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sábado, 18 de junho de 2011

Dois passos para trás

O Basquete masculino do Brasil não vai a uma Olimpíada desde 1996. Mas depois da onda de renovação pela qual o esporte tem passado no país, é de se supor que alguma coisa esteja mudando – e para melhor.

A NBB ainda não é um sucesso absoluto, mas já teve três edições e começou a flertar com a TV aberta. O Grego, que conseguia desagradar jogadores e clubes, deixou a CBB. Hoje, há quatro brasileiros na NBA e eles, em maior ou menor grau, têm sido utilizados em seus respectivos times – talvez só Splitter possa reclamar do tempo que seu time o deixava em quadra. E a Seleção, com técnico argentino e jogadores de alguma expressão internacional, fez um bom mundial na Turquia, com uma vitória sobre a Croácia e ótimas partidas contra EUA e Argentina. Parecia que alguma coisa estava entrando no eixo. Parecia.

Mas eis que a NBB retrocedeu. O namoro com a Globo roubou do basquete nacionaluma decisão em melhor de cinco partidas para a temporada que vem: em 2012, o campeonato será decidido em um jogo apenas, porque é demais pedir que a TV aberta transmita três, quatro ou cinco jogos de basquete – ainda que sejam jogos decisivos. Uma perda sensível de qualidade por trinta dinheiros.

E, ontem, um golpe profundo: Magnano convocou Larry Taylor para a Seleção e espera que ele consiga ser naturalizado (não tive como não pensar no Futebol do Catar querendo, recentemente, comprar a naturalização de Ailton, paraibano e artilheiro na Alemanha).

Não fui daqueles ufanistas que se posicionaram contra o argentino Magnano no comando da Seleção Brasileira. Acho que o trabalho dele pode servir de espelho para o próximo brasileiro que assumir o posto e, ainda, que ele, pelo currículo olímpico que tem (ouro em Atenas/2004) pode fazer o Brasil disputar a edição de Londres e, quem sabe, voltar de lá com uma medalha. Poderia.

Naturalizar um americano não é inédito no Basquete de alto nível. A Alemanha fez isso com Demond Greene e Chris Kaman. A Rússia fez isso com J.R. Holden, no masculino, e Rebecca Hammon, no feminino. Todos presentes em Pequim/2008. Mas isso não deveria servir de exemplo.

O perigoso caminho da naturalização pode não ter volta. Primeiro, descobriremos que é mais barato naturalizar um ianque do que investir nas categorias de base. Depois, os clubes descobrirão que é mais barato contratar jogadores de terceira ou quarta linha do Basquete Americano, pela grife, do que investir nos jogadores daqui, já que os melhores daqui vão para os states. E, talvez, em alguns anos mais, descobriremos que a Seleção Brasileira não sabe mais falar português. Pessimismo?

1 comentários:

Anônimo disse...

Tempestade no copo d'agua !