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sábado, 31 de março de 2012

Dream Team convocado

(foto: fiba.com)


Campeão invicto nas últimas quatro olimpíadas, o time feminino de basquete dos Estados Unidos que vai disputar os Jogos de Londres foi convocado nessa sexta-feira. Das medalhistas de ouro há quatro anos, seis se mantêm no time. Swin Cash, que estava no time de Atenas/2004, mas ficou fora de Pequim, por contusão, está de volta. Tamika Catchings, Sue Bird e Diana Taurasi tentarão o terceiro triunfo, o que as deixará perto dos quatro de Lisa Leslie. O time é praticamente o mesmo que conquistou, com os pés nas costas, o Mundial da Rep. Tcheca/2010.

Ainda falta um nome para compor o elenco, e o técnico Geno Auriemma cogita chamar a uuniversitária Brittney Griner, 21. Veja a relação das onze convocadas:

Seimone Augustus - ala
Sue Bird - armadora
Swin Cash - ala
Tamika Catchings - ala
Tina Charles - pivô
Sylvia Fowles - pivô
Angel McCoughtry - ala
Maya Moore - ala
Candace Parker - ala/pivô
Diana Taurasi - ala/armadora
Lindsay Whalen - armadora

sexta-feira, 30 de março de 2012

Saudade do vôlei

Se a Superliga de vôlei masculino deste ano tem toda a emoção que tem faltado à feminina, a partida que decidiu a série semifinal esta noite, entre Minas e Osasco, em BH, me trouxe uma recordação. Uma das melhores recordações que eu tenho do vôlei.

Comecei, como o pessoal de minha idade, a me interessar pelo vôlei entre o final dos anos 80 e início dos anos 90, quando o time masculino do Brasil brigava com Itália, URSS/CEI/Rússia, Cuba e EUA pelas primeiras posições nos campeonatos mundo afora, e quando o feminino começava a transição que o levou, em meados da década retrasada, ao nivel dos melhores do mundo. A rivalidade com Cuba, naqueles idos, fez nosso vôlei crescer um bocado.

Naquele tempo, posso dizer isso aos mais novos, quem gostasse de vôlei se ligava na Bandeirantes e acompanhava as recém-criadas Liga Mundial e Grand Prix, e aprendia, com o Prof. Paulo Russo, o que era uma China, uma bola de primeiro tempo, um levantamento na entrada ou na saída. Sem querer ser saudosista, mas sendo saudosista, pois sou saudosista, mesmo, não há, hoje, ninguém na TV aberta ou fechada que comente o jogo como o Professor comentava, com didatismo sem repetição, sem adjetivos excessivos, sem maquiar e sem medo de criticar o ídolo que jogasse mal.

Mas, sobretudo, que começou a acompanhar vôlei vinte anos atrás vai se lembrar de Marco Antônio. Ele morreu em 2004, num acidente de carro, mas seus bordões são eternos.

"Vai jorrar petróleo" ou "Afunda, afunda, afunda... a-fun-dou!", quando o ataque era potente e direto na quadra adversária. Mas se o levantador era quem atacava (e pontuava), lá vinha ele com um "Segundinha de primeira". É claro que um saque errado perto do set point merecia um "Que hora, hein!", entretanto, o último ponto era um "Maaaatch point". De todos, o melhor era quando, num lance duvidoso, ele e Paulo Russo concordavam que a marcação deveria ser contra a Seleção Brasileira. Sem pestanejar, ele dizia "A gente torce, mas não distorce" - e um monte de gente hoje deveria levar isso à risca, quando narrasse jogos da seleção brasileira seja lá de que esporte for.

Mas isso tudo foi porque, hoje, o Osasco bateu o Minas. Três sets a zero. Quase posso ouvir Marco Antônio, com sua voz grave, precisa, dizendo que o jogo, 25/18, 25/18, 25/18, "virou receita médica".

quarta-feira, 28 de março de 2012

Youtube Olímpico V

Pequim, 2008. O atirador norte-americano Matthew Emmons chegou às Olimpíadas lutando pelo bicampeonato. Em Atenas, com a vitória na prova da Carabina Deitado 50m, o homem foi o único ianque, no tiro masculino, a conquistar uma medalha de ouro. Por isso, na China, recaíam sobre a arma dele as maiores chances de título do país.

Emmons disputou duas provas. Tentava novamente o título na prova que o consagrou na Grécia, mas ficou em segundo lugar. Perdeu para o ucraniano Artur Ayvazyan, que disputava sua terceira olimpíada e jamais havia conquistado medalha alguma. Para não sair de Pequim sem conhecer o ponto mais alto do pódio, restava-lhe a Carabina de Três Posições.

Convém dizer que Emmons, em Atenas, atirou nessa prova e não se saiu bem, terminou apenas em oitavo lugar. Só que, quatro anos mais tarde, esta parecia ser a competição que renderia um ouro.

Depois de chegar à final em segundo lugar, o atirador do Tio Sam assumiu a liderança do concurso logo no primeiro disparo. Nos oito tiros seguintes, a distância dele em relação à concorrência só aumentou. No décimo e último tiro, sua vantagem para o vice-líder, o chinês Qiu Jian, era de 1,4 ponto. Para se ter ideia do que isso representa, quando atirou pela última vez, Jian fez 10,0 pontos (a mosca vale 10,9 pontos). Bastava, portanto, um tiro de 8,7 para Emmons ficar com o título, ao passo que seu pior tiro, na sessão final, havia sido 9,7. Traduzindo, quando Matthew Emmons foi atirar pela última vez, era só por protocolo, pra cumprir tabela, o ouro era barbada. E, para completar a festa de Emmons, o segundo colocado era um chinês, resultado importante para os Estados Unidos na guerra quente contra os anfitriões no quadro de medalhas.

Mas ele, inexplicavelmente, falhou. De tão ruim, seu tiro não apareceu nem dentro do alvo eletrônico da TV. Com o inacreditável 4,4, Matthew Emmons fez o pior tiro dentre todos os finalistas, deixou boquiaberta a comentarista de TV (na verdade, Katerina Emmons, atiradora da República Tcheca, campeã em Pequim, e esposa de Matthew), e - dá pra adivinhar, mesmo sem saber mandarim - deixou entre atônito e eufórico o narrador da televisão chinesa, pensando, certamente, noutro ouro do time da casa. Mais do que isso: Emmons terminou em quarto lugar, sem medalha, sem pódio, sem nada.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Eton foi logo ali

(foto: facebook.com/LuanaBartholo)


Foram apenas 40 dias de treinamento, mas Fabiana Beltrame e Luana Bartholo conquistaram o direito de disputar os Jogos Olímpicos nas regatas do skiff duplo peso leve. A vaga para Londres (Eton, na verdade, pois esta é a sede das provas de remo e canoagem) veio nesse fim de semana, nas raias de Tigre, na Argentina, com um segundo lugar no pré-olímpico latino-americano. Será a terceira olímpíada consecutiva para Fabiana, que vai completar 30 anos mês que vem, e a estreia para Luana, que completou 27 mês passado.

Se pensar em pódio parece um sonho ainda distante, distância aumentada pelo curto período de existência da dupla, Luana Bartholo quer, ao menos, fazer história em seu debut olímpico. Seu desejo, em Londres, é "chegar à final A, estar entre as seis melhores do mundo. Mas, se conseguirmos a final B, já será o melhor resultado do Brasil (no remo feminino) em Olimpíada". Até hoje, o máximo que uma remadora brasileira conquistou numa edição dos Jogos foi o 14º lugar de Fabiana Beltrame no skiff simples, em Atenas/2004, posição que obteve com a segunda colocação na final C. Em Pequim/2008, Fabiana venceu a final D, o que a classificou como 19ª.

A expectativa da carioca, de pôr o barco brasileiro entre os 12 melhores, se explica justamente naquilo que é a maior desvantagem do time: o tempo curto de existência da dupla. O êxito na missão pré-olímpica faz a atleta pensar que as duas podem chegar bem longe.

"Perdemos um pouco (de tempo), sim, porque as outras duplas já estão formadas há pelos menos dois anos. Mas tenho certeza de que com foco e determinação conseguiremnos compensar a falta de tempo. Treinamos juntas só 40 dias e já conseguimos ganhar de duplas campeãs pan-americanas", diz a remadora, que, como Fabiana, também é atleta do Flamengo.

Na Argentina, as brasileiras só ficaram atrás das donas da casa, Milka Kraljev e María Klara Rohner (campeãs no Pan de Guadalajara, competindo no skiff quádruplo). Por outro lado, as remadoras tuniquins deixaram para trás a dupla mexicana Analicia Ramirez e Lila Perez Rul, e o barco das cubanas Yoslaine Dominguez e Yaima Velazquez, ouro e prata, respectivamente, no Pan de Guadalajara (Yaima também foi ouro no Pan do Rio/2007, remando com Ismaray Marrero).

O próximo teste para a agora dupla olímpica do Brasil no skiff peso leve será na segunda etapa da Copa do Mundo de Remo, entre 25 e 27 de maio, em Lucerna (Suíça). Luana Bartholo e Fabiana Beltrame já terão mais dois meses de remadas e poderão mostrar do que serão capazes mais dois meses adiante, quando estarão no lago de Eton, a uma hora de Londres.

Pressão por repetição

(foto: divulgação)

Ano passado, no Mundial de Ginástica Artística de Tóquio, Arthur Zanetti ficou com a prata nas argolas. O brasileiro só foi derrotado pelo chinês Chen Yibing, campeão olímpico em Pequim e tetracampeão mundial no aparelho.

Nesse fim de semana, na etapa de Cottbus da Copa do Mundo, o brasileiro repetiu a medalha nas argolas e só foi superado, de novo, por Chen Yibing (gostava mais quando chamavam o cara de Yibing Chen). Coincidência? Tem mais.

Em Tóquio, a nota de Zanetti foi 15.600, a mesma em Cottbus. E como se não bastasse, essa pontuação é produto da soma de 6.500 na nota de dificuldade com 9.100 na execução, pontuações que o ginasta obteve nos dois eventos.

Pra não ficar tudo igual, a nota de Yibing, na Alemanha, foi menor do que no ano passado, no mundial: se ali foi 15.800, dessa vez foi 15,675 (a queda foi na nota de execução, de 9 para 8.875, o que pode ser considerado normal, já que a temporada está só no início).

Com a artroscopia de Diego Hypolito há duas semanas, que vai lhe custar um mês de preparação, as expectativas de medalha brasileira na ginástica em Londres recaem sobre Zanetti. Pode ser a primeira medalha olímpica do Brasil no esporte que mais cresceu por aqui nesse século. Seus resultados são animadores, mas a pressão da imprensa e da torcida já derrubou e tirou do tablado muita gente que foi aos Jogos pensando em pódio e voltou com o estigma (injusto) de ter amarelado. Adversário para Arthur Zanetti tão duro quanto Chen Yibing.

Bom de verdade

(foto: handball.no)


Sempre que leio que alguma seleção brasileira de handebol se deu bem contra um gigante europeu, corro pra ver se o time adversário era o titular. Lembro que, ano passado, o time masculino que se aprontava pro Pan de Guadalajara venceu algumas partidas contra a Dinamarca. Um resultado de botar medo em todo mundo, não fosse o fato de os dinarqueses terem vindo ao Brasil com um time sub-25. Mas quando dizem que os dois empates do time feminino contra a Noruega foram animadores, sou obrigado a concordar: as nórdicas levaram para os amistosos da semana passada, em Londres, várias campeãs do mundo de 2011.

A artilheira da decisão contra a França, Kristine Lunde (foto), e também Marit Frafjord, Karoline Breivang, Kari Johansen, Heide Loke, Linn Sulland, e por aí vai. Não descobri se a goleira era Haraldsen, mas tudo bem (só encontrei no site da federação norueguesa informações sobre quem fez os gols do time em cada jogo, nada sobre qualquer outra estatística).

Foram duas provas de fogo e as brasileiras se saíram bem. O primeiro empate, em 29 gols, na quinta-feira, teve como goleadoras a norueguesa Sulland e a ponteira brasileira Alexandra, ambas com 8 gols. Já no segundo amistoso, no sábado, com empate em 25, Duda Amorim marcou 11 vezes e fez mais gols do que todo mundo.

Resultados que fazem o torcedor olhar com esperança para o futuro e com uma pontada de dor para o passado: foi um gol a 15 segundos do fim da partida contra a Espanha, nas quartas-de-final, que tirou o Brasil da caminho da Noruega nas semis. O resultado era imprevisível, mas dá pra pensar que teria sido um jogão.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Sem Bernard

Enquanto todo mundo fala no duelo à distância entre Cielo e Magnussen nas provas de velocidade, o atual campeão olímpico dos 100m livre, Alain Bernard, decepcionou. Com o tempo de 48s97, o nadador terminou campeonato francês de natração na quinta posição e não vai defender seu título em Londres. Ainda lhe resta competir no revezamento 4x100 livre da França, que ele ajudou a conquistar a prata nas Olimpíadas de Pequim/2008 e no Mundial de Xangai/2011.

Não foi só Bernard quem decepcionou. Frédérick Bousquet, companheiro de Cielo nos tempos de Austin, nos EUA, foi o sétimo colocado, e o vice-campeão dos 50m livre de Pequim, Amaury Leveaux, terminou apenas na quarta posição. Já o vice-campeão do mundo em Xangai, William Meynard, nem sequer conseguiu se classificar pra final.

As duas vagas francesas nos 100m livre masculino são de Yannick Agnel, que venceu com 48s02, e Fabien Gilot, segundo com a marca de 48s38.

Na sexta-feira, sai a definição dos representantes franceses nos 50m livre. campeonato prossegue até o domingo.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Mira imprevisível

A vida esportiva da arqueira chilena Denisse van Lamoen é das mais insólitas. Em Sydney/2000, com 21 anos recém-completados, Lamoen cheogu como vice-campeã pan-americana, mas foi a 59ª entre 64 competidoras nos tiros de classificação e foi eliminada logo no primeiro confronto. Impossivel participação mais discreta.

Dois anos depois, nos Jogos Sul-Americanos (que, cá pra nós, não têm relevância quase nenhuma), testou positivamente para anfetamina e perdeu as sete medalhas (seis de ouro) que conquistou. De castigo, passou um ano e meio suspensa. Como a equipe chilena não conseguiu vaga para os Jogos de Atenas/2004, ficou fora da disputa, o que também ocorreu para as Olimpíadas de quatro anos mais tarde.

Mas, numa virada quase inacreditável na carreira, num esporte dominado por europeias, norte-americanas, chinesas e, principalmente, sul-coreanas, Denisse van Lamoen se tornou campeã mundial em Turim, no ano passado. Um feito realmente histórico, que, sem exagero algum, a coloca no rol dos grandes esportistas da história do Chile.

Com o título, Lamoen teve o privilégio de ser, até agora, a única representante sul-americana no esporte nas Olimpíadas de Londres. Além disso, aliás, muito além, mesmo, o campeonato de tiro com arco em Turim foi o único título mundial conquistado por um atleta chileno numa modalidade olímpica. É pra entrar pra história ou não é?

Até hoje, o Chile só coleciona duas medalhas de ouro na história do olimpismo, ambas no tênis masculino e em Atenas/2004. Nicolas Massú foi o melhor no torneio de simples e, ao lado de Fernando González, foi também vencedor nas duplas. Lamoen é a chilena certa pra subir no pódio em Londres? Difícil dizer: no Pan de Guadalajara/2011, três meses depois do mundial, ela teve bursite e não ganhou medalha alguma. Foi só outro imprevisto, como era imprevisto um caso de doping numa edição dos Jogos Sul-Americanos e como era imprevisto ganhar o torneio na Itália. Com Denisse van Lamoen, tudo pode acontecer. Tudo, mesmo.

Um alerta pra dois


(foto: zimbio.com)

James Magnussen, hoje, exatamente hoje, é o cara da natação de velocidade. Foi campeão mundial nos 100m livre em Xangai/2011 e quase bateu o recorde mundial da prova, que ainda é de Cesar Cielo, uns dias atrás. Pra completar, nesta quarta-feira, nadou os 50m livres em 21s74. Está longe dos 20s91 que Cielo fez com um supermaiô, mas é melhor que os 21s85 que o brasileiro chamou de "recado". Enfim, se Cielo pensa em título olímpico, vai ter que bater o australiano em Londres. Disso, hoje, pouca gente duvida.

Porém, esse começo de ano amedrontador de Magnussen lembra um tanto a ascensão meteórica de seu compatriota Eamon Sullivan, em 2008. Naquele ano, o cara começou estabelecendo um novo recorde mundial pros 50m livre, o que o tornou favorito em Pequim. Depois, já nos Jogos, estabeleceu novo recorde para os 100m livre ainda nas semifinais e parecia que ia abocanhar os dois ouros mais rápidos das piscinas, coisa que só o norte-americano Matt Biondi (Seul/1988) e o russo Alexander Popov (Barcelona/1992 e Atlanta/1996) fizeram. Mas, que nada!

Quando a onça bebeu água, Sullivan foi superado por Alain Bernard e teve de se contentar com a prata nos 100. Quando caiu na piscina pros 50m, enxergou de binóculo, na sexta posição, a vitória de Cesar Cielo. Nos revezamentos, Sullivan ainda foi prata no 4x100m medley e bronze no 4x100m livre. Ou seja, voltou de Pequim recordista mundial nos 50 e 100m livre, mas não tinha nenhuma medalha dourada pendurada no pescoço.

Chegar favorito ou ser recordista não foi salutar em 2008. Ganha em Londres quem superar os adversários, o exemplo de Eamon Sullivan e os nervos.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Recado anotado e respondido


(foto: Comitê Olímpico Australiano)


Dias atrás, Cielo nadou os 50m livre em 21s85 e disse que aquilo era um recado pra concorrência. Pelo jeito, lá do outro lado do mundo, teve gente que levou a coisa mesmo a sério e respondeu. Não na mesma prova, mas numa moeda ainda melhor.

James Magnussen, no pré-olímpico australiano, nadou os 100m livre em 47s10. É uma marca que lhe daria o ouro em Pequim/2008, mesmo contra nadadores turbinados pelos supermaiôs. É o tempo mais veloz desde 2010, quando o acessório tecnológico foi vetado. O recorde mundial de 46s91, que pertence a Cesar Cielo desde 2009, nunca esteve tão ameaçado. Foi um recado claro e rápido do campeão mundial de Xangai/2011:

"Preparem-se. Eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para quebrar esse recorde mundial, porque quero ser considerado o homem mais rápido da história."

Youtube olímpico IV

Ian Thorpe falhou. Nas seletivas australianas pros Jogos Olímpicos, o nadador não conseguiu vaga nos 100 nem nos 200m livre. Depois de cinco anos oficalmente aposentado, ele havia retornado às competições no ano passado, visando participar das Olimpíadas de Londres. Uma pena não ter conseguido. Porque sua carreira, até parar, em 2006, era das mais vitoriosas da história do esporte. E porque venceu uma das provas de nível mais alto da natação olímpica.

Atenas, 2004. Michael Phelps chegava aos Jogos falando em conquistar oito medalhas, todas de ouro. Cacife, o norte-americano tinha: no Mundial de Barcelona, um ano antes, havia vencido quatro provas e ficado com a prata em outras duas (e tinha apenas 18 anos de idade). A missão, no entanto, era dificílima, pois as provas de velocidade no nado livre em Sydney/2000 haviam sido dominadas pelo holandês Pieter van der Hoogenband. Em Atenas, ele tentaria defender seus dois títulos olímpicos. Só que, para tanto, teria de bater o impetuoso Phelps e o rival de quatro anos antes, Ian Thorpe, que emergira da água em Sydney com três títulos. A prova dos 200m livre pôs os três titans na mesma piscina.

No primeiro dia da natação, Phelps saudou o público e a crítica, vencendo a prova dos 400m medley. Ocorre que, no dia seguinte, uma inesperada vitória do revezamento sul-africano no 4x100 livre lhe tirou a chance de conquistar os oito títulos que prometera. Ainda lhe restava, porém, tentar igualar os sete ouros que seu compatriota, Mark Spitz, conquistara em Munique/1972. Para isso, era preciso vencer os 200m livre. A prova que Hoogenband roubara de Thorpe em 2000.

Em Sydney/2000, a torcida australiana esperava que Thorpe vencesse as duas provas individuais de que participaria - os 200 e 400m livre - e conduzisse o revezamento da Austrália nos 4x100 e 4x200m livre e 4x100m medley. Com ele, a Austrália venceu os revezamentos de nado livre e ficou com a prata no dos quatro estilos. E ele até que conquistou a prova dos 400m livre, mas foi superado por Hoogenband nos 200m. Em Atenas, tinha a oportunidade de conquistar o título que o holandês lhe impedira.

Os 200m livre masculino em Atenas/2004, como se podia esperar, foi muito disputada. Hoogenband, na raia 4, liderou a competição por 150m, mas era sempre escoltado de perto por Thorpe, na 5. Na última virada, o holandês, que nadava bem abaixo do recorde mundial (que era de Thorpe desde 2001), ficou sem fôlego, sem pernas. Phelps, em prova quase discreta, talvez tivesse tirado a prata de Hoogenband, se ainda houvesse mais uns metros de piscina pela frente. A vitória, porém, e finalmente, dos 200m livre, era de Ian Thorpe, que estabelecia ali um novo recorde olímpico

Depois daquela derrota, Phelps jamais foi derrotado novamente numa prova olímpica. Em Atenas, depois daquele dia, conquistou cinco ouros e terminou a campanha com seis títulos e dois bronzes na Grécia - façanha hoje quase esquecida, em vista das oito vitórias em Pequim/2008.

Hoogenband, dois dias depois, teve sua revanche contra Thorpe, nos 100m livre, e não falhou: tornou-se bicampeão da distância, deixando o rival na terceira posição. Sua trajetória olímpica, que começou em Atlanta/1996 e terminou em Pequim/2008, teve três ouros, duas pratas e dois bronzes, medalhas que conquistou em Sydney e Atenas.

Já Ian Thorpe, com a vitória nos 200m, conquistava seu segundo ouro naqueles Jogos. O primeiro veio nos 400m livre, quando se tornou o segundo bicampeão olímpico da história da prova (o primeiro foi seu compatriota Murray Rose, em Roma/1960 e Tóquio/1964). Em duas participações, visitou o pódio olímpico nove vezes, sendo cinco no topo, três vezes como o segundo e uma em terceiro.

A prova que pôs ombro a ombro três dos maiores nomes da natação do século XXI esta neste vídeo.

domingo, 18 de março de 2012

Rússia, sim. E Polônia também


(foto: zenit-kazan.com)


Em Lodz, na Polônia, o Zenit Kazan bateu esta tarde o Belchatow no tie break e levou o título europeu de clubes. Mais do que a vitória do vôlei russo sobre o polonês, sobressai a constatação de que essas duas escolas são as que, hoje, dominam a modalidade no continente.

É bem verdade que o russo Zenit estava reforçado pelo levantador italiano Vermiglio e pelo ponteiro americano Priddy, mas estava cheio de jogadores da seleção nacional - Mikhailov, Apalikov, Sivozhelev, Volkov e Obmochaev. Do outro lado, o time da casa era praticamente a seleção polonesa, com Winiarski, Kurek, Klos, Woicki, Plinksi, Mozdzoneck e por aí vai. Nas semifinais, eles havia derrotado as legiões estrangeiras, respectivamente, do Trentino (italiano) e do Arkas (turco). Na prática, o ginásio de Lodz assistiu à mais uma decisão entre Rússia e Polônia, que se tornou frequente nos últimos meses.

No fim do ano passado, a dobradinha Rússia e Polônia evitou o tricampeonato brasileiro na Copa do Mundo e, de quebra, ganhou vaga para Londres/2012. Meses antes, os dois times fizeram uma das semifinais da Liga Mundial. Deu Rússia. E a Rússia levou a melhor sobre o Brasil na decisão do campeonato e a Polônia bateu a Argentina na disputa pelo bronze.

Não deixa de ser curioso notar o crescimento de russos e poloneses às portas dos Jogos de Londres, ainda mais pela campanha medonha que fizeram no Mundial de 2010, na Itália: a Rússia foi eliminada pela Sérvia e não chegou às semifinais, enquanto a Polônia levou duas sovas - de Brasil e Bulgária - e não avançou à terceira fase do torneio. Agora, a Polônia é séria candidata ao pódio olímpico e a Rússia, ao ouro.

sábado, 17 de março de 2012

"Today is my day"

A francesa Elodie Clouvel não precisou de muitas palavras pra resumir sua participação na etapa brasileira da Copa do Mundo. Mais eloquente competindo do que falando inglês, Clouvel foi modesta ao dizer que hoje era seu dia. Foi o primeiro título da francesa em uma etapa da Copa.

Pra conquistar a medalha de ouro no Rio de Janeiro, Clouvel foi a quinta melhor na esgrima, a mais rápida na natação e a segunda melhor no hipismo, o que lhe deixou na pole position do evento combinado. Sua compatriota Amelie Cazé largava em segundo, a nove segundos da líder. A briga pelo título seria das duas moças, se Cazé não perdesse tanto rendimento depois da segunda e penúltima passagem no estante de tiro, e caísse vertiginosamente para o décimo lugar. A vantagem de Clouvel sobre as outras era tão grande, que ser a 23ª na prova da corrida e tiro foi suficiente pra uma vitória folgada.

Quinta colocada na classificação final, a pernambucana Yane Marques se destacou, como sempre, na natação, em que foi a quarta melhor. No mais, fez uma prova pra ficar ali, no meio do bolo. Ela foi 13ª na esgrima, 12ª hipismo e 11ª no evento combinado. No evento combinado, depois de largar em terceiro lugar e de lutar com a egípcia Aya Medany pelo terceiro lugar, ambas viram a australiana Chloe Esposito e, principalmente, a russa Ekaterina Khurasina (que havia sido a segunda pior na natação) darem um gás danado no final e subirem no pódio.

A atual campeã olímpica Lena Schoneborn não completou o evento combinado (sinceramente, nem sei se ela largou) e ficou na 34ª posição. E a campeã do mundo Victoria Tereshuk, sequer, participou da final, por conta de uma contusão.

A próxima etapa da Copa do Mundo é na cidade húngara quase impronunciável de Szazhalombata, entre os dias 12 e 15 de abril. Até lá, Elodie Clouvel poderá praticar mais o inglês pra dar entrevista ao canal da UIPM ou, então, convencer o repórter a entrevistar o pessoal com um tradutor do lado.

CLASSIFICAÇÃO:
1º - Elodie Clouvel (França) - 5.512
2ª - Ekaterina Khuraskina (Rùssia) - 5.428
3ª - Chloe Esposito (Austrália) - 5.420
5ª - Yane Marques (Brasil) - 5.388

Atrás das francesas

Daqui a pouco começa o evento combinado da final da etapa brasileira da Copa do Mundo de Pentatlo Moderno, no Rio de Janeiro. Yane Marques larga em terceiro, 33s atráshttp://www.blogger.com/img/blank.gif da vice-líder, a francesa Amelie Cazé (três vezes campeã mundial). A líder é outra francesa, Elodie Clovel, que entra na pista nove segundos antes da compatriota.

Como a diferença de Yane em relação às francesas é muito grande e ela não costuma se sair bem na corrida (prova que compõe o evento combinado junto com o tiro), o mais provável é que ela fique mesmo é na briga pra sustentar o terceiro lugar - que seria sua segunda melhor classificação na história das etapas da Copa do Mundo.

Na final da Copa do Mundo de 2009, também no Rio de Janeiro, a pernambucana ficou com o segundo lugar. Naquela ocasião, o título foi da russa Donata Rimsaite - que hoje está apenas na 27ª colocação.

A prova deve começar às 17h e o link ao vivo é esse aqui.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Mais pentatlo, mais Yane

Mais uma vez na final de uma etapa da Copa do Mundo, agora, no Rio de Janeiro, a pentatleta pernambucana Yane Marques tem outra chance de confrontar adversárias que encontrará em Londres. É o caso da atual campeã olímpica e vencedora da primeira etapa da Copa, a alemã Lena Schoneborn, da campeã mundial do ano passado, a ucraniana Victoria Tereshuk, da campeã mundial de 2007, 2008 e 2010, a francesa Amelie Cazé (que não competiu semana passada, em Charlotte), e da campeã mundial de 2009, a chinesa Qian Chen.

E vai enfrentar gente que tenta uma vaga para os Jogos, como a a britânica Mhairi Spence e a surpreendente bielorrussa Anastasyia Prokopenko, prata e bronze, respectivamente, em Charlotte. Gente que disputa com a conterrâneas dela - Priscila Oliveira e Larissa Lelys - uma das sete vagas olímpicas pelo ranking mundial.

Danado é que, de novo, Yane é a única brasileira na final de uma etapa, o que deixa Priscila e Larissa cada vez mais longe da briga pelo sonho olímpico. Elas precisam subir no ranking, mas apenas veem as rivais estrangeiras pontuando em etapas da Copa do Mundo.

A disputa amanhã começa às 7h30, com a esgrima, e deve transcorrer durante todo o dia, com a natação, o hipismo e o evento combinado à tarde. O site oficial transmite a prova ao vivo.

Recado

"É sempre bom mandar um recado para os nossos adversários, com mais um melhor tempo do mundo."

(Cesar Cielo, em entrevista ao SporTV, logo depois de nadar os 50m livre em 21s85, em Belém, no sul-americano. Com esse tempo, na final do mundial de Xangai/2011, só teria perdido para ele mesmo, que assinalou 21s52).

domingo, 11 de março de 2012

Os antigos

O Mundial indoor de Istambul trouxe de volta três nomes que andavam sumidos no cenário do atletismo internacional.

Yelena Isinbayeva passou dois anos experimentando a vida de atleta comum, viu as adversárias crescerem (Fabiana Murer foi quem tirou melhor proveito do ostracismo da musa), mas, em 2012, ela voltou com tudo e toda prosa. Dia desses, de passagem por Estocolmo, a russa fez 5,01m e estabeleceu novo recorde mundial indoor para o salto com vara. Em Istambul, ela bem que tentou, sem sucesso, subir a marca em um centímetro. Besteira: com 4,80m ela se tornou campeã mundial pela sexta vez (a quarta em estádio coberto).

Pamela Jelimo foi campeã olímpica dos 800m rasos, em Pequim, com apenas 18 anos de idade. Não satisfeita, cravou as oito melhores marcas da temporada, conquistou a extinta Golden League (venceu as seis provas que disputou) e embolsou o prêmio de um milhão de dólares. Contudo, o ouro e o dinheiro parecem ter feito mal à queniana. Em 2009, ela foi a 21ª do ranking mundial, e em 2010 e 2011, não conseguiu correr nenhuma vez a distância abaixo dos 2 minutos. Mas correu em Istambul no tempo de 1min58s83 e está voltando para casa com um título mundial, coisa que seu currículo não tinha.

Justin Gatlin, ao contrário de Isinbayeva e Jelimo, não estava sumido só por problemas de resultados na pista, mas por um resultado positivo num antidoping realizado em 2006. Campeão olímpico dos 100 e bronze nos 200m rasos em Atenas/2004, o norte-americano pegou quatro anos de suspensão e não pôde, sequer, tentar competir em Pequim. Ele voltou às pistas timidamente em 2010, correndo acima dos 10s nos 100m e passando longe dos 20s00 nos 200m. Ano passado, concentrou-se apenas nos 100m e conseguiu a única marca que obteve abaixo dos 10s desde que voltou da suspensão - 9s95. Nada, contudo, que assombrasse, já que houve quatro americanos e um monte de jamaicanos mais rápidos que ele em 2011. Só que, em Istambul, ele enfrentou o campeão olímpico e mundial no 4x100m, o jamaicano Nesta Carter, e venceu os 60m rasos - como fez em Birmingham/2003, no único título indoor que possuía.

(fotos: iaaf.org)

O Lord não perdoa


(foto: iaaf.org)



Com a nobreza que o título de Lord lhe confere e com a autoridade de presidente da comissão organizadora dos Jogos, o ex-corredor Sebastian Coe foi taxativo: não quer que o velocista britânico Dwain Chambers compita nos Jogos. Ele alega que, se o Associação Olímpica Britânica (BOA, em inglês) baniu o corredor, não há por que um outro organismo (a Corte Arbitral do Esporte, no caso) modificar tal decisão.

Em 2003, Chambers foi punido com dois anos de suspensão por haver testado positivamente para o esteróide anabolizante THD (tetrahidrogestrinona), droga que, até aquele ano, não era detectada pelos exames de controle antidopegam. Ele foi um dos envolvidos no escândalo da Balco, laboratório norte-americano que fornecia essa substância aos atletas. O escândalo envolveu, inclusive, norte-americanos campeões olímpicos de Sydney/2000, como os ex-esposos Marion Jones e Tim Montgomery. Jones perdeu as cinco medalhas que conquistou (três de ouro) e Montgomery, medalhista de ouro no revezamento 4x100m, perdeu o recorde mundial dos 100m rasos, do qual era o detentor desde 2002.

Pelo regulamento da Associação Olímpica Britânica, o atleta nacional suspenso por dois anos ou mais pelo uso de doping fica impedido de disputar competições representando a entidade. Ou seja, Chambers pode disputar um campeonato mundial - como disputou o de Istambul e foi bronze nos 60m rasos - mas não pode participar dos Jogos Olímpicos.

A única participação olímpica de Dwain Chambers foi em Sydney. Na ocasião, ele ficou em quarto lugar nos 100m rasos, com o tempo de 10s08 na final. O título mais epressivo de sua carreira veio justamente depois da suspensão, quando foi o homem mais rápido do mundial indoor de Valência, em 2010.

A Corte Arbitral do Esporte (CAS) decide nesta segunda-feira se essa pena imposta pelo comitê britânico é válida. Se o CAS disser que o banimento é injusto, para desgosto do Lord Seb Coe, Chambers poderá pleitear vaga no time britânico que corre em casa.

sábado, 10 de março de 2012

Faltou fôlego

Depois de boa prova na natação e no hipismo, a brasileira Yane Marques não suportou o ritmo das adversárias e terminou a etapa de Charlotte da Copa do Mundo de Pentatlo Moderno em décimo lugar. O título ficou com a atual campeã olímpica, a alemã Lena Schoneborn, seguida da britânica Mhairi Spence e da supreendente bielorrussa Anastasiya Prokopenko, que largou, no evento combinado, na 18ª posição. Spence e Prokopenko, ao contrário de Yane e Schoneborn, ainda lutam por vaga para os Jogos Olímpicos.

O dia começou complicado pra brasileira, que venceu 17 combates e perdeu 18 na esgrima, ficando na 16ª posição. Mas, com o quinto melhor tempo na piscina (200m nado livre em 2min14s37) e apenas uma falta no concurso de saltos, que lhe rendeu o quarto lugar no hipismo, Yane chegou à quinta posição geral. No entanto, no Evento Combinado (Corrida e Tiro), ela fez apenas a 19ª marca, com o tempo de 12min02s37, e caiu para a décima posição.

A segunda etapa da Copa do Mundo é no próximo fim de semana, no Rio de Janeiro.

Pentatlo e ao vivo (III)

Contusão tira Ricky Rubio das Olimpíadas

Candidato a novato do ano na NBA, pelo Minnesota Timberwolves, e maior revelação do basquete espanhol dos últimos anos, o armador Rick Rubio está fora da temporada do basquete americano e dos Jogos Olímpicos de Londres. Ontem, num jogo contra o LA Lakers, a 16s do final da partida, ele tentou cavar uma falta de ataque de Kobe Bryant, mas acabou levando a pior: além de os árbitros marcarem falta sua, Rubio rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo.

Em sua temporada de estreia na NBA, Ricky Rubio tem a média de 10,6 pontos por jogo e de 8,2 assistências. Nas Olimpíadas de Pequim, Rubio tinha 17 anos de idade e foi o basqueteiro mais jovem da competição. Mesmo na reserva, teve média de 4,75 pontos por partida, assinalando seis deles na decisão, contra os EUA.

A previsão é de que ele não deve voltar às quadras em menos de seis meses. Essa contusão foi a mesma que sofreu Juliana, que faz dupla no vôlei de praia com Larissa, meses antes dos Jogos de Pequim.

Volta por cima



Karlshure, 12 de fevereiro de 2012: o costa-riquenho Nery Brenes disputa sua primeira competição na temporada indoor e vence a prova dos 400m. Contudo, é desclassificado por ter buscado as raias internas antes da distância regulamentar.


(foto: BBC)

Birmingham, 18 de fevereiro de 2012: Nery Brenes, campeão dos 400m rasos no Pan de Guadalajara, lidera a prova indoor com folga, quando, sozinho, tropeça e cai na reta de chegada.





Istambul, 10 de março de 2012: Nery Brenes, em 45s11, se torna campeão mundial indoor dos 400m rasos.

Uma notícia boa e uma melhor ainda

(foto: iaaf)


A notícia boa é que Mauro Vinícius da Silva, embora não tenha repetido a marca de ontem, ficou com o ouro no Mundial indoor de Atletismo de Istambul. Dois saltos a 8,23m de distância asseguraram ao brasileiro um título mundial supreendente, já que, até, sei lá, anteontem, os resultados dele não eram muito expressivos.

E a notícia melhor ainda é que, quando assinalou 8,23m pela primeira vez, Mauro Vinicius fez um salto horrível, não tocou na tábua de impulsão e ficou a quase 25cm da massa que delimita os saltos válidos.

Ou seja, ele ficou com o ouro e ainda tem potencial pra fazer um salto muito melhor.

Ficou distante

(Foto: iaaf)


Bronze no salto em distância do Mundial indoor de Doha, Keila Costa passou longe de repetir sua atuação de dois anos atrás. Com a marca de 6,45m, a pernambucana foi hoje apenas a 11ª colocada e não conseguiu vaga para a final em Istambul.

Amanhã, ela ainda deve competir no salto triplo.

Pentatlo e ao vivo (II)

Pentatlo e ao vivo

Às 10:30 horas, com os duelos na esgrima, começa a final feminina da 1ª http://www.blogger.com/img/blank.gifetapa da Copa do Mundo de Pentatlo Moderno, em Charlotte, EUA. Yane Marques é a representante brasileira. Chance de vê-lahttp://www.blogger.com/img/blank.gif enfrentando a alemã campeã olímpica e Lena Schoneborn, a ucraniana atual campeã mundial Victoria Tereshuk e várias rivais já classificadas para os Jogos de Londres, como a francesa Elodie Clovel e a lituana Laura Asadauskaite.

Além de Yane, o Brasil esteve representado em Charlotte por Priscila Oliviera, mas ela não se classificou para a final.

O site da União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM) transmite a prova ao vivo.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O jogo-campeonato (II)

(foto: CBV)


Se o jogo teve erros de passe demais pro meu agrado, se faltou equilíbrio no primeiro e no terceiro sets e se, no segundo, uma virada estranha (de 3-9 pra 11-9) definiu a sorte em favor das paulistas, o quarto set disputado entre Unilever e Sollys/Osasco, ontem à note, valeu o iongresso. E valeu a liderança da Superliga também, o que é igual a dizer que valeu não jogar contra o Vôlei Futuro nas semifinais.

A quarta e última parcial do jogo foi uma digna final de campeonato: quem o vencesse, terminaria a fase de classificação em primeiro lugar. Na prática, se desse Unilever, era como se o Osasco perdesse por 2-2, e o tie-break não valeria muita coisa. O set foi imprevisível, equilibrado, como vôlei de alto nível é. A diferença foi que Adenizia, no fim do set, começou a pontuar no ataque, o que liberou as ponteiras e deixou atônito o bloqueio da Unilever.

Deram o prêmio de melhor em quadra para Jaqueline, mas eu o teria dado a Adenízia, que, aliás, fez 15 pontos na partida, sendo oito só de bloqueio. Registre-se, também, que Tandara está voltando a atacar com a mesma potência com que atacava no Brusque e no Vôlei Futuro. Se continuar jogando como ontem, duvido que não vá aos Jogos de Londres.

O passe, como tem sido, foi de longe o pior fundamento da partida e foi assim para os dois times. Fernanda Venturini acabou sofrendo mais com a recepção do que Fabíola, que, no geral, distribuiu melhor o jogo do que carioca. No fim das contas, enquanto Fabíola poderia usar Adenízia, Jaqueline, Tandara e Hooker para atacar, Venturini só podia mesmo contar com Sheilla, pois Mari começou bem, mas foi visada pelo saque oposto e sumiu do jogo, e Regiane acabou substituída por Amanda no fim do terceiro set - se Natália fez falta ao Unilever no campeonato todo, ontem fez mais do que de costume.

Semana que vem começam os play-offs. O Osasco enfrenta o BMG/São Bernardo, o Unilever pega o Mackenzie, o Vôlei Futuro encara o Praia Clube e, no confronto mais interessante, Minas e Sesi decidem uma vaga pras semifinais. Tomara que o bom quarto set de ontem seja o tom dos jogos que vêm por aí.

O jogo-campeonato

A fase classificatória da Superliga feminina de vôlei termina hoje com o clássico de sempre. Desde a temporada 2002/2003 o vôlei feminino do Brasil está monopolizado por Rexona/Unilever, de Curitiba/Rio de Janeiro, e BCN/Finasa/Sollys, de Osasco. Eles arrebatam os últimos nove troféus e vêm decidindo os campeoantos nacionais, ininterruptmente, desde 2005. A partida é no Rio de Janeiro e, se vencer sem levar o jogo para o tie-break, o Osasco conclui a fase inicial com a melhor campanha. Senão, o primeiro posto permnanece, merecidamente, com o Unilever.

Com esse regulamento estúpido, que prevê séries melhor-de-três nas quartas e semifinais, mas um jogo só, em local previamente determinado, para a decisão (que vai ser em São Bernardo do Campo, este ano), ser primeiro ou segundo não muda muita coisa, um não terá vantagem sobre o outro, caso a história se repita de novo e eles decidam o título - a vantagem, nessa hipótese, é do Osasco, já que vai jogar numa cidade vizinha.

Quem fizer mais pontos pega o BMG/São Bernardo ou o Pinheiros, que ainda disputam a última vaga para os play-offs, e não deve encontrar muita resistência. Já o time de segunda melhor campanha vai encarar o Mackenzie ou o Praia Clube. É verdade que o Mackenzie tem um time muito voluntarioso, que compensa com juventude, bloqueio e defesa as deficiências no ataque e no passe, e é verdade, também, que o Praia Clube até chegou a vencer o Osasco nesta Superliga. Mas apostar em uma dessas equipes mineiras contra um dos dois gigantes não é recomendável.

O que vale o jogo de hoje, além da rivalidade eterna, é ver, mesmo, quem escapa de um possível confronto nas semifinais contra o Vôlei Futuro, único time da Superliga que conseguiu bater Osasco e Unilever. É preciso admitir que o time de Araçatuba, com Paula, Walewska, Fernanda Garay e Sikora, tem sido melhor no papel do que na quadra. Porém, depois de haver titubeado bastante durante a campanha, perdendo, até, um tie-break para o Minas em que vencia por 14-8, as meninas ganharam vida nova com a virada sobre o Unilever há três dias. (Na ocasião, o time de Bernardinho vencia por 2-0 e sucumbiu em cinco sets.)

Do outro lado da chave, nessa semifinal hipotética, quem terminar a fase na liderança vai pegar o vencedor da série entre o Minas e o Sesi, confronto que, no papel, deve ser mais fácil do que contra o VF.

Tomara que os dois times estejam pensando nisso e que seja um jogão.

A marca é boa

Com os 8,28m que saltou nas eliminatórias do Mundial indoor de Istambul, agora há pouco, Mauro Vinícius da Silva teria sido quarto colocado no mundial de Daegu e vice-campeão olímpico em Pequim/2008 no salto em distância. É bem verdade que a última final olímpica não teve lá grandes marcas na caixa de areia, mas, fazer o quê?, são os números.

Bom salto? Sem dúvida. Esperança pra Londres? Calma: só no ano passado, oito caras saltaram para além dessa marca. O que vale é que foi a melhor marca do ano e o melhor salto da vida do brasileiro.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Frescura britânica




A China proibiu seus atletas de http://www.blogger.com/img/blank.gifcomerem carne para evitar contaminação por clembuterol – substância dopante –, que é utilizado nas criações bovinas chinesas. Ok, tudo bem. Pode haver um quê de exagero, mas tem muito de precaução.

Mas, aí, o time britânico recebeu a recomendação de não apertar a mão de “rivais” para evitar doenças.

Era só o que faltava!

Pensando que o hooliganismo já foi chamado de “a doença inglesa”, tenho cá minhas dúvidas sobre quem pode adoecer com quem, num aperto de mãos em Londres.

Youtube olímpico III

Sábado passado, o ucraniano peso pesado Wladimir Klitschko venceu o francês Jean-Mark Mormeck e manteve os cinturões da Associação Mundial de Boxe, da Organização Mundial de Boxe e da Federação Internacional de Boxe. Das quatro associações mais importantes, ele só não tem o título do Conselho Mundial de Boxe, porque esse pertence a seu irmão mais velho, Vitali, e a mãe dos dois, dizem, não permite a luta. De qualquer modo, Wladimir tem 57 vitórias, sendo 50 por nocaute, e apenas três derrotas. Uma carreira que começou em novembro de 1996, cinco meses depois de se sagrar campeão olímpico.

Em Atlanta/1996, Wladimir Klitschko lutava pela categoria +91 Kg, como peso superpesado. Na estreia, ele enfrentou o boxeador da casa Lawrence Clay-Bey, que havia sido medalhista de bronze no mundial de 1995, e o venceu por 10-8. Na segunda luta, já nas quartas-de-final, nocauteou o sueco Attila Levin, no primeiro round. Nas semifinais, fez quatro golpes a um contra o russo Alexei Lezin, então campeão mundial, e foi para a decisão do ouro contra o tonganês Paea Wolfgramm.

Na luta decisiva, vê-se claramente que Wladimir Klitschko tinha melhor forma física que seu rival e que seu boxe era mais próximo do que se luta profissionalmente – com defesa e contragolpe – do que o que se luta como amador – em que o que vale é a quantidade de socos certeiros que se acertam no oponente. Assim, lutando como se deve no boxe amador e mais na garra do que na técnica, Wolfgramm começou melhor a luta e chegou ao terceiro e último round em pequena vantagem de 3 a 2.

Os últimos três minutos de luta mostram um Klitschko incisivo, com golpes contundentes (um deles faz o nariz do tonganês sangrar) e, enfim, vitorioso, campeão olímpico, com o placar de 7 a 3.

Porém, o vice-campeão, Paea Wolfgramm, é quem talvez tenha verdadeiramente feito história daquela noite de boxe em Atlanta: sua medalha de prata é, ainda hoje, a única conquistada por Tonga numa edição dos Jogos Olímpicos.

O primeiro vídeo contém os dois primeiros rounds e o início do terceiro. O terceiro round só termina no segundo vídeo, ambos postados por xyzSports.






domingo, 4 de março de 2012

Sob o teto em Istambul

(foto: http://istanbul2012wic.org )


O Mundial indoor de atletismo de Istambul, no próximo fim de semana, não é, exatamente, uma prévia olímpica, mesmo em março de 2012. Isso não quer dizer, por outro lado, que o campeonato deva ser subestimado. É claro que muita gente que já está de olho nas Olimpíadas não vai competir, mas é certo, porém, que esse pessoal vai ficar atento a quem estiver correndo, saltando e arremessando neste fim de semana.

Fabiana Murer não vai tentar defender o título mundial que conquistou em Doha, dois anos atrás. As polonesas Monika Pyrek e Anna Rogowska, campeã mundial outdoor em Berlim/2009, também não vão a Istambul . Entretanto, rivais suas, como a norte-americana Jenifer Suhr, a cubana campeã pan-americana Yarisley Silva, a britânica Holly Bleadsdale e a alemã Silk Spiegelburg estarão na disputa, assim como Yelena Isinbayeva – que, só pra meter medo em todo mundo, dias atrás, saltou 5,01m.

A prova genuína de velocidade vai ser a dos 60m rasos, porque não existe corrida indoor dos 100. No masculino, vale observar o que Justin Gatlin, homem mais rápido dos Jogos de Atenas/2004 e já sem muita pretensão nas provas outdoor, principalmente depois de longa suspensão por doping, vai fazer. Favoritismo, porém, é da dupla jamaicana – Nesta Carter, campeão olímpico e mundial em revezamentos, e Lerone Clarke, que não deve ter muita chance de ir pros Jogos de Londres e deverá correr tudo o que pode em Istambul. Eles devem protagonizar boa briga com o líder do ranking deste ano, o norte-americano Trell Kimons, outro que tem chances remotas de estar em Londres no mês de agosto.

Na mesma distância, no feminino, Veronica Campbell, atual bicampeã olímpica dos 200m rasos, bronze nos 100m rasos em Pequim e ouro no 4x100m em Atenas, é o grande destaque jamaicano, embora o favoritismo da prova seja da ianque Tianna Madison, que fez os três melhores tempos do ano e só deve assistir às olimpíadas pela televisão mesmo.

Outra prova que deve ser interessante é a do salto em altura feminino. Mesmo sem a grande estrela da prova dos últimos dois ciclos olímpicos, a croata Blanka Vlasic, o torcedor verá duas das maiores rivais da moça saltando em Istambul: a russa Anna Chicherova, bronze em Pequim e campeã mundial em Daegu e que tem batido Vlasic com certa frequência de uns tempos pra cá, e a italiana Antonietta Di Martino, bronze em Daegu. Duvido que Vlasic não assista à prova.

Boa, imagino, vai ser a luta pelo ouro no arremesso de peso masculino. A prova contará com o líder do ranking mundial outdoor do ano passado e vice-campeão do mundo em Daegu, o canadense Dylan Armstrong, o campeão olímpico Tomasz Majewski, da Polônia, o atual campeão mundial David Storl, da Alemanha, o atual vice-campeão olímpico e ex-campeão do mundo Christian Cantwell, dos EUA, além do também americano Heese Hoffa, que há muito não se destaca, mas sempre conquista boas posições.

Contudo, se eu pudesse escolher só uma prova pra assistir nesse campeonato (exceto, é claro, os saltos de Isinbayeva), eu pediria a prova dos 60m c/ barreira. É claro que o vencedor de Istambul não vai sair batendo no peito e exigindo medalha de ouro em Londres, mas ver em ação os dois últimos campeões olímpicos dos 110m c/ barreiras – Liu Xiang, que finalmente está de volta, e Dayron Robles, o vilão de Daegu – vale o ingresso sempre. E, de quebra, ainda tem o norte-americano Terrence Trammel, prata em Sydney/2000 e Atenas/2004.

Há outros nomes relevantes pra acompanhar, seja em nível nacional, como Keila Costa, bronze no mundial de dois anos atrás no salto em distância, e que vai competir, também, no triplo, e a velocista Ana Cláudia Silva, campeã pan-americana dos 200m rasos em Guadalajara, e que vai correr os 60m, seja em nível internacional, como a australiana Sally Pearson, prata em Pequim, campeã mundial em Daegu e líder do ranking mundial nos 100m c/ barreiras, e a queniana Pamela Jelimo, ouro em Pequim nos 800m rasos, que há muito não conquista nada relevante.

Em suma, da próxima sexta-feira até o domingo, vale a pena dar uma olhada no que Istambul tem pra mostrar.

sexta-feira, 2 de março de 2012

País olímpico e do vôlei também

(foto: terra.com.br)
Terça-feira, 29: por causa de umidade na quadra do Capoeirão, em Florianópolis, Cimed e Sesi atrasam confronto pela Superliga masculina de vôlei em quase duas horas. Para amenizar a situação, a organização improvisa ventilares no fundo de quadra.



Quarta-feira, 30: noutra partida da Superliga masculina, agora, em Belo Horizonte, o oposto Wallace, do Cruzeiro e da Seleção Brasileira, foi vítima de racismo. Na partida contra o Minas, ao que parece, uma mulher o chamou de “macaco” e proferiu outros xingamentos racistas. Até agora, nada aconteceu, além de uma nota oficial em que a CBV diz que repudia o fato. (foto: Alexandre Arruda - cbv.com.br)

Em duas noites consecutivas, com TV ao vivo e com quatro dos cinco melhores times do país em quadra, o Brasil mostrou que o vôlei, esporte que mais lhe rendeu vitórias nas últimas duas décadas, é dirigido com profissionalismo e zelo, e que, sobretudo, o país merece receber uma Olimpíada. É pra se orgulhar ou não é?