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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Musa

Marta ganhar o prêmio de melhor do mundo não é surpresa. Sentadas lado a lado no auditório em Zurique, as duas – Marta e Prinz – sabiam que o prêmio era da alagoana. A alemã, aliás, sabia disso há mais tempo.

Birgit Prinz descobriu, em 2007, que o troféu de 2010 iria para Marta. Não porque a brasileira defendesse o troféu de 2006, mas porque, naquele ano, a alemã vencera a Copa do Mundo e ainda viu Marta, na hora fatal, desperdiçar o pênalti que empataria o jogo. Ali, com um bicampeonato mundial no peito, Prinz percebeu que o título de melhor do mundo nunca mais iria para suas mãos.

É claro que, em 2007, Marta trocaria de bom grado o troféu de melhor jogadora pelo título que a alemã conquistou. Mas o danado é que a fisionomia incrédula de Prinz denunciava que ela aceitaria a troca como se lhe fizessem um favor, sem fazer maiores concessões.

Desde então, seja em dezembro, seja em janeiro, ano após ano, as duas chegam à Suíça sabendo qual vai ser a vencedora. Prinz, antes de premiação, já tem um olhar distante, abatido, como se tivesse burlado a surpresa do envelope lacrado e visse novamente o nome de Marta. A surpresa esse ano foi outra.

Prinz, sempre da maquiagem sóbria e óculos discretos, que lhe atribuem rumor culto à beleza, na premiação dessa tarde, foi ofuscada por Marta. Não pelo futebol de Marta, mas pela exuberância de Marta.

Longe do uniforme masculinizante dos gramados, Marta mostrou ter a mesma beleza do futebol que joga. Ela já era a melhor do mundo, a Pelé de saias, e, agora, é a musa da premiação da Fifa – acho que, essa, Prinz também sabe que perdeu.

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