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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Do chão

(foto: Reuters)

O Comitê Olímpico Internacional lançou, com nota no site e tudo mais, a pedra fundamental de um centro esportivo em Porto Príncipe, capital do Haiti. O COI promete – embora não diga como nem, principalmente, com quanto – ajudar o Comitê Olímpico Haitiano e o governo local a erguer, até 2014, um complexo com campo de futebol, pista de atletismo, quadras de handebol, basquete, vôlei e tênis. Na cerimônia, parece que ninguém falou em orçamento e verba, mas o mexicano Mario Vázquez Raña, presidente da Associação dos Comitês Olímpicos Nacionais, falou em “beneficiar a juventude haitiana”.

Com as urgências que tem o Haiti, que devastado por décadas de Papa Doc, uma economia incipiente, caos social e um terremoto há dois anos, é certo que a menor de suas preocupações seja o esporte. Qualquer centavo estatal deveria, primeiro, ter obrigações morais e materiais com a moradia de quem perdeu o pouco que lhe restava.

Por outro lado, esquecendo o alto rendimento, o esporte é um vetor de saúde, educação, lazer e cidadania. Na terra de ninguém em que o país se tornou, a prática esportiva pode ser um bom exercício (talvez não o melhor, e certamente não o único) de convivência e tolerância, além de uma alternativa para quem, como a extensa maioria de seus jovens, só conheceu a criminalidade ou a desumanização.

Se o governo haitiano estiver pensando assim e o COI entender que a grana por lá tem outras prioridades, o esporte, se conseguir driblar a corrupção do país, pode ser o início de um longo processo de reconstrução nacional, ainda que seja casa que se levante pelo teto.

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