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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Disciplina maldita

A convocação das sete ginastas brasileiras que vão para a aclimatação em Londres (disputam cinco vagas nos Jogos) foi um tremendo tiro no pé. A exclusão aparentemente definitiva de Jade Barbosa das Olimpíadas é o pior desfecho possível para a tragédia de erros que foi o caso envolvendo a atleta contra a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). Todos erraram, mas nem todos os erros têm o mesmo peso.

Jade errou. Hesitou na hora de assinar o tal termo de compromisso para vestir a camisa da CBG, que tem patrocinador diferente do seu, e não se apresentou à seleção, ao contrário das outras colegas convocadas. Percebeu o erro. Demorou pra fazê-lo, é verdade, mas o fez. Implorou pra voltar e disse que aceita as condições da Confederação. Pronto. Isso deveria bastar.

A CBG erra. Primeiro, porque foi tão intransigente quanto a própria atleta no caso do termo não assinado. E erra, agora, porque, com o intuito de mostrar força e de dar um recado de intolerância contra a indisciplina, deixou em casa a melhor ginasta do time. Duvido, no fim das contas, que o patrocinador da Confederação queira o fardo de ter sido pivô involuntário da celeuma. E esse caso pode resultar desastroso para a equipe em Londres (o discurso hipócrita da CBG de que o Brasil já está entre os 12 melhores do mundo não vai convencer ninguém, quando o resultado mostrar que as meninas não foram além disso nos Jogos).

É preciso dizer que o Brasil por muito pouco não ficou sem equipe feminina na ginástica artística. A vaga veio com a repescagem, dependendo de uma nota razoável de Daniele Hypólito na trave, com drama, sem brilho. Sinal de uma modalidade que renovou muito pouco desde nos últimos quatro anos e que, indiscutivelmente, o país ficou para trás no cenário mundial da disputa. Abrir mão da única ginasta que teve alguma atuação decente pela seleção nesses últimos anos beira a burrice.

Nesse ciclo olímpico, na prova do salto, Jade conquistou medalha de bronze no Mundial de Roterdã/2010 e foi quarta colocada no de Tóquio, ano passado. Esses dois resultados foram as únicas participações de uma brasileira numa final por aparelhos, nos últimos três anos.

Além disso, ela coleciona um bronze no individual geral do Mundial de Stuttgart/2007 e foi décima colocada em Pequim, quando competiu gravemente contundida na mão e teve de ficar um ano afastada do esporte por isso. Foi, também a dona das melhores notas da seleção, na campanha olímpica de 2008, que deixou o Brasil em oitavo lugar.

Uma medalha para Jade não era provável, diga-se, mas ela era, sem dúvida, a melhor aposta da ginástica feminina brasileira. Poderia fazer, ao menos, um bom papel no salto e no individual geral.

Currículo, ela tem. Pedir desculpas, ela pediu. Mas isso não foi suficiente para que a CBG perdoasse a moça. O discurso de que o time é vencedor só por estar lá já começou a ganhar eco. E, pelo jeito, estará na bagagem da delegação, quando desembarcar ao Brasil.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Foi a folhinha

Ter vencido a seletiva norte-americana com o segundo melhor tempo do ano, ser o atual campeão olímpico e vice mundial da prova não foram apelo forte o suficiente para que Michael Phelps disputasse os 200m livre em Londres. O ianque, segundo seu treinador, preferiu se concentrar mais nas provas de revezamento.

É possível que o calendário olímpico da natação tenha feito o multimedalhista abdicar dessa disputa. As eliminatórias dos 200m livre estão marcadas para a sessão matutina do dia 29, com as semifinais para a noturna. Nestas mesmas sessões, o revezamento 4x100m livre dos EUA entra na piscina para defender o título suado 2008. A decisão dos 200 livre está marcada para a noite do dia 30, quando estão marcadas também as semifinais dos 200 borboleta (eliminatárias pela manhã).

Qual seja, em dois dias, se tudo der certo, o norte-americano terá nadado sete vezes, com perspeciva de, no dia seguinte, cair na piscina outras três - para as provas do 4x200 livre e para a final dos 200 borboleta. Claro que provavelmente ele seja poupado de uma ou outra prova de revezamento, mas vai ser, ainda assim, uma maratona desgastante.

Porque, no fim das contas, Michael Phelps vai disputar os 100 e 200 borboleta, os 200 e 400 medley e os revezamentos 4x100 livre e medley e 4x200 livre. E disputar sete medalhas nos Jogos Olímpicos, para quem completou 27 anos no sábado passado, é um desafio ao condicionamento físico, um acinte. Sete medalhas em Londres, sem importar a cor delas, se vierem, virão com mais sacrifício do que os oito ouros de Pequim, quando, inclusive, o calendário lhe foi mais simpático.

Olhos abertos


(foto: zimbio.com)

Ninguém duvidava que Usain Bolt se classificasse para defender, em Londres, os títulos dos 100 e 200m rasos. E suas marcas nas seletivas jamaicanas não foram nada desprezíveis - 9s86 e 19s83, respectivamente. Entretanto, o que deve estar tirando o sono do jamaicano é que esses tempos não foram suficientes para bater seu compatriota Yohan Blake.

É claro que o importante numa seletiva olímpica é a vaga. Mas é pouco achar que Bolt estava correndo em Kingston só pensando no carimbo no passaporte, e não, no resultado em si. Ele sabe - Blake também - que esse duelo caseiro era uma importante batalha de uma guerra psicológica que deve eclodir em Londres. E Blake, essa batalha, venceu.

Admito que o título mundial nos 100m rasos não foi o que mais me espantou em Blake - e acho que nem a Bolt. Porque muito mais se creditou sua vitória ao erro do adversário, que queimou a largada, do que à velocidade do campeão. Só fui perceber que o homem era rápido de verdade, quando venceu os 200m rasos no meeting de Bruxelas, com um tempo muito próximo do recorde do compatriota (até fiz uma crônica sobre o caso).

Se eu já pensava que Blake poderia vencer os 200m rasos em Londres, começo a acreditar que isso seja possível, também, nos 100. E acho que agora até o Homem-Raio, embora ainda favorito, também acredita nisso.

domingo, 1 de julho de 2012

As últimas



Com a vitória do Canadá agora há pouco sobre o Japão, estão definidas as seleções do femininas de basquete em Londres. As canadenses ficaram com a quinta e última vaga do pré-olímpico. A superstição recomenda champagne: as duas últimas participações canadenses em Jogos Olímpicos coincidiram com as duas únicas medalhas do basquete feminino do Brasil.

O Canadá se junta a Croácia, Turquia, França e Rep. Tcheca, que haviam conquistado a vaga anteontem, a Brasil, Angola, Austrália, Rússia e China, campeões dos pré-olímpicos continentais, EUA, campeão mundial, e Grã Bretanha, país-sede.

Entre as doze seleções estão todas as medalhistas das quatro últimas olimpíadas (EUA, Austrália, Rússia e Brasil) Em relação às Olimpíadas de Pequim, são seis novas seleções: saem Mali, Nova Zelândia, Letônia, Bielorrússia, Espanha e Coreia do Sul, entram França, Canadá, Angola, Turquia, Croácia e Grã Bretanha. Essas quatro últimas seleções, aliás, estreantes na modalidade.

Ficam, também, definidas as duas chaves olímpicas. O Brasil estreia contra a França. A tabela brasileira está aqui.

Grupo A
EUA
Rep. Tcheca
China
Angola
Croácia
Turquia

Grupo B
Austrália
Rússia
Brasil
França
Canadá
Grã Bretanha

Sem parâmetro

A edição do Grand Prix de vôlei deste ano foi das mais fracas. Difícil fazer prognóstico para Londres tendo o resultado da competição como base. Uma pena, porque mostra que a competição anual, com ausências e times mistos, tem perdido importância.

O título conquistado pelos EUA até pode ser considerado como demonstração de força. É o terceiro consecutivo das ianques, igualando a marca brasileira entre 2004 e 2006, foi um campeonato invicto, foi uma campanha que começou com o time titular e terminou com o reserva sendo campeão. Ouro certo em Londres? Isso já não dá pra dizer.

Porque se é verdade que as meninas de Hugh McCutcheon bateram adversárias da primeira fase olímpica - Brasil, China, Turquia e Sérvia -, por outro lado, não jogaram contra o time principal da Itália nem contra a Rússia, que não dá muita bola mesmo ao Grand Prix.

No fundo, o torneio deste ano só serviu, mesmo, para mostrar que dois times sempre candidatos a medalha estão ainda longe dela. Com um elenco bem jovem, a China parece mais um time para 2016 do que para 2012. E o Brasil, que parece ter definido apenas parcialmente o plantel para Londres, encontrou dificuldades nas primeiras rodadas contras times medianos e, o cúmulo, perdeu para o time reserva dos EUA nas finais.

O Grand Prix deixa como certeza o poderio do elenco norte-americano. E só.