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sexta-feira, 30 de março de 2012

Saudade do vôlei

Se a Superliga de vôlei masculino deste ano tem toda a emoção que tem faltado à feminina, a partida que decidiu a série semifinal esta noite, entre Minas e Osasco, em BH, me trouxe uma recordação. Uma das melhores recordações que eu tenho do vôlei.

Comecei, como o pessoal de minha idade, a me interessar pelo vôlei entre o final dos anos 80 e início dos anos 90, quando o time masculino do Brasil brigava com Itália, URSS/CEI/Rússia, Cuba e EUA pelas primeiras posições nos campeonatos mundo afora, e quando o feminino começava a transição que o levou, em meados da década retrasada, ao nivel dos melhores do mundo. A rivalidade com Cuba, naqueles idos, fez nosso vôlei crescer um bocado.

Naquele tempo, posso dizer isso aos mais novos, quem gostasse de vôlei se ligava na Bandeirantes e acompanhava as recém-criadas Liga Mundial e Grand Prix, e aprendia, com o Prof. Paulo Russo, o que era uma China, uma bola de primeiro tempo, um levantamento na entrada ou na saída. Sem querer ser saudosista, mas sendo saudosista, pois sou saudosista, mesmo, não há, hoje, ninguém na TV aberta ou fechada que comente o jogo como o Professor comentava, com didatismo sem repetição, sem adjetivos excessivos, sem maquiar e sem medo de criticar o ídolo que jogasse mal.

Mas, sobretudo, que começou a acompanhar vôlei vinte anos atrás vai se lembrar de Marco Antônio. Ele morreu em 2004, num acidente de carro, mas seus bordões são eternos.

"Vai jorrar petróleo" ou "Afunda, afunda, afunda... a-fun-dou!", quando o ataque era potente e direto na quadra adversária. Mas se o levantador era quem atacava (e pontuava), lá vinha ele com um "Segundinha de primeira". É claro que um saque errado perto do set point merecia um "Que hora, hein!", entretanto, o último ponto era um "Maaaatch point". De todos, o melhor era quando, num lance duvidoso, ele e Paulo Russo concordavam que a marcação deveria ser contra a Seleção Brasileira. Sem pestanejar, ele dizia "A gente torce, mas não distorce" - e um monte de gente hoje deveria levar isso à risca, quando narrasse jogos da seleção brasileira seja lá de que esporte for.

Mas isso tudo foi porque, hoje, o Osasco bateu o Minas. Três sets a zero. Quase posso ouvir Marco Antônio, com sua voz grave, precisa, dizendo que o jogo, 25/18, 25/18, 25/18, "virou receita médica".

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