismo Brasileiro é irrelevante. Na pista, na estrada, na montanha ou no BMX, nenhum brasileiro jamais conquistou um título de grande relevo, em termos internacionais. Enquanto nossos vizinhos argentinos até ganharam o ouro no Madison, em Pequim/2008, nós não descobrimos ainda que medalhas olímpicas podem vir de bicicleta. Anésio Argenton foi o brasileiro que chegou mais perto do pódio, com um nono lugar em Melbourne/1956 e sexto em Roma/1960, ambas as vezes na prova de Mil metros contra o Relógio. Mas essa história fica pra outro dia.

Porque, hoje, é dia de celebrar uma conquista sobre duas rodas. Certo, é uma conquista que repousa solitária e completa 20 anos. Mas uma conquista, ainda assim.

Em 14 de julho de 1991, Mauro Ribeiro obteve a única vitória brasileira, até hoje, numa etapa do Tour de France. Justamente, no feriado nacional da França, ótima coincidência. O estágio era o nono daquele ano, com chegada na cidade de Rennes. Depois de mais de 161 Km de pedal, estrada e frio, Ribeiro arrancou para a vitória, batendo o francês Laurent Jalabert e o soviético Dmitri Konychev por meia roda, numa etapa que durou quase quatro horas.

O vencedor do Tour daquele ano foi o espanhol Miguel Induráin. Ele ainda venceria a competição máxima do Ciclismo de Estrada, seguidamente, até 1995. De quebra, o espanhol se sagrou campeão olímpico no contra-relógio em Atlanta/1996.

Laurent Jalabert, segundo colocado na etapa, se tornou campeão mundial do contra-relógio em 1997.

Dmitri Konychev, o terceiro na etapa, ganhou a Maglia Ciclamino no Giro d’Italia, em 2000, premiação dada ao ciclista que obtém mais pontos em toda a competição, independentemente do tempo obtido.

Mauro Ribeiro, que até fora campeão mundial Júnior por pontos, em 1982, terminou em 91º lugar na prova de Estrada, em Atlanta/1996.

E o Ciclismo Brasileiro, hoje, vive do passado.

Ainda bem que inventaram o youtube e que o usuário de nome Daniel Blumenthal (ou duhdaniel), postou nele o vídeo da vitória histórica.


"Now, I feel great"

Entrevista bilingue da alemã Lena Schoneborn, logo após se tornar bicampeã da Copa do Mundo de Pentatlo Moderno, domingo, em Londres. Depois de uma passagem muito ruim no hipismo, onde ficou na 31ª posição, Lena teve de largar em 7º lugar na prova do evento combinado (corrida e tiro), 28 segundos atrás da francesa Elodie Clovel. No final, ela levou o ouro e a francesa teve de se contentar com o bronze.

Simpática a moça – e campeã também. Com 25 anos de idade, Lena lidera o ranking mundial do pentatlo moderno e segue mais favorita que nunca rumo ao bi, também, nos Jogos Olímpicos.

Veja a entrevista, no canal da UIPM no youtube:


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Um pouquinho de história

EUA e Japão decidem a Copa do Mundo feminina de Futebol neste domingo. A final é inédita, embora não em todos os aspectos.

Não é a primeira vez que um time asiático chega à final da Copa do Mundo. A China fez isso em 1999. Na ocasião, foi derrotada pelos EUA nos pênaltis, depois de 120 minutos sem gol no tempo normal. Por conseguinte, também não é a primeira vez que os EUA decidem uma Copa do Mundo contra uma equipe oriental.

Não é a primeira vez que EUA e Japão se enfrentam em Copas do Mundo. A primeira, em 1991, terminou com vitória ianque por 3 a 0 na primeira fase. Na segunda, quatro anos depois, as americanas fizeram 4 a 0 nas japonesas nas quartas de final, na primeira e, até 2011, única vez em que as nipônicas haviam passado da primeira fase.

Curiosidade: se a Suécia tivesse avançado à decisão, contra os EUA, teria sido o segundo jogo repetido numa mesma edição de mundial feminino, a primeira numa final. A única vez em que isso ocorreu foi na Copa de 1995: EUA e China empataram em 3 a 3 na primeira fase e, na decisão do terceiro lugar, as americanas ficaram com o bronze, metendo 2 a 0 nas chinesas.

Outra curiosidade é que a Copa do Mundo terá, pela primeira vez, um campeão não invicto. As duas equipes conheceram derrota na primeira fase, mas se recuperaram e jogam domingo.

Domingo, aliás, o Japão se torna a sétima seleção a disputar uma final de Copa do Mundo para mulheres. De quebra, pode se tornar o primeiro país não europeu ou americano a conquistar uma Copa do Mundo Fifa na categoria adulta. Por outro lado, os EUA podem retomar a supremacia da Copa do Mundo, ganhando da Alemanha a corrida pelo tricampeonato.

terça-feira, 12 de julho de 2011

A derrota e a eliminação




O Brasil ter perdido para os Estados Unidos nos pênaltis e o Brasil ter sido eliminado pelos Estados Unidos, ao contrário do que parece, não são a mesma coisa. A derrota, ainda que nos pênaltis, é a parte chata e necessária do jogo. A eliminação (precoce, pelas finais que as meninas disputaram nesses últimos sete anos) é outra história.

O jogo foi conturbado. Um gol contra de Daiane em 80 segundos de disputa, jogadas ríspidas das brasileiras e violentas das americanas, uma cobrança repetida de pênalti capricho da árbitra, uma árbitra fraca, um golaço ilegal de Marta no tempo extra, três minutos de acréscimo em 15 de segundo tempo prorrogação, um gol de Wambach de novo – como em Atenas. E pênaltis.

E nos pênaltis, um erro estratégico. Um erro que é o vértice em que se encontram os motivos da derrota e da eliminação de hoje.

Não queria correr o risco de repetir o choro (quase sempre justificado, diga-se) de quem diz que “falta apoio ao futebol feminino no Brasil”. Mas é exatamente isso que eu vou fazer. Sem medo.

Jogos Olímpicos de Atenas, 2004. Sem saber que havia grandes craques no time, pois Cristiane e Marta ainda estavam em formação, tinham, respectivamente, 18 e 19 anos de idade, René Simões, com menos de um ano de trabalho, levou o time ao vice-campeonato olímpico, e com direito a poder reclamar muito da arbitragem no jogo decisivo. René Simões não é exatamente um treinador vitorioso, mas tem passagens nas seleções de base masculinas, levou a Jamaica à Copa do Mundo de 1998, e até 2004, havia treinado times no Brasil e no Oriente Médio. Em síntese, o Brasil foi a Atenas com um treinador.

No ciclo seguinte, veio Jorge Barcellos. Ele tinha experiência em categorias de base nas seleções femininas. Se o futebol das mulheres está engatinhando no Brasil, imagine o das meninas. Seu trabalho no time principal começou em 2006, com um vice-campeonato sul-americano, seguiu com um título no Pan do Rio e terminou com o vice-campeonato mundial e olímpico. Mesmo tendo feito um trabalho bom, convenhamos, não era um treinador pra Seleção Brasileira. E deu lugar a Kleiton Lima.

Não obstante haver levado o Santos a conquistar títulos nacionais e continentais, com todo respeito, toda vez que se fala nele alguém diz “e ele foi espião da seleção brasileira na Copa de 1994.” Ou seja, mais uma vez, a CBF contratou um treinador sem larga experiência larga. Faltou, de novo, cuidado da Confederação Brasileira de Futebol com o Futebol das mulheres. A eliminação da Copa, se nada anormal ocorresse, aconteceria a qualquer tempo.

Nem vou falar da preparação pro Mundial, com dois amistosos, contra o Chile e contra a Seleção Pernambucana. Nem vou falar da sobrecarga tática em cima de Marta ou da posição em campo de Érika, Maurine e Rosana, ou do medo que Kleiton tinha de fazer alterações no time. Vou falar dos pênaltis.

Por ter um treinador inexperiente, o Brasil foi pras cobranças da marca fatal com duas jogadoras abaladas psicologicamente. Cristiane, que perdeu o pênalti anulado no tempo normal, e Daiane, autora do gol contra no início do jogo. Cristiane até converteu sua cobrança. Mas Daiane, que pouco errou em toda a Copa, saiu de campo marcada pelo gol contra e pelo pênalti desperdiçado no jogo de hoje. Faltou um treinador que tivesse vivência o suficiente no futebol pra prever o buraco em que a zagueira se meteria na batida do pênalti.

O Brasil perdeu por causa um gol contra, um gol nos acréscimos infindáveis da prorrogação e um pênalti perdido. E o Brasil foi eliminado porque, mais uma vez, a seleção feminina foi tratada como subproduto pela CBF.

(republicado por erro de edição)

domingo, 10 de julho de 2011

A lição deca vez


(foto: FIVB.com)

Quando se perde, alguém chega e diz que “ficaram lições”. Ficaram mesmo. Pra mim, a perda da chance do decacampeonato pro Brasil, na Liga Mundial, serviu para:

1) Mostrar que a Seleção Brasileira não é imbatível. Embora seja o melhor time do mundo (não é porque perdeu uma Liga Mundial que deixou de ser), não é sempre que vai se superar no final, depois de um campeonato mediano. Afinal de contas, a primeira fase, com duas derrotas pros EUA, e a quase derrota pra Cuba, na segunda fase, mostraram que já houve campanha melhor do nosso sexteto.

2) Confirmar minha impressão de que a seleção brasileira masculina não tem renovação. A título de comparação, a média de idade da Argentina é de 23 anos; no Brasil, os jogadores mais jovens da fase final, Bruno e Lucão, têm 25. Também se diga que Cuba tem vários jogadores mais novos do que qualquer um da delegação brasileira, como Leon, Cepeda, Hernandez, Mesa.

E se alguém disser, “mas é tarde pra encontrar jogador novo, o time que vai a Londres tem que esse mesmo”, digo que, na Rússia, campeã hoje à tarde, Mikhaylov e Grankin chegaram à seleção principal em 2008. No mesmo ano, foram efetivados como titulares do time olímpico, botando dois medalhões, Poltavski e Khamuttskikh, no banco. Resultado? O time só parou na semifinal, contra os EUA, num jogo dramático, decidido no tie-break. Onde estão nossos campeões júnior de 2007 e 2009?

Mauricio foi o maior pontuador da final de 2009, contra Cuba, e ano passado, a chance dele foi ser líbero reserva de Mário Jr. na fase final da Liga, e Wallace, do Sada/Cruzeiro, campeão em 2007, também nunca teve uma chance de verdade, só pra citar alguns exemplos. Nossos ponteiros de confiança, Giba, Dante e Murilo, são os mesmos desde 2005. Giba só fica até ano que vem. Sobram Dante, 31 anos, e Murilo, 30. É pouco provável que essa dupla esteja em quadra, digamos, em 2016. E continua faltando outro ponteiro pra, ao menos, compor o time.

Será que vamos continuar estreando jogadores com mais de 30 anos, como Marlon, ano passado, e João Paulo Bravo, esse ano?

3) O time tem alguns problemas no que se refere, em especial, a duas posições. Temos dois bons levantadores. Bruno e Marlon não deixam a desejar. Mas também não são do primeiríssimo time, como Mauricio e Ricardinho nos acostumaram. Ter Bruno e Marlon no time é quase certeza de que o titular, em algum momento do jogo, terá de ser socorrido pelo reserva – e eu não falo, apenas, em inversão de 5-1. Na Liga passada, Marlon entrou no lugar de Bruno e deu conta do recado. No Mundial da Itália, Bruno substituiu Marlon, doente, e não decepcionou. Nessa Liga Mundial, contudo, os dois não foram suficientes, oscilaram demais e não está claro, hoje, quem deva começar jogando.

A outra posição é a de oposto. Leandro Vissoto é a maior aposta de Bernardinho, mas sofre de um problema crônico de sonolência em quadra. Theo, o reserva, até entra bem no time, como nessa fase final da Liga, embora, às vezes, pareça não contar com a confiança do levantador. E me parece, ainda, estranho que Wallace tenha sido “aprovado” por Bernardinho, na fase inicial, e tenha sido deixado de lado. Nessa posição, realmente, me parece a briga mais indefinida por vaga no plantel.

O resumo dessa Liga Mundial 2011 do Brasil é que: o time não é invencível, está ficando velho e não tem um levantador ou um oposto 100% confiável. Em Londres vai ser dureza. Mas uma coisa que dá pra saber dessa seleção é que, de dificuldade, ela gosta.

sábado, 9 de julho de 2011

Com locais e sem tabela

A Federação Internacional de Handebol (IHF) divulgou as sedes de cada grupo no Mundial feminino de São Paulo, em dezembro. Ao contrário do que eu supunha, a primeira fase não será itinerante, cada grupo tem sede estabelecida. A tabela é que não saiu ainda, o que impossibilita saber contra quem o Brasil jogará na partida de abertura.

O grupo C, chave do Brasil, será em São Paulo, no Ibirapuera. O ginásio também será sede de duas partidas das oitavas de final e de todos os jogos das quartas de final em diante.

Eis a distribuição das sedes por grupo:

Grupo A – SANTOS – Noruega, Montenegro, Angola, Alemanha, China, Islândia

Grupo B – BARUERI – Rússia, Cazaquistão, Holanda, Coreia do Sul, Espanha, Austrália

Grupo C – SÃO PAULO – Romênia, França, Brasil, Tunísia, Cuba, Japão

Grupo D – SÃO BERNARDO DO CAMPO – Suécia, Dinamarca, Croácia, Argentina, Costa do Marfim, Uruguai

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Os argentinos cresceram


(foto: FIVB.org)

De 2009 pra 2010, embalado pelas previsões obrigatórias de fim de ano, comecei a acreditar que 2010 seria um bom ano pro vôlei argentino. Depois de quase uma década e meia dependendo de Milinkovic, a Argentina despontava com bons resultados nas categorias de base e levava, rapidamente, os garotos pro time adulto. Isso somado à fase final da Liga Mundial/2010 ser na Argentina, cravei: a Argentina termina o ano entre as quatro melhores seleções do mundo.

Errei.

Na Liga, uma campanha melancólica, perdendo todos os jogos da primeira e da segunda fases. Veio o mundial da Itália, e os portenhos até iam bem, mas enfrentaram Rússia e Sérvia na terceira fase e caíram antes das sêmis. Não foi, de fato, o ano do vôlei argentino. Mas a geração não estava perdida.

Na primeira fase da Liga Mundial deste ano, poderiam ter garantido a classificação com dois jogos de antecedência, mas acharam de perder pra Finlândia, em casa. Tiveram de ir à Sérvia conseguir a vaga. E conseguiram. Depois de perder o primeiro jogo, os argentinos sapecaram 3 a 0 no time da casa e garantiram vaga na fase final.

E, agora, na fase decisiva, onde se diz que os homens e os meninos se separam, eis que os meninos argentinos se mostram homens e já cumprem a melhor campanha da história da seleção em ligas mundiais. Com vitórias sobre Itália e Bulgária, já estão nas semifinais. Finalmente, entre os quatro melhores do mundo.

O melhor desse time argentino, sem dúvida, é a perspectiva de longevidade. Do time que enfrentou hoje a Bulgária, o jogador titular mais velho foi o líbero Alexis González, que completa 30 anos no próximo dia 21. Os demais não têm, sequer, 25 anos, são mais jovens do que qualquer jogador da seleção brasileira.

O destaque do time é Facundo Conte, 21, que é o maior pontuador dessa fase final da Liga e tem um aproveitamento quase inacreditável de 61,2% no ataque.

Independente do que faça nas semifinais, quando enfrenta Brasil ou Rússia, times evidentemente mais fortes do que já enfrentou no torneio, a Argentina sai fortalecida do campeonato e com a ideia de que pode, enfim, voltar ao pódio do vôlei, de onde está afastada desde o bronze nos Jogos de Seul/1988 – quando nenhum dos principais jogadores pensava em vôlei ou, até, nem havia nascido.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Leitura do jogo

Admito: não vi a estreia brasileira na fase final da Liga Mundial de Vôlei. Vou comentar o resultado, e nada, no esporte, é mais pobre do que comentar resultado. Dizer que o time foi bem porque ganhou de muito ou foi mal porque perdeu de um azarão ou que se superou porque virou um jogo em que perdia por 2 a 0 é muito cômodo. Do mesmo jeito, é dizer que “o melhor da partida de hoje foi Lucão, porque ele, sendo é um central marcou 18 pontos no ataque, 20 no total.” Isso, per si, não quer dizer nada. Vou confiar no que andei lendo e acreditar que ele foi mesmo o melhor jogador em quadra contra Cuba.

Mas tem uns dados que, realmente, merecem registro.

Li, no ponto a ponto do globoesporte.com, que Vissoto passou em branco no primeiro set. Zero ponto. Sem ter visto o jogo, repito, prefiro dizer que ele voltou sem ritmo da contusão da semana passada e, no decorrer da peleja, até marcou cinco vezes no ataque. Mas isso me preocupa, porque é mais fácil dizer que a história dele na seleção mostra um jogador imprevisível, capaz de arrebentar na decisão de um Mundial e de não jogar rigorosamente contra, digamos, Porto Rico.

Vejo, o resumo da partida no site da Federação Internacional de Vôlei e leio o blog de Bruno Voloch, na UOL. Marlon jogou mal os dois primeiros sets e deu lugar a Bruno nos sets da virada. Isso tem se tornado comum. E também seria comum se fosse o contrário: Bruno entra mal no jogo e Marlon comanda o time na vitória. O lado bom é que mostra que a seleção tem dois bons levantadores. O lado ruim é que mostra que a seleção não tem um levantador cem por cento confiável – é bom, no fim das contas, ter dois levantadores do nível deles, já que não dá mais pra ter um Ricardinho.

Sigo no site da FIVB. Dante começou o jogo como titular, o Brasil perdeu dois sets, ele foi pro banco e deu lugar a Giba, que pontuou dez vezes nos três últimos sets. Já pedi, em nome da história dele e pelo que vi ano passado, que Giba tomasse a iniciativa de deixar a seleção por cima, antes das Olimpíadas de Londres. O sinal de alerta fora a reserva inquestionável no Mundial da Itália. Mas, qual o quê!?

Na Liga desse ano, Giba tem jogado muita bola, (mais, até, do que Murilo em alguns momentos) e merece ser titular. Dante ainda está voltando e espero que esteja bem fisicamente no campeonato que vale de fato, em dezembro, na Copa do Mundo do Japão.

No mais, uma salva de palmas pra Bernardinho. E eu digo isso pelo jogo que eu vi, mais cedo, entre EUA e Rússia.

Stanley fez uma partida ruim. Patak, seu reserva imediato, toda vez que entrava no jogo, era pra sacar. Sacava, pontuava, animava o time e saía. O treinador americano, Alan Knipe, não teve a ousadia, sequer, de testá-lo em jogo mesmo, tirando um cara que estava mal. Resultado: Rússia 3 a 1, EUA na lanterna do grupo.

O técnico ianque precisa ver os jogos do Brasil e perceber que Bernardinho, salvo uma ou outra teimosia, não tem medo de botar reservas em quadra pra virar um jogo. Hoje, ele mudou três jogadores do segundo pro terceiro set e escapou da derrota.

Amanhã, tem Brasil e EUA. Pode valer a classificação. E eu não vou poder ver, de novo.

Riem nas quartas. Vão rir no domingo?


(foto: http://www.facebook.com/officialussoccer)

A definição dos confrontos das quartas de final da Copa do Mundo feminina de Futebol foi cruel com a Seleção Brasileira. O Brasil fez a melhor campanha da fase, melhor ataque, junto com Alemanha e França, única defesa zerada, etc. e tal. Mas aí a vitória das suecas sobre as norte-americanas pôs as ianques no caminho de Marta & Cia. E a história mostra: não há adversário pior de para enfrentar do que os EUA.

Essa é a sexta Copa do Mundo de Futebol das mulheres. Os EUA têm dois títulos e três terceiros lugares.

Em quatro edições do Futebol feminino em Olimpíadas, os EUA levaram três ouros e uma prata – perderam para a Noruega, em Sydney/2000, na prorrogação.

Nos torneios de grande relevância, as ianques sempre chegaram, pelo menos, nas semifinais. O detalhe é que nunca saíram sem medalham. Noutras palavras, quartas de final, até hoje, é uma terra em que elas não conhecem derrota.

A única coisa boa dessa história é que, com certeza, as americanas não gostaram nada, nada de enfrentar o Brasil no próximo domingo. Elas podem até se lembrar das duas últimas finais olímpicas, mas não se esqueceram da semifinal de 2007.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Quebrar o gelo e balançar a rede


(foto: Gazeta Esportiva)

A Copa América de Futebol não encanta. Mais do que pelo futebol pobre praticado pelas seleções do continente – e pelas sub-22 convidadas, México e Costa Rica – foi a falta de gols que chamou a atenção na primeira rodada. O fato de a rede não haver balançado no gol inaugural da competição (foto) foi um péssimo prenúncio.

As seis partidas do torneio produziram oito gols, o que dá uma média de 1,33 gols por partida – de quebra, ainda houve dois zero a zero. A Copa América, no entanto, não está sozinha: no começo, todo mundo é meio tímido.

Na Eurocopa de 2008, disputada na Suíça e na Áustria, a primeira rodada teve média de 2 gols por partida, o que não é muito animador. No fim das contas, a média foi de 2,48 gols por jogo. Nada excepcional, nada decepcionante. Normal.

Na Copa do Mundo da África do Sul, ano passado, a primeira rodada teve uma média (ridícula) de 1,56 gols por jogo. Míseros 25 gols em 16 partidas, e ainda contando com a benesse de a Alemanha ter feito quatro em cima da Austrália. Terminado mundial africano, Espanha campeã com a pior média de gols da história – oito tentos em sete prélios, média de 1,14 gols em cada jogo – a Copa, ao contrário do que tudo indicava, não teve a pior média da história (a honraria ainda cabe à Copa da Itália, em 1990): a média final foi de 2,26 g/p.

E, vejam, até as meninas ficam tímidas também. As oito partidas da primeira rodada da Copa do Mundo deste ano só viram a rede balançar 14 vezes. Mas, no segundo round, as coisas claramente melhoraram: com 24 gols, a rodada teve média de 3 gols em cada jogo.

Na Argentina, ainda tem muitas partidas pela frente. E tomara que muitos gols também.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Yane, sim! E Priscila e Larissa também


(na foto: LArissa Lellys, Yane Marques e Priscila Oliveira)

O ranking divulgado pela União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM) reflete o surpreendente crescimento do esporte nessas terras tupiniquins. Yane Marques atingiu sua melhor posição e é a quarta colocada, com Priscila Oliveira na 19ª posição e Larissa Lellys em 26º. Mais até do que isso, mostra o nível que o Pentatlo Moderno atingiu em Pernambuco – eis que todas moram e treinam no Recife.

Yane Marques ganhou fama nacional com o título no Pan do Rio, em 2007. No ano seguinte, a pentatleta de Afogados da Ingazeira se tornou a primeira brasileira nata disputando uma Olimpíada nesse esporte – antes dela, o Brasil importara Samantha Harvey, dos EUA, pros Jogos de Atenas/2004. E Yane, apesar dos problemas que teve na prova de equitação, ficou na 18ª colocação, superando o 25º lugar de Samantha, quatro anos antes.

Depois disso, ela ficou em segundo lugar na final da Copa do Mundo de 2009, no Rio de Janeiro, foi sexta colocada no Mundial de Chengdu, na China, ano passado e, agora, alcançou uma posição no ranking que lhe faz sonhar, quem sabe, com um pódio em Londres.

Mas se engana quem pensa que o pentatlo brasileiro é só Yane Marques.

O ranking de Priscila Oliveira e de Larissa Lellys faz as duas acreditarem que seja possível conquistar uma vaga olímpica. Como só é permitido que o país inscreva duas pentatletas, a briga entre as pernambucanas (Larissa nasceu na Paraíba, mas veio morar em Pernambuco com poucos dias de vida) promete ser muito boa. Boa como, aliás, vem sendo.

Mês passado, sem a presença de Yane, as duas disputaram ponto a ponto o campeonato sul-americano. O equilíbrio foi tamanho que, ao fim das provas de Esgrima, Natação e Equitação, as duas estavam empatadas na liderança. No biatlo (corrida e tiro), deu Priscila, com 34s de folga.

A briga por uma segunda vaga em Londres, ao que tudo indica, vai ficar aqui em Pernambuco mesmo. Mérito das pentatletas e, é claro, do técnico delas, Michael Cunningham.

Nesse fim de semana, em Londres, tem a final da Copa do Mundo. Do Brasil, só Yane participa. Do jeito que as coisas têm caminhado (e esgrimado e nadado e montado e atirado), é possível que, em 2012, a sertaneja volte à capital britânica, acompanhada de uma rival conterrânea.

domingo, 3 de julho de 2011

Três do trio

(foto: Fifa.com)

Se a Seleção Brasileira ainda não jogou um futebol primoroso, na Copa do Mundo da Alemanha, pelo menos o segundo tempo da partida contra a Noruega mostrou que o ataque brasileiro, finalmente, entrou em campo. Depois de um primeiro tempo amarrado, limitado a um chute de fora da área de Rosana e com um golaço irregular de Marta – ela derrubou duas norueguesas, uma com um drible, uma com um empurrão pelas costas –, o trio adiantado brasileiro voltou com vontade, no segundo tempo, resolveu o jogo em três minutos.

Primeiro, Marta fez uma jogada de Marta, tocou pro meio da área, Cristiane, com a visão de jogo que tinha há três anos, fez o corta-luz e Rosana marcou o segundo gol. Em seguida, Cristiane marcou a zagueira na entrada da área, conseguiu roubar a bola da goleira, mas chutou em cima da defensora. Marta aproveitou o rebote e sacramentou a classificação brasileira, 3 a 0, sem susto e com futebol. Elogios à zaga – Daiane, Aline e Érika – que não deu chance à bola alta das nórdicas.

O Brasil, em três minutos de segundo tempo, conseguiu vaga às quartas de final, conheceu um trio ofensivo competente e reencontrou o bom futebol de Marta. E que venha Suécia ou EUA.

Liga Mundial: de novo, um grupo da casa e um grupo da morte

Não entendo ao certo o critério da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) na escolha das chaves da fase decisiva da Liga Mundial. Se foi por sorteio, deviam dizer que colocou as bolinhas no globo e quem as puxou.

Assim como na Liga Mundial de 2003, o time da casa este ano – a Polônia – foi agraciado com adversários bons, enquanto os “marvado” estão todos na outra chave.

Comparemos os grupos deste ano:

Grupo E:
Polônia (time da casa)
Argentina (um bom time e com um certo conjunto adquirido nas seleções de base, mas muito jovem ainda)
Itália (bastante renovada, se aproveitou do esfacelamento do time cubano)
Bulgária (que se classificou a duras penas, graças à incompetência da Sérvia)

Grupo F:
Brasil (dispensa credenciais)
EUA (atual campeão olímpico)
Rússia (melhor campanha da primeira fase)
Cuba (só é o mais fraco da chave porque perdeu três titulares esse ano, Simon, Hierrizuelo e Leal)

Melhor dizendo: num grupo está o pódio dos Jogos de Pequim (EUA, Brasil e Rússia), estão os dois finalistas do último mundial (Brasil e Cuba), ao passo que não há ninguém premiado recentemente na chave polonesa. Caminho aberto pro time da casa chegar às semifinais, assim como em 2003, né?

Só para ilustrar a composição das chaves, há oito anos: enquanto a Espanha enfrentou Sérvia, Grécia e Rep. Tcheca, no grupo E, Brasil, Rússia, Itália e Bulgária se digladiaram no grupo F. O resultado? A Espanha perdeu para Sérvia e Rep. Tcheca, ficou fora das semifinais e o Brasil voltou pra casa com o título.

Pode ter sido um bom prenúncio.

Sorte nas bolinhas

Para coroar a noite em que conquistou o Pan-Americano de Handebol (35-16 contra a Argentina), a Seleção Brasileira foi agraciada com uma boa chave no sorteio dos grupos para o Mundial feminino. Bem diferente do mundial de 2009, na China, quando o Brasil caiu no grupo de Suécia, Alemanha, França, Dinamarca e Congo!

As brasileiras escaparam das gigantes – as russas e as norueguesas –, e ao invés de enfrentarem Coreia do Sul ou Alemanha, que estavam no pote 3, vão jogar contra a Tunísia, cuja tradição no Handebol se resume ao time masculino. As adversárias mais fortes do grupo são a Romênia, terceira colocada no europeu do ano passado, e a França, vice-campeã do mundo em 2009, num campeonato em que, vejam só, estreou perdendo para o Brasil. Cuba, que há muito não assusta as brasileiras, e Japão completam o grupo C.

O emparelhamento das partidas nas fases de mata-mata ainda não está definido, portanto, ainda não dá pra dizer com time de que grupo o Brasil pode cruzar na segunda fase. Mas, como quatro times se classificam em cada chave, e pensando num confronto de oitavas de final, é importante que as brasileiras fiquem, pelo menos, em segundo lugar na chave para enfrentarem uma terceira colocada de outro grupo – posição que dificilmente será ocupada por Rússia, Noruega, Coreia do Sul, Suécia ou Dinamarca.

Também não está claro quem o Brasil enfrenta na abertura do Mundial, no dia 02/12. Contudo, se a ordem das seleções usada na tabela for a mesma que aparece no site da Federação Internacional de Handebol (IHF), o Brasil seria o time C3 e enfrentaria, na estreia, C5, que é Cuba. Mas isso é ESPECULAÇÃO, ainda faltam muitos esclarecimentos sobre a tabela por parte da IHF e, por que não, da Confederação Brasileira de Handebol, cujo site se encontra “em manutenção” há alguns dias.

Eis os grupos:
Grupo A
• Noruega
• Montenegro
• Angola
• Alemanha
• China
• Islândia

Grupo B
• Rússia
• Cazaquistão
• Holanda
• Coreia do Sul
• Espanha
• Austrália

Grupo C
• Romênia
• França
• Brasil
• Tunísia
• Cuba
• Japão

Grupo D
• Suécia
• Dinamarca
• Croácia
• Argentina
• Costa do Marfim
• Uruguai

sábado, 2 de julho de 2011

O mordomo nega tudo

Ainda não se sabe que suplemento alimentar foi usado por Cielo e cia., mas, http://www.blogger.com/img/blank.gifagora, já se sabe o nome da farmácia onde foi manipulado, em Santa Bárbara D'Oeste - Anna Terra. Enfim, um avanço, um segredo a menos.

E, então, um retrocesso, uma volta terrível à estaca zero: a farmácia apareceu pra negar a versão da CBDA. Disse que a contaminação "por suspensão de partículas" até pode ter havido, mas não é algo provável. Disse que as duas manipulações em questão foram feitas em cabines diferentes e que os "tabuleiros são higienizados após o uso."

Agora, por uma questão de transparência, a CBDA vai ter que abadonar o laconismo e mostrar esse tal relatório.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Não é estranho?

A farmácia de manipulação, em Santa Bárbara D’Oeste, que lidou com o suplemento alimentar dos nadadores admitiu a culpa. Antes da tal manipulação, o mesmo balcão tinha sido utilizado para manipular outro medicamento, que continha furosemida, e, pela pressa dos atletas, o farmacêutico descuidou da assepsia e acabou “contaminando” o suplemento com resquício do material que era utilizado no outro remédio. Tudo esclarecido. Já podemos passar para o próximo assunto – Copa América, quem sabe.

O que me deixa intrigado é que, se foi descuido, Cielo e cia. podem pedir na justiça uma indenização por danos materiais (perda de premiação do Maria Lenk, perda das medalhas e certificados) e danos morais (incalculável, ainda mais que Cielo é o nadador mais rápido do mundo e, portanto, de fama em escala planetária). Além do quê, essa farmácia, agora, também está com a imagem totalmente arranhada: você manipularia um medicamento num lugar sem higiene? Pois o erro alegado é de falta de higiene.

E, no entanto, a farmácia foi logo levantando a mão e dizendo "fui eu que errei."

Se você não acha isso estranho, eu acho.

P.S.: lamentável que Cielo tenha convocado a imprensa para ler uma nota oficial, redigida pela assessoria, e não tenha permitido que lhe perguntassem nada.

E a trama se complica

Se não fosse o Mundial de Xangai batendo à porta, os quatro nadadores seriam punidos com rigor? Ou será que os outros três pegaram carona na mesma pena de Cielo?

Daynara de Paula pegou seis meses de suspensão, ano passado, também por furosemida, e o médico do programa antidoping do COB diz que “Não podemos comparar penas. A substância pode ser a mesma, mas tem que avaliar se mostra negligência ou culpa do atleta. Seis meses, a pena tradicional, às vezes cai em um período em que o atleta não tem competição importante. Outra hora você dá dois meses e, se fossem três, tiraria do Mundial. Às vezes não é tão grande para tirar do Mundial por uma coisa não grave.”

A história é contada cada vez pior. Se a punição é para não punir de fato, para que punir, ou mesmo, para que o antidoping?

Em 2007, Jaqueline ficou fora dos Jogos Pan-Americanos por uso de sibutramina. Maurren Maggi, em 2003, foi flagrada com clostebol e não disputou o Pan de Sto. Domingo nem as Olimpíadas de Atenas, no ano seguinte. E agora o médico Comitê Olímpico Brasileiro, responsável pelo controle antidoping, diz que não vai suspender ninguém por causa do mundial?

Há algo de podre, não no reino da Dinamarca, e sim, na piscina brasileira. Pesos e medidas não estão conferindo.

Investigar, sim




Antes da punição branda a Cesar Cielo, Henrique Barbosa, Nicholas Santos e Vinicius Waked, uma advertência com base nos antecedentes dos nadadores, a CBDA deveria estar preocupada em investigar o caso.

Cielo, Henrique Barbosa e Nicholas são nadadores do Flamengo. Além disso, Waked e Nicholas Santos fazem parte do PRO (Projeto Rumo ao Ouro), criado pelo próprio Cesar Cielo para preparação de nadadores de alto nível e com chance de conquistar medalhas olímpicas e em mundiais. E os quatro testaram positivamente para furosemida, a mesma substância encontrada num exame em Daiane dos Santos, ano passado. Pelo que se diz, a substância em si não serve para melhorar o desempenho esportivo, mas para mascarar o uso de alguma substância dopante.

O que pode depor a favor dos atletas (embora se deva reconhecer que depoimento não é sentença) é que nenhum deles conquistou grandes marcas ou resultados na competição em que foi realizado o teste, o Troféu Maria Lenk, em maio. Cielo, inclusive, foi derrotado por Bruno Fratus, na prova dos 100m livre. Waked foi terceiro nos 200m livre e quarto nos 100m. Henrique Barbosa, com experiência olímpica em Pequim, terminou os 100m peito em quarto lugar. Nicholas Santos, que também competiu em http://www.blogger.com/img/blank.gifPequim, foi o terceiro na prova dos 50m livre.

Os maus resultados na competição no Maria Lenk não podem servir como álibi dos nadadores. É preciso que eles expliquem melhor que suplemento alimentar ingeriram – pois Cielo disse que consumiu, no período, um suplemento que usa habitualmente – e é preciso, inclusive, que os outros três não usem como escudo a figura do campeão olímpico. Todos devem, sim, explicações.

O Blog de José Cruz foi taxativo: chama de "farsa olímpica", fala em proteção da cartolagem a Cielo, inclusive no eufesmismo que usou para falar do doping – “resultado adverso”. Não quero ir, ainda, a tal extremo, apesar de concordar com o jornalista no tocante à hipocrisia vocabular da CBDA. Mas quero, sim, que o caso seja investigado e esclarecido. Por enquanto, tudo é névoa.