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sábado, 1 de janeiro de 2011

Logo, logos

Devo ser um cara antiquado. Melhor: sou um cara antiquado.

Consultei duas comunidades do orkut, olhei alguns depoimentos no twitter. A imensa maioria dos internautas que se manifestaram sobre a logomarca dos Jogos Olímpicos de 2016 gostou do que viu. Um triplo abraço em 3D, valorizando as cores da Bandeira Nacional. A forma, além do um abraço, remete abstratamente ao Pão de Açúcar.

Essa junção de símbolo do Rio com signo da modernidade agradou quase em cheio na rede. Quase.

Olhando logomarcas de todos os outros Jogos Olímpicos, disponibilizado nesse link do globoesporte.com, dá para ver a “evolução” (não sei se o termo se aplica ao caso) dos desenhos ao longo do tempo – dos trabalhos artísticos dos primeiros Jogos, passando pela exaltação à tradição e chegando ao culto da logomarca em sentido absoluto.

È possível notar, por exemplo, que os Jogos de Saint Louis, em 1904, eram apenas um cartaz anunciando a Feira Mundial. É possível enxergar que a figura do atleta esteve presente até Amsterdã/1928 (exceto em Paris/1924) e só voltou, ainda que de maneira espectral, na logo de Pequim/2008.

Há menção a monumentos, como as Ruínas Gregas (Atenas/1896) e o Palácio de Westminster (Londres/1948), e a reprodução da Lupa Capitolina, estátua de bronze da idade média que retrata a loba amamentando Rômulo e Remo (Roma/1960).

Tem a simplicidade geométrica dos contornos na logo do da Cidade do México/1968 e na espiral de Munique/1972. Ou a simplicidade franciscana das logomarcas de Montreal/1976 e Moscou/1980 (a mais bela de todas, na minha visão caquética).

Tem a fixação ianque pelas próprias estrelas (Los Angeles/1984 e Atlanta/1996), a bandeira nipônica mostrando como se utilizar a cor branca (Tóquio/1964) e, até, um mapa nacional (Melbourne/1956).

Mas essa logomarca do Rio/2016 me deixou com uma sensação antiolímpica de vazio. Tenho a impressão de estar vendo nada.

Na melhor das hipóteses, posso pensar uma gravura dadaísta. Ou, na pior, achar que “faltou dinheiro para fazer o resto”. É claro que eu estou errado.

1 comentários:

Allan Mahet disse...

Prezado
Vi seu comentário após escrever o meu e creio que pensamos a mesma coisa. Dê uma olhada em minha postagem no meu blog.

Logo dos Jogos Olímpicos Rio 2016: Modernidade sem Alma

Após meses de suspense foi lançada a Logo dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

O desenho criado pela agência Tátil Design representa pessoas de mãos dadas num formato que lembra o Pão de Açúcar, cartão postal do Rio. Ela traduz com inspiração o espírito olímpico e seus atletas, o Rio e os cariocas, sua natureza, sentimentos e aspirações.

Obviamente que, principalmente em se tratando de uma logo olímpica, não irá agradar a gregos e troianos, mas é inegável a melhor receptividade do que teve a marca da Copa do Mundo de 2014.

Em minha leiga avaliação ocorreram erros e acertos na marca.

Como destaque positivo ressalto a clara inovação em propor uma logo tridimensional, diferente de tudo que já havia sido criado em termos olímpicos. Foram raros os momentos em que a mediocridade (Tóquio 64, Los Angeles 84 e Atlanta 96) foi deixada de lado e propuseram algo novo, como por exemplo em Munique 72, Barcelona 92 e Atenas 2004, sem cair no ridículo como Londres 2012.

No entanto creio que, apesar de bem resolvida a marca perde em espírito olímpico. Parece que falta algo. Parece que não lembra Olimpíadas. Sobra modernidade, beleza e uma certa leveza mas falta alma.

http://amahet.blogspot.com/2011/01/logo-dos-jogos-olimpicos-rio-2016.html