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segunda-feira, 19 de março de 2012

Youtube olímpico IV

Ian Thorpe falhou. Nas seletivas australianas pros Jogos Olímpicos, o nadador não conseguiu vaga nos 100 nem nos 200m livre. Depois de cinco anos oficalmente aposentado, ele havia retornado às competições no ano passado, visando participar das Olimpíadas de Londres. Uma pena não ter conseguido. Porque sua carreira, até parar, em 2006, era das mais vitoriosas da história do esporte. E porque venceu uma das provas de nível mais alto da natação olímpica.

Atenas, 2004. Michael Phelps chegava aos Jogos falando em conquistar oito medalhas, todas de ouro. Cacife, o norte-americano tinha: no Mundial de Barcelona, um ano antes, havia vencido quatro provas e ficado com a prata em outras duas (e tinha apenas 18 anos de idade). A missão, no entanto, era dificílima, pois as provas de velocidade no nado livre em Sydney/2000 haviam sido dominadas pelo holandês Pieter van der Hoogenband. Em Atenas, ele tentaria defender seus dois títulos olímpicos. Só que, para tanto, teria de bater o impetuoso Phelps e o rival de quatro anos antes, Ian Thorpe, que emergira da água em Sydney com três títulos. A prova dos 200m livre pôs os três titans na mesma piscina.

No primeiro dia da natação, Phelps saudou o público e a crítica, vencendo a prova dos 400m medley. Ocorre que, no dia seguinte, uma inesperada vitória do revezamento sul-africano no 4x100 livre lhe tirou a chance de conquistar os oito títulos que prometera. Ainda lhe restava, porém, tentar igualar os sete ouros que seu compatriota, Mark Spitz, conquistara em Munique/1972. Para isso, era preciso vencer os 200m livre. A prova que Hoogenband roubara de Thorpe em 2000.

Em Sydney/2000, a torcida australiana esperava que Thorpe vencesse as duas provas individuais de que participaria - os 200 e 400m livre - e conduzisse o revezamento da Austrália nos 4x100 e 4x200m livre e 4x100m medley. Com ele, a Austrália venceu os revezamentos de nado livre e ficou com a prata no dos quatro estilos. E ele até que conquistou a prova dos 400m livre, mas foi superado por Hoogenband nos 200m. Em Atenas, tinha a oportunidade de conquistar o título que o holandês lhe impedira.

Os 200m livre masculino em Atenas/2004, como se podia esperar, foi muito disputada. Hoogenband, na raia 4, liderou a competição por 150m, mas era sempre escoltado de perto por Thorpe, na 5. Na última virada, o holandês, que nadava bem abaixo do recorde mundial (que era de Thorpe desde 2001), ficou sem fôlego, sem pernas. Phelps, em prova quase discreta, talvez tivesse tirado a prata de Hoogenband, se ainda houvesse mais uns metros de piscina pela frente. A vitória, porém, e finalmente, dos 200m livre, era de Ian Thorpe, que estabelecia ali um novo recorde olímpico

Depois daquela derrota, Phelps jamais foi derrotado novamente numa prova olímpica. Em Atenas, depois daquele dia, conquistou cinco ouros e terminou a campanha com seis títulos e dois bronzes na Grécia - façanha hoje quase esquecida, em vista das oito vitórias em Pequim/2008.

Hoogenband, dois dias depois, teve sua revanche contra Thorpe, nos 100m livre, e não falhou: tornou-se bicampeão da distância, deixando o rival na terceira posição. Sua trajetória olímpica, que começou em Atlanta/1996 e terminou em Pequim/2008, teve três ouros, duas pratas e dois bronzes, medalhas que conquistou em Sydney e Atenas.

Já Ian Thorpe, com a vitória nos 200m, conquistava seu segundo ouro naqueles Jogos. O primeiro veio nos 400m livre, quando se tornou o segundo bicampeão olímpico da história da prova (o primeiro foi seu compatriota Murray Rose, em Roma/1960 e Tóquio/1964). Em duas participações, visitou o pódio olímpico nove vezes, sendo cinco no topo, três vezes como o segundo e uma em terceiro.

A prova que pôs ombro a ombro três dos maiores nomes da natação do século XXI esta neste vídeo.

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