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terça-feira, 28 de junho de 2011

Ruins de conta

O puxão de orelha é duplo.

A primeira orelha puxada é da Confederação Brasileira de Vôlei. Se as comissões técnicas das seleções brasileiras – masculina e feminina, diga-se – são conhecidas pelo auxílio estatístico que dão aos respectivos treinadores no estudo do jogo e na análise do adversário, é de ser admirar a tremenda bola na antena da CBV.

Na madrugada do domingo, dia 26, logo após a derrota contra os EUA, o site da entidade publicou que a seleção ainda tentaria garantir vaga na fase decisiva da Liga Mundial esta semana, contra a Polônia. Refeitas as contas, a correção veio na segunda-feira. Ao meio-dia, o site da confederação noticiou que o Brasil já estava classificado, dizendo, no entanto, que a classificação só veio no fim da rodada, quando os jogos dos outros grupos já haviam sido realizados.

Não foi assim.

No sábado à tarde, a Polônia venceu Porto Rico. À noite, os EUA fizeram 3-1 contra o Brasil. Com esse resultado, pelo possível desempate no set average, o Brasil só perde o primeiro lugar da chave para a Polônia, o que lhe dá, assim, a segunda vaga do grupo, classificação direta à fase final. Erro da CBV.

Certo, foi só um descuido, eu é que sou chato mesmo.

A segunda orelha puxada é da imprensa especializada.

Logo depois do jogo em questão, os portais nacionais de notícia lamentavam a chance de classificação desperdiçada:

“Em jogo nervoso, EUA vencem e adiam classificação do Brasil” (globoesporte.com)

“Brasil repete atuação, perde dos EUA e adia classificação” (ig.com.br)

“EUA vencem e adiam classificação brasileira na Liga Mundial” (terra.com.br)

“EUA vencem por 3 a 1 e adiam classificação do Brasil” (gazetaesportiva.net)

Até o blog de Bruno Voloch, na UOL, dizia, na manhã do domingo, 26, que “A seleção tem bola para se classificar contra a Polônia e certamente conseguirá.”

Compreendam: o problema, aqui, não está no erro matemático em si. A questão é que as correções nesses sites só ocorreram depois do release redentor da CBV. A investigação estava ao alcance de qualquer um e ninguém se preocupou em checar, de fato, se a matemática já não havia qualificado a seleção.

Esse equívoco é a repetição de uma confusão matemática ocorrida no Mundial feminino, ano passado.

Ao contrário da Liga deste ano, o primeiro critério de desempate não era o set average, mas o ponto average. Assim, quando o Brasil venceu os EUA por 3x1, na última rodada da segunda fase, houve quem dissesse que a Itália não tinha mais chances de chegar às semifinais. E tinha: bastaria às bambinas vencerem as cubanas por, digamos, um triplo 25/18 para que a vaga fosse delas. Mas a Itália perdeu o jogo e livrou a imprensa brasileira de maiores explicações.

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