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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O tamanho da piscina curta

Que ninguém se empolgue se a delegação brasileira voltar do Mundial de Natação em Piscina Curta, em Dubai, largamente medalhada. A distância de 25 metros não tem a popularidade nem a importância da de 50. Um atleta que se destaca na meia piscina não será, necessariamente, um nadador de ponta na piscina inteira. Exemplo:

O britânico Mark Foster nadou cinco olimpíadas – de Seul/1988 a Pequim/2008. Era especialista nos 50m livre, mas também compôs os revezamentos 4x100 livre, em 1988 e 1992, e o 4x100 medley, em 1988. Embora Mark Foster seja o maior vencedor da história dos mundiais de 50m livre masculino em piscina curta – ouro em 1993, 1999, 2000 e 2004, prata em 1997, 2002 e 2008 – o mais perto que Foster chegou de uma medalha olímpica foi o sexto lugar individual, em 1992, e o sétimo nos revezamentos 4x100 medley em Seul e 4x100 livre em Barcelona.

(Para não ser injusto com Foster, é preciso dizer que ele foi prata nos 50m livre em piscina longa em 2003, perdendo para Alexsander Popov, mas batendo Pieter van den Hooogenband e Jason Lezak. E foi bronze nos 50m borboleta, em 2001, prova que não faz parte do calendário olímpico)

Posso ter usado um exemplo ruim, pouco conhecido do grande público – o que faz o exemplo ser bom, pois esses títulos não lhe renderam muita fama. Vamos ver o inverso.

Quantas medalhas o maior nadador da história tem em mundiais de piscina curta? Uma. Michael Phelps venceu os 200m livre em 2004 e foi só.

Outro: qual a relação de Popov com os mundiais de piscina curta? Curta. Uma participação apenas, em 2002 (com o apelo patriótico de ter sido em Moscou o campeonato) e apenas dois bronzes conquistados.

E Ian Thorpe? Só participou de um mundial curto.

Mas, e as mulheres?

Inge de Brujin só competiu em um mundial. Dara Torres, com idas e voltas ao esporte, nunca se interessou pelo evento. Britta Steffen, a mulher mais veloz do Cubo d’Água e do Foro Itálico, também não.

“Aí, então, é preciso ter cuidado”, como diz Vinicius de Moraes. O mundial tem relevância, sim, senhor.

Numa comparação torpe, é possível dizer que seja um campeonato do mesmo nível de importância do mundial indoor de Atletismo.

Além disso, alguns dos grandes nomes da natação de 2008 para cá, como César Cielo Filho (que já disputou um mundial curto, em 2004), Nathan Adrian, Alain Bernard, Frédérick Bousquets, Oussama Mellouli e Federica Pellegrini participam do campeonato, o que traz glamour a algumas provas – especialmente nas especialidades de Cielo, os 50 e 100m livre.

E um fator histórico deve ser levado em conta: é o primeiro mundial (seja lá de que tamanho for a piscina) sem os maiôs tecnológicos.

Daí, os olhos do público devem se voltar para Dubai. Muito embora, buscar previsões para os Jogos de Londres/2012 seja exagerado – isso fica para o mundial de Xangai, em julho do ano que vem, na piscina certa.

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