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domingo, 10 de julho de 2011

A lição deca vez


(foto: FIVB.com)

Quando se perde, alguém chega e diz que “ficaram lições”. Ficaram mesmo. Pra mim, a perda da chance do decacampeonato pro Brasil, na Liga Mundial, serviu para:

1) Mostrar que a Seleção Brasileira não é imbatível. Embora seja o melhor time do mundo (não é porque perdeu uma Liga Mundial que deixou de ser), não é sempre que vai se superar no final, depois de um campeonato mediano. Afinal de contas, a primeira fase, com duas derrotas pros EUA, e a quase derrota pra Cuba, na segunda fase, mostraram que já houve campanha melhor do nosso sexteto.

2) Confirmar minha impressão de que a seleção brasileira masculina não tem renovação. A título de comparação, a média de idade da Argentina é de 23 anos; no Brasil, os jogadores mais jovens da fase final, Bruno e Lucão, têm 25. Também se diga que Cuba tem vários jogadores mais novos do que qualquer um da delegação brasileira, como Leon, Cepeda, Hernandez, Mesa.

E se alguém disser, “mas é tarde pra encontrar jogador novo, o time que vai a Londres tem que esse mesmo”, digo que, na Rússia, campeã hoje à tarde, Mikhaylov e Grankin chegaram à seleção principal em 2008. No mesmo ano, foram efetivados como titulares do time olímpico, botando dois medalhões, Poltavski e Khamuttskikh, no banco. Resultado? O time só parou na semifinal, contra os EUA, num jogo dramático, decidido no tie-break. Onde estão nossos campeões júnior de 2007 e 2009?

Mauricio foi o maior pontuador da final de 2009, contra Cuba, e ano passado, a chance dele foi ser líbero reserva de Mário Jr. na fase final da Liga, e Wallace, do Sada/Cruzeiro, campeão em 2007, também nunca teve uma chance de verdade, só pra citar alguns exemplos. Nossos ponteiros de confiança, Giba, Dante e Murilo, são os mesmos desde 2005. Giba só fica até ano que vem. Sobram Dante, 31 anos, e Murilo, 30. É pouco provável que essa dupla esteja em quadra, digamos, em 2016. E continua faltando outro ponteiro pra, ao menos, compor o time.

Será que vamos continuar estreando jogadores com mais de 30 anos, como Marlon, ano passado, e João Paulo Bravo, esse ano?

3) O time tem alguns problemas no que se refere, em especial, a duas posições. Temos dois bons levantadores. Bruno e Marlon não deixam a desejar. Mas também não são do primeiríssimo time, como Mauricio e Ricardinho nos acostumaram. Ter Bruno e Marlon no time é quase certeza de que o titular, em algum momento do jogo, terá de ser socorrido pelo reserva – e eu não falo, apenas, em inversão de 5-1. Na Liga passada, Marlon entrou no lugar de Bruno e deu conta do recado. No Mundial da Itália, Bruno substituiu Marlon, doente, e não decepcionou. Nessa Liga Mundial, contudo, os dois não foram suficientes, oscilaram demais e não está claro, hoje, quem deva começar jogando.

A outra posição é a de oposto. Leandro Vissoto é a maior aposta de Bernardinho, mas sofre de um problema crônico de sonolência em quadra. Theo, o reserva, até entra bem no time, como nessa fase final da Liga, embora, às vezes, pareça não contar com a confiança do levantador. E me parece, ainda, estranho que Wallace tenha sido “aprovado” por Bernardinho, na fase inicial, e tenha sido deixado de lado. Nessa posição, realmente, me parece a briga mais indefinida por vaga no plantel.

O resumo dessa Liga Mundial 2011 do Brasil é que: o time não é invencível, está ficando velho e não tem um levantador ou um oposto 100% confiável. Em Londres vai ser dureza. Mas uma coisa que dá pra saber dessa seleção é que, de dificuldade, ela gosta.

1 comentários:

Luiz Heitor disse...

João, penso que o elenco é esse mesmo. Temos bons nomes para a renovação, mas esse time tem que ser mantido. Nossos centrais (Sidão, Lucão, Rodrigão e Gustavo são tops) Eder Carbonera é bom jogador, mas não tem vaga. Vai tirar quem pra colocar ele? Nas pontas, não tem o que mudar. Giba, mesmo com 34 anos tá na plenitude física (se continuar nesse ritmo, joga até os 40). Murilo é o melhor do mundo. Dante é completo, e a última vaga fica pra JP Bravo, que é um grande jogador. Thiago Alves acaba rodando. Na posição de oposto, Leandro Vissoto, é titular. Você alegou ai no texto, que ele sofre com "sonolência", mas não podemos descartar tão facilmente um jogador que decidiu uma semi-final e uma final de mundial. Théo é um ótimo jogador. Serginho é disparado o melhor líbero do mundo. Mesmo com 36 anos é craque de bola e também acho que ele joga até os 40. Seu reserva, Mário Jr. é bom jogador. Os levantadores, eu prefiro Marlon. Eu daria uma chance a Sandro, do Sesi. Bruno é jovem, e tem muito a evoluir.

Acho que a seleção não tem a necessidade de renovar só por renovar. Pra que tirar Dante, Vissotto, Marlon pra colocar Wallaces (Sesi e Cruzeiro), Rafha (Trentino)... Deixa do jeito que está.

Quanto a sitação de Grankin e Mikhaylov - Grankin assumiu o posto de titular após a final da liga mundial de 2007. Khammustkikh já tava com 38 anos na época. Foi a transição natural. Já Mikhaylov era um moleque, quando teve aquele jogo contra o Brasil na disputa do 3º lugar da liga mundial em 2008. Poltavisky era titular absoluto e principal jogador. Por causa de uma atuação, acabou roubando a vaga, e se mostrou ao longo do tempo, mais jogador.

No mais é isso. Renovação é importante sim, mas nesse caso, seria feita "só" por fazer. Deixa esse time do jeito que tá, pois essa base ainda vai jogar junta no mínimo até o mundial de 2014.