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domingo, 14 de novembro de 2010

A prata e a bruxa

Nem o choro do inconformismo, nem a ira dos maus perdedores. A caça às bruxas não combina com este século, nem com a final do Mundial feminino de Vôlei.

É possível lamentar a ausência de Mari e Paula e dizer que as duas poderiam ter feito a diferença nessa final, mas não vou dizer isso: seria desmerecer as meninas que, sem elas, chegaram à final do campeonato.

Também é possível apontar a inépcia das atacantes, o passe ruim e o bloqueio que quase não achou as russas, mas também não vou fazer isso: a Rússia também teve os mesmos problemas, mas tinha uma jogadora que os resolvia.

Prefiro dizer que, com dois desfalques de muito peso – a dupla titular de ponteiras do título olímpico –, a Seleção Brasileira superou uma chave difícil nas duas primeiras fases e uma semifinal épica. Não há qualquer demérito na medalha de prata.

Prefiro dizer que, numa partida fraca de vôlei (as parciais dos cinco sets mostram que não houve equilíbrio), Gamova foi maior do que seus dois metros e dois, e ganhou o ouro quase sozinha. Com 30 anos de idade, ela ataca de qualquer ponto da quadra e do globo terrestre e pontua como se não houvesse outro motivo para ser tão grande.

Eu cheguei a pensar que ela não fosse mais a melhor jogadora do mundo. Mas, agora, eu prefiro dizer que Gamova está acima das outras e, hoje, para nosso azar, foi bruxa.

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